Nove em cada dez pessoas têm uma visão preconceituosa sobre as mulheres
O Índice de Normas Sociais e de Género, divulgado pela ONU, revela que o preconceito contra as mulheres é transversal. E continua a ser visível, principalmente, nos campos da política e do trabalho.
Nove em cada 10 homens e 86% das mulheres tem algum tipo de preconceito contra mulheres. Esta é uma das conclusões do Índice de Normas Sociais e de Género, divulgado esta semana pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), a propósito do Dia Internacional da Mulher e do 25.º aniversário da Declaração e Plataforma de Ação de Beijing, um programa de empoderamento das mulheres.
A PNUD analisou 75 países e conclui que as normas sociais podem ser um obstáculo real, mas invisível, aos objetivos de igualdade de género nos campos da política, do trabalho e da educação.
Homens considerados mais aptos
Há mais igualdade na educação, na saúde e menos obstáculos legais à participação política e económica das mulheres. Contudo, continua a haver uma grande lacuna de poder, nas empresas, nos sistemas políticos e nas economias, salienta o relatório.
Metade dos homens e das mulheres considera que os homens darão melhores políticos que as mulheres. Mais de 40% acredita que os homens serão melhores em cargos executivos e que têm mais direito a ter emprego. Além disso, 28% das pessoas defende que é normal um homem superar a sua mulher, em termos profissionais.
“O trabalho que tem sido tão eficaz para garantir a eliminação das diferenças em áreas como a saúde e a educação deve evoluir para abordar algo muito mais complexo: o preconceito profundamente enraizado — tanto em homens como em mulheres — contra a verdadeira igualdade. As políticas atuais, apesar das suas boas intenções, têm um alcance limitado“, destaca o diretor da PNUD, Achim Steiner.
No direito de voto, as mulheres e os homens já atingiram igualdade, mas as mulheres ocupam menos de 24% dos lugares parlamentares e em 193 chefes de governo no mundo, apenas dez são mulheres. Para as mulheres, os salários continuam a ser mais baixos e nos cargos superiores das empresas do índice S&P 500, menos de 6% são mulheres.
“Nas últimas décadas, temos dado passos importantes para garantir que as mulheres têm o mesmo acesso que os homens aos serviços básicos. Alcançámos a paridade na escola primária e reduzimos a mortalidade materna em 45% desde 1990. Contudo, as diferenças de género continuam a estar patentes noutros domínios, especialmente naqueles que questionam as elações de poder e que exercem maior influência para a obtenção de uma igualdade real. Nestes momentos, a luta pela igualdade de género é um relato de injustiças e preconceitos”, alerta Pedro Conceição, diretor do escritório do relatório de desenvolvimento humano da PNUD.
ONU faz apelo aos governos
A ONU apela aos governos e instituições para que ponham em prática novas políticas que consigam alterar as normas sociais e de práticas discriminatórias, tendo por base a aposta na educação e o aumento da sensibilização social e incentivos fiscais. Estes mecanismos fiscais, defende a PNUD, podem permitir uma distribuição mais justa das tarefas domésticas e de cuidado dos filhos e da integração de mulheres e jovens raparigas em setores tradicionalmente dominados pelos homens.
“Devemos atuar imediatamente para superar os obstáculos que representam as injustiças e os preconceitos, se queremos avançar a uma velocidade e escala necessárias para alcançar a igualdade de género e a visão consagrados, há mais de duas décadas, na Declaração de Beijing e nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”, salienta Raquel Lagunas, responsável pela equipa de género da PNUD.
De acordo com o relatório, o preconceito entre os homens contra mulheres, baixou em países como o Chile, a Austrália, os EUA e a Holanda. Por outro lado, tem aumentado em países como a Suécia, Alemanha, Índia e México.
“O trabalho que tem sido tão eficaz para garantir a eliminação das diferenças em áreas como a saúde e a educação deve evoluir para abordar algo muito mais complexo: o preconceito profundamente enraizado – tanto em homens como em mulheres – contra a verdadeira igualdade. As políticas atuais, apesar das suas boas intenções, têm um alcance limitado“, destaca o diretor da PNUD, Achim Steiner.
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