Angola: setor de seguros apura prejuízo de 30,6 milhões de euros em 2018
As perdas superam em dobro o montante de ganhos alcançado um ano antes e refletem o impacto negativo de reestruturações internas, reforço de provisões técnicas e variações cambiais.
As perdas na indústria seguradora angolana em 2018 superaram em dobro o montante de ganhos alcançado um ano antes e refletem o impacto negativo de reestruturações internas e o peso da rubrica ‘Outros resultados’, em particular o reforço das provisões técnicas e as variações cambiais.
De acordo com o relatório «O Sector Segurador e dos Fundos de Pensões em Angola (2014-2018)», da Agência de Regulação e Supervisão de Seguros (ARSEG), as 27 seguradoras em atividade passaram de um resultado líquido positivo de 8,7 mil milhões de kwanzas em 2017 para um prejuízo de 17 mil milhões de kwanzas (30,6 milhões de euros) no ano seguinte. Estes números traduzem uma queda em torno dos 300% entre 2017 e 2018.
O mercado angolano é caracterizado por ter uma das taxas de penetração de seguros (relação entre valor de prémios e o valor do PIB) mais baixas do continente africano.
Em junho do ano passado, o então presidente da ARSEG, Aguinaldo Jaime (na imagem), falando num fórum de banca em Luanda, afirmou que Angola tem larga margem de crescimento nos seguros, continuando com uma taxa de penetração “muito baixa, cerca de 1%”, um valor que, em 2017, comparava com um rácio em torno de 3,5% no Brasil e de 6% em Portugal.
O exercício de 2017 foi o que apresentou o melhor resultado líquido global do setor nos anos analisados. A análise aos exercícios de 2014 a 2018 compila a informação disponibilizada pelos diversos agentes que operam no setor segurador e dos fundos de pensões em Angola.
“Se considerarmos somente os resultados técnicos, resseguros e financeiros, todos os anos são alcançados resultados positivos, contudo o impacto da rubrica, ‘Outros resultados’ (a qual inclui o efeito do reforço de provisões não técnicas, bem como os efeitos cambiais), combinado com os gastos associados aos impostos, acabam por consumir os resultados positivos que existiam. 2018 foi um ano atípico, impactado por algumas restruturações que influenciaram o resultado global”, refere o documento.
Citado no jornal Mercado, Jesus Teixeira, assessor do conselho de administração da ARSEG, salientou que as seguradoras são obrigadas a “constituir provisões técnicas, como forma de garantia dos direitos e interesses de todos os intervenientes no mercado segurador. Só assim o seguro poderá cumprir com a sua função económico-social”.
Desde 2014, o país enfrenta uma profunda crise económica, financeira e cambial fruto da queda do preço do petróleo no mercado internacional.
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