Banca antecipa forte redução no crédito à habitação. Mas crédito às empresas vai disparar
Resultado do inquérito do Banco de Portugal à banca antecipa forte aumento da procura de crédito pelas empresas e forte redução nos particulares, em particular no segmento habitação, neste trimestre.
Os efeitos da pandemia vão ditar um rumo diferenciado no que respeita à procura de crédito neste trimestre. A banca nacional antecipa um forte aumento da procura de crédito por parte das empresas. Mas, pelo contrário, do lado das famílias apontam para uma forte redução, em particular no que respeita à procura de crédito à habitação. Os dados constam do último inquérito do Banco de Portugal (BdP) aos bancos sobre o mercado de crédito, onde a banca também prevê critérios mais restritivos na concessão, neste trimestre.
Este último inquérito trimestral, em que habitualmente a entidade liderada por Carlos Costa mede o “pulso” ao sentimento dos bancos relativamente ao mercado de crédito, foi realizado em plena crise pandémica. As perguntas foram enviadas aos bancos a 19 de março e as respostas acolhidas até ao dia 3 de abril. Desde modo, já refletem os efeitos que o setor financeiro antecipam venham a afetar o mercado de crédito em resultado da pandemia.
Neste sentido, e após um primeiro trimestre do ano em que não sentiram grandes modificações no mercado de crédito tanto do lado das empresas como no lado das famílias, o quadro que a banca prevê para este trimestre muda drasticamente.
Por um lado, a procura de crédito deverá aumentar do lado das empresas e reduzir-se entre os particulares. “Para a procura de crédito, anteveem um forte aumento da procura por parte das empresas e uma forte redução por parte dos particulares, em particular no segmento da habitação“, diz o BdP relativamente à perspetiva dos bancos para este trimestre.
O aumento da procura de crédito perspetivada do lado das empresas enquadra-se num contexto em que têm sido disponibilizadas linhas de financiamento que podem ser utilizadas pelas empresas para mitigar os efeitos da pandemia na sua atividade.
"Para a procura de crédito, anteveem um forte aumento da procura por parte das empresas e uma forte redução por parte dos particulares, em particular no segmento da habitação.”
Do lado das famílias, pelo contrário, é de perspetivar um “aperto de cinto” devido à difícil situação económica ditada pela pandemia, com despedimentos e perdas de rendimento, que desaconselham o recurso ao crédito.
No que respeita aos critérios a aplicar na concessão, a banca nacional antecipa assim mais restrições, que deverão precisamente afetar mais as famílias. “Os bancos antecipam critérios ligeiramente mais restritivos no crédito a empresas, em particular nos empréstimos a grandes empresas e de longo prazo. Relativamente a particulares, os critérios deverão tornar-se mais restritivos em ambos os tipos de crédito”, diz o BdP a este propósito.
Bancos da Zona Euro restringiram condições de crédito
O resultado do inquérito aos bancos realizado pelo Banco de Portugal apresenta conclusões semelhantes ao do realizado pelos bancos centrais na generalidade dos países do euro, respostas essas agregadas pelo Banco Central Europeu (BCE).
O BCE destaca, dos inquéritos, “a dispersão nas respostas destaca a alta incerteza que existe devido à pandemia de Covid-19 e às diferentes opiniões dos bancos sobre o impacto das condições de empréstimos bancários”.
Contudo, no global, os bancos preveem que a procura de empréstimos das empresas aumente no segundo trimestre e que a dos empréstimos hipotecários e de consumo caia, tal como em Portugal.
E revela ainda que os bancos preveem continuar a restringir as condições dos empréstimos às famílias, isto depois de já terem restringido as condições da concessão de crédito às empresas e às famílias no primeiro trimestre.
Os bancos afirmam que como as perspetivas económicas gerais se deterioraram, o risco dos requerentes de empréstimo aumentou. Neste sentido, a tolerância ao risco reduziu-se e que por isso restringiram as condições da concessão de crédito às empresas e às famílias.
Para o segundo trimestre, mas para as empresas, os bancos esperam aliviar consideravelmente as condições da concessão de empréstimos, devido às medidas de apoio que alguns governos aplicaram como resultado da paralisação da atividade económica devido à pandemia de Covid-19.
(Notícia atualizada às 12h57)
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