Paragem do comércio internacional pode custar 700 mil milhões por trimestre
A Europa tem 13 mil empresas em risco de insolvência e estima-se uma perda de 1,5 milhões de postos de trabalho nos próximos 12 meses, prevê a seguradora Euler Hermes.
O combate à pandemia do Covid-19 colocou a economia internacional em turbulência. As medidas de contenção do novo coronavírus, como a obrigação de isolamento social e as restrições fronteiriças, implementadas pela União Europeia e pelos Estados Unidos da América, “podem custar cerca de 700 mil milhões ao comércio mundial durante o primeiro trimestre de 2020”, estima a Euler Hermes.
Na Europa, o cenário é de forte recessão tendo em conta que já morreram mais de 30 mil pessoas vítimas do Covid-19. O PIB da Zona Euro, tal como o da Alemanha, a maior economia europeia, deverá registar uma contração de -1,8%. O crescimento da Itália ficará nos -3,5%, tendo em conta que é o país mais afetado pela pandemia. Já o PIB dos Estados Unidos deverá contrair cerca de 0,5%.
Estas previsões têm por base a implementação de fortes medidas durante este mês de forma a conter da propagação do vírus. Se as medidas se prolongarem por mais um mês, a fatura sobe. Na Europa, por exemplo, o impacto no PIB será de -4,4%. A seguradora estima que cada mês de medidas de contenção impacte entre 20 e 30% o crescimento das economias.
13 mil empresas em risco na Europa
Muito antes de surgir esta pandemia mundial, a economia já estava a sofrer um abrandamento global. Segundo a Euler Hermes, acionista da seguradora de créditos COSEC, o atual surto “reforçou largamente esta tendência, uma vez que está a colocar as economias e as empresas sob uma pressão intensa”.
Face ao cenário, a análise da Euler Hermes aponta para um aumento de 14% das insolvências em todo o mundo durante o ano de 2020 (16% na Europa Ocidental). A seguradora estima que o volume de negócios das empresas da Zona do Euro tenha uma quebra de entre -15% e -25% até ao pico da crise, no final de março.
O atual contexto de bloqueio da economia poderá levar à falência de cerca de 7% das PME e mid-caps da Zona Euro, o que corresponde a cerca de 13 mil negócios. É em França que se encontra 10% do total de empresas em risco, cerca de 9% na Alemanha, 8% na Bélgica, 6% em Espanha e 5% em Itália.
As insolvências vão aumentar principalmente em Itália (+18%), Espanha (+17%) e Holanda (+21%). A Alemanha (+7%), França (+8%) e Bélgica (+8%) também deverão registar um aumento das insolvências maior do que o previsto antes da pandemia.
Os setores que correm maior risco são a construção, o setor agroalimentar e o dos serviços.
Mais de um milhão de empregos perdidos
Com esta pausa abrupta na economia cerca de 65 milhões de empregos estão em risco ou a precisarem de apoio dos respetivos governos. Contudo, embora seja acentuada, esta crise económica é de natureza temporária e os economistas apontam para que a taxa de desemprego na Zona Euro aumente apenas um ponto percentual, para pouco mais de 8%.
Isto significa que poderá haver uma perda de até 1,5 milhões de postos de trabalho nos próximos 12 meses, particularmente os trabalhadores independentes ou com contratos temporários.
É esperada uma recuperação no segundo semestre de 2020. Contudo, a recuperação “rápida” não se aplicará a todos os setores. Espera-se que o retalho e turismo venham a ter uma evolução mais lenta.
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