M&A estagnou. Depois do Covid-19 haverá oportunidades de negócio
Negócios suspensos deverão gerar uma queda nas fusões e aquisições nos próximos dois anos. No entanto, é esperado um aumento percentual do número de transações motivadas por dificuldades financeiras.
O surto de Covid-19 fez estagnar praticamente todas as operações de fusões e aquisições (M&A na sigla em inglês) em Portugal. Já foram cancelados alguns negócios e, nos que estão em aberto, a estratégia deverá ser de esperar para ver. No entanto, após a paralisação, poderá haver oportunidades de negócio.
“Existirão muitas empresas à venda em toda Europa a preços muito baixos“, diz Jorge Bleck, partner e head of M&A da Vieira de Almeida (VdA), num relatório da TTR – Transactional Track Record sobre impacto e perspetivas de fusões e aquisições para 2020.
Os dados recolhidos pela TTR indicam que, a curto prazo, quase todos os negócios foram suspensos, o que deverá gerar uma queda no total de fusões e aquisições, devido à incerteza, mas também redução de na concessão de empréstimos. Por outro lado, poderá registar-se um aumento percentual do número de transações motivadas por dificuldades financeiras.
“Apesar da iminente crise, ainda há muita liquidez no mundo. Os fundos de pensões ainda têm muito dinheiro e estão sob pressão para investir. As taxas de juros negativas serão perpetuadas por um longo período de tempo. Onde vão investir o dinheiro? Onde os retornos são maiores, obviamente, e há grandes retornos quando se compra ativos valiosos a preços baratos“, sublinhou Bleck.
No ano passado, foram fechados 427 negócios em Portugal, representativos de 13,4 mil milhões de euros. Os maiores negócios foram a venda de 49,9% da fibra ótica da Altice à Morgan Stanley, as barragens da EDP e a NovEnergia à Total Eren.
"Já estamos a assistir ao cancelamento de um dois negócios. Os maiores ficarão suspensos e irão entrar em modo «esperar para ver» por alguns meses.”
Para 2020, havia uma série de negócios alinhados, mas alguns já caíram. É o caso da Oferta Pública de Aquisição (OPA) da Media Capital pela Cofina, da OPA do Benfica ao capital da própria SAD, bem como as vendas dos bancos BNI Europa e Banco Primus.
Em aberto ficam várias outras operações no setor da banca É o caso a venda do EuroBic — sendo que o comprador Abanca já disse estar comprometido com o negócio –, da operação da Caixa Geral de Depósitos no Brasil e em Cabo Verde ou dos bancos Efisa e BPG. Na indústria, há ainda no mercado participações na Brisa e na Prio, cujos negócios estavam encaminhados para serem fechados este ano.
“Já estamos a assistir ao cancelamento de um ou dois negócios. Os maiores ficarão suspensos e irão entrar em modo ‘esperar para ver’ por alguns meses“, afirma Beck. O partner da VdA refere que o impacto do surto irá depender de quanto tempo durar a paralisação.
João Rodrigo Santos, presidente da Atena Equity Partners, antecipa que a recuperação não seja rápida e sublinha que o impacto da Covid-19 será diferente para as várias empresas. Explica que o segmento de consumo discricionário sofrerá mais nos próximos anos, tanto no que diz respeito a serviços como indústria.
Apesar disso, concorda que haverá oportunidades nos próximos anos e como em todas as crises, diz que os investidores em valor estão mais bem posicionados do que investidores em crescimento. “Acredito que haverá boas oportunidades de investimento nos próximos dois anos“, diz Santos.
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