Soft skills, ética e trabalho em equipa são as competências mais valorizadas pelas empresas
O mercado laboral está a mudar e os empregadores e profissionais têm de se adaptar. Estudo refere características mais valorizadas e... as mais procuradas, tanto por empresas como pelos trabalhadores.
O mercado de trabalho está a passar por uma transformação. As soft skills, a ética e a capacidade para trabalhar em equipa são as competências mais valorizadas por parte dos empregadores. Por outro lado, as principais dificuldades para as empresas prendem-se essencialmente com a falta de profissionais qualificados, dificuldade em atrair e reter talento e desequilíbrio entre a oferta e a procura.
“Hoje os profissionais estão muito mais focados naquilo que é o projeto a médio e longo prazo, o que vão fazer e que impacto vai ter. Preocupam-se muito, não só com a natureza do trabalho que vão desenvolver mas com a da organização, até num contexto social”, explica ao ECO Carlos Maia, diretor regional da Hays, à margem da segunda edição do Career Summit no Porto.
Carlos Maia foi um dos oradores convidados onde apresentou as recentes conclusões do “guia do mercado laboral 2019″, um estudo que analisa as tendências do mercado laboral.
Quais as competências mais valorizadas pelos empregadores?
Segundo o estudo da consultora, a produtividade (57%), ética/valores (57%) e aptidão para trabalhar em equipa (57%) são as competências mais valorizadas pelos empregadores, seguidas das competências técnicas (54%), capacidade de trabalho (49%), orientação para o cliente (44%), orientação para os objetivos (42%) e, por fim, a experiência (38%).
A nível nacional, os perfis mais difíceis de recrutar são comerciais (37%), tecnologia de informação (27%) e engenheiros (21%). O estudo não está muito longe da realidade e, este ano, os perfis de trabalho mais procurados foram comerciais (31%) tecnologia de informação (30%), engenheiros (26%), administrativos (16%) e marketing e comunicação (15%).
O conhecimento técnico é essencial para recrutar um colaborador, mas as soft skills estão a ganhar cada vez mais terreno e são essenciais na hora de contratar.
“Estão a ganhar finalmente a relevância que merecem. Estiveram durante muito tempo secundarizadas, mas hoje em dia a velocidade de inovação, mudança e automação é tão grande que as pessoas têm de aprender a trabalhar em ambientes mais dinâmicos, multiculturais e multinacionais. As soft skills são, de certa forma, aquilo que permite fazer uma mudança mais rápida e mais operante“, refere Carlos Maia.
O domínio de várias línguas é outra característica valorizada pelos empregadores. Português (96%), inglês (93%), castelhano (51%), francês (33%), alemão (15%) e italiano (8%) são os idiomas mais valorizados no mercado de trabalho atual.
Contratar nunca foi tão desafiante
As principais dificuldades que as empresas sentem em contratar no mercado de trabalho atual prendem-se com a falta de profissionais qualificados (53%), desequilíbrio entre a oferta e a procura de profissionais (49%), pouca articulação entre o sistema de ensino e as necessidades das empresas (37%), legislação laboral demasiado rígida (36%), taxa social excessiva que as empresas têm de pagar (25%) e a fuga dos profissionais para o estrangeiro (15%).
Para as empresas, estas dificuldades resumem-se na dificuldade em atrair (48%) e reter talento (45%). Para Carlos Maia “a atração e a retenção passa muito por uma consciência autocrítica daquilo que a empresa tem para oferecer aos colaboradores. Vai muito para além do salário, dos meios e das condições. Vai muito pelo tipo de projeto de carreira que as pessoas terão”.
As soft skills estão a ganhar finalmente a relevância que merecem.
Quais os fatores que os profissionais valorizam?
O pacote salarial e as perspetivas de progressão de carreira foram as principais motivações para os colaboradores no período entre 2011 e 2019, segundo dados do estudo “Guia do mercado laboral 2019”. O pacote salarial (85%), bom ambiente de trabalho (77%), plano de carreira (66%), cultura empresarial (59%), qualidade dos projetos (49%) e a localização geográfica da empresa são os fatores que os profissionais mais valorizam.
Em relação aos benefícios mais valorizados pelos profissionais, em primeiro lugar surge o seguro de saúde (78%), seguido de formações e certificações (68%), flexibilidade de horários (62%) e automóvel para o uso pessoal (48%).
Segundo o estudo, 68% dos inquiridos não está satisfeito com as perspetivas de progressão que tem na empresa onde trabalha, 65% não está satisfeito com a tipologia e a forma como os prémios de desempenho estão constituídos e atribuídos, 59% refere a comunicação interna como insatisfatória, 58% não está contente com o pacote salarial e 57% com o tipo de formação que a empresa oferece.
O diretor regional da Hays refere que, “no ano passado, mais de metade dos profissionais recusou as propostas de trabalho que recebeu devido essencialmente ao salário, condições contratuais e o facto de o projeto não ser interessante”.
Já sobre o futuro, e considerando que digitalização, automação, inteligência artificial, robotização são as grandes tendências em cima da mesa, o diretor regional da Hays considera que também podem ser uma oportunidade. Em relação aos setores mais tradicionais da indústria destaca que “têm de adaptar-se e reinventar-se”. “Nãopodemos parar aquilo que é a tendência geral de inovação, de automatização e da robotização”, assegura.
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