Primeiro dia de greve total dos estivadores de Lisboa teve adesão de 100%
O primeiro dia de greve total dos estivadores de Lisboa teve uma adesão de 100%, anunciou o sindicato. A paralisação deverá prolongar-se até ao final do mês.
Os estivadores de Lisboa iniciaram esta segunda-feira uma greve total que deverá prolongar-se até 30 de março face ao pedido de insolvência da empresa de cedência de mão-de-obra, Associação – Empresa de Trabalho Portuário de Lisboa (A-ETPL), revelou fonte sindical.
A greve que se iniciou, e que se segue a um período de greves parciais que começou em 19 de fevereiro, surge na sequência do impasse nas negociações com a A-ETPL e da decisão da direção daquela empresa de pedir a insolvência, deixando sob ameaça de desemprego cerca de 140 estivadores.
Fonte do Sindicato dos Estivadores e Atividade Logística (SEAL), que convocou a greve, adiantou à Lusa que os trabalhadores da Porlis, outra empresa de cedência de mão-de-obra para o trabalho portuário, ligada ao Grupo Yilport, também aderiram à paralisação, pelo que o Porto de Lisboa está completamente parado.
De acordo com o SEAL, a adesão à greve “é de 100%” e os estivadores estão apenas a cumprir os serviços mínimos decretados pelo Governo, que incluem a movimentação de todas as cargas para os arquipélagos da Madeira e dos Açores, que o próprio sindicato também sugeriu, apesar de não ter havido acordo com os empregadores sobre esta matéria.
A nível internacional, os estivadores contam com a solidariedade da organização mundial de estivadores, International Dockworkers Council (IDC), que representa cerca de 140 mil estivadores em todo o mundo e que já apelou à solidariedade para com os estivadores de Lisboa.
A Coordinadora Estatal de Trabajadores del Mar (Espanha) foi a primeira organização de estivadores a responder ao apelo, ao declarar, na semana passada, que não vai operar navios desviados para portos espanhóis devido à greve dos estivadores de Lisboa. De acordo com o SEAL, a posição da Coordinadora já obrigou à alteração de rota do navio português Raquel S, que deveria ter sido desviado de Lisboa para o porto espanhol de Las Palmas, mas teve de seguir diretamente para o norte de África. O SEAL refere ainda que, no regresso, o navio Raquel S também não poderá fazer movimentação de cargas no porto espanhol de Algeciras.
Para o SIAL, a solução do conflito no Porto de Lisboa passa, necessariamente, por uma intervenção do Governo, que, até agora, ainda não aconteceu, apesar de o porto estar praticamente parado há cerca de três semanas. Certo é que, entretanto, o Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa Juízo de Comércio de Lisboa – Juiz 7 já proferiu a sentença de declaração de insolvência da A-ETPL e também já nomeou o Administrador de Insolvência, tendo fixado um prazo de 30 dias para reclamação de créditos.
Os estivadores da A-ETPL só receberam 390 euros dos vencimentos relativos a 2020. Dirigentes do SEAL e estivadores da A-ETPL participam na terça-feira, entre as 08h00 e as 10h00, num piquete de greve no terminal da Liscont, em Alcântara, para dar conta à comunicação social dos últimos desenvolvimentos do conflito laboral no Porto de Lisboa.
A Lusa contactou a direção da A-ETPL, que se escusou a prestar declarações, remetendo qualquer esclarecimento para o administrador de insolvência.
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