Polémica obriga Vila Galé a abandonar projeto para hotel de luxo na Bahia
O grupo hoteleiro nacional diz ter sido "forçado" a abandonar o projeto para a construção de um hotel de luxo no Brasil, depois de ter sido acusado de querer invadir uma reserva indígena.
Depois de uma polémica levantada em torno de um hotel de luxo que o Vila Galé ia construir no sul da Bahia, no Brasil, o grupo português anunciou esta segunda-feira que foi “forçado a abandonar o projeto”. Dizendo-se “alvo de ataques” e vítima de “falsidades inconsistentes e graves”, o Vila Galé afirma, contudo, que continua com intenções de investir naquele município “no mais curto prazo”.
No final de outubro, o portal de jornalismo de investigação The Intercept acusou o Grupo Vila Galé de ter em mãos um projeto para construir um hotel de luxo numa reserva indígena no sul do estado brasileiro da Bahia, com o apoio do Governo do Brasil. De acordo com o mesmo site, a área em causa, de 470 quilómetros quadrados, pertence ao povo Tupinambá de Olivença, que luta pela demarcação daquelas terras há pelo menos 15 anos.
Tendo em vista o empreendimento turístico em questão, o Governo do Estado da Bahia e a Prefeitura Municipal de Una firmaram com o Grupo Vila Galé um protocolo de intenções com um investimento superior a 200 milhões de reais (cerca de 45 milhões de euros), gerando mais de 500 empregos diretos e 1.500 indiretos, detalhou a Embratur.
Nessa altura, o Grupo Vila Galé defendeu-se, afirmando que “os estudos e projetos foram (…) aprovados pelas entidades competentes”, comprometendo-se a preservar “rigorosamente todos os valores ambientais e a vegetação relevante existente”.
“Não existe qualquer reserva indígena”, diz Vila Galé
Contudo, esta segunda-feira, a cadeia hoteleira portuguesa anunciou o abandono deste projeto. “Vamos ser forçados a abandonar este projeto”, lê-se no comunicado enviado às redações. No mesmo documento, o Vila Galé refere que “no local e num raio de muitos quilómetros, não havia nem há qualquer tipo de ocupação/utilização, nem sinais de qualquer atividade extrativista por parte de quem quer que seja” e, por isso, “não existe qualquer reserva indígena decretada para esta área, nem previsão de vir a ser”.
O grupo diz que elaborou “todos os estudos e projetos” necessários e que “passaram três três mandatos governamentais, com vários ministros da Justiça, e nenhum deles aprovou a demarcação das terras indígenas. Certamente porque não encontraram fundamento legal para o efeito de decretar uma gigantesca área de reserva de 47.000 hectares“.
O Vila Galé tem sido “alvo de “ataques” por alguns que abraçam causas mediáticas, só aparentemente justas, e usam de falsidades, sem sequer procurarem minimamente obter a verdade dos factos”, refere o documento.
Assim, o grupo liderado por Jorge Rebelo de Almeida diz não ter interesse que um resort Vila Galé “nasça com a iminência de um clima de “guerra”, ainda que injusta e sem fundamento, como são exemplo as ameaças proferidas na Embaixada de Portugal em Brasília e algumas declarações falsas, dramáticas e catastróficas que deveriam envergonhar quem as profere”.
O documento termina com um “profundo reconhecimento” à Embaixada de Portugal em Brasília e a todas as entidades oficiais brasileiras que apoiaram este projeto e com a garantia de que se mantém a “intenção de investimento em UNA e na Bahia, no mais curto prazo”.
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