Huawei classifica sanções norte-americanas como “maléficas” e admite impacto
"Haverá inevitavelmente repercussões nos nossos negócios", apontou o atual presidente da Huawei, Guo Ping. Pequim considera que restrições de Washington são "abuso do poder estatal".
A Huawei classificou esta segunda-feira como “arbitrárias e maléficas” as medidas adotadas pelo Governo dos EUA, que impedem o grupo chinês de telecomunicações de usar tecnologia norte-americana, admitindo que haverá consequências para os seus negócios.
“Haverá inevitavelmente repercussões nos nossos negócios”, apontou o atual presidente da Huawei, Guo Ping, em conferência de imprensa. “Mas estamos confiantes de que, em breve, seremos capazes de encontrar soluções”, afirmou.
A empresa lembrou ainda que a decisão do Casa Branca “afetará muitos setores em todo o mundo”.
As novas regras estipulam que os fabricantes estrangeiros de semicondutores que usem tecnologia norte-americana devem obter licença para vender semicondutores à Huawei.
No ano passado, a Casa Branca pôs o grupo chinês numa espécie de “lista negra” de entidades do Departamento de Comércio, o que implicava já que as empresas norte-americanas tivessem de pedir licença para vender tecnologia à empresa.
O grupo tem poucas alternativas se Washington negar agora aos fornecedores estrangeiros do grupo o uso de tecnologia norte-americana.
A empresa desenvolveu alguns dos seus próprios chips, mas mesmo os maiores fabricantes fora dos EUA, como a TSMC, de Taiwan, precisam de componentes ou equipamento produzido nos EUA.
“Todos os sistemas eletrónicos produzidos pela Huawei podem sofrer um impacto negativo”, apontou Jim Handy, analista de semicondutores da Objective Analysis. “Não foram ainda estabelecidas alternativas domésticas na China”, apontou.
O equipamento de design e fabrico de chips usado nas fábricas de semicondutores do mundo é fabricado sobretudo nos EUA, pelo que a nova regra afeta produtores estrangeiros que vendem para a Huawei e afiliadas, incluindo a HiSilicon, que projeta principalmente chipsets usados em telemóveis e estações base para redes sem fio.
A Huawei Technologies Ltd., a primeira marca global de tecnologia da China e líder no fabrico de equipamentos de rede e dispositivos móveis, está no centro de um conflito entre EUA e China motivado pelas ambições tecnológicas de Pequim.
Os EUA acusam a maior fabricante mundial de equipamentos para firmas de telecomunicações de cooperar com os serviços secretos chineses.
A Huawei nega a acusação e as autoridades chinesas dizem que o Governo de Donald Trump está a usar leis de segurança nacional para restringir um rival que ameaça o domínio exercido pelas empresas de tecnologia dos EUA.
O ministério do Comércio da China disse que vai tomar “todas as medidas necessárias” para retaliar das restrições impostas pelos EUA ao uso de tecnologia norte-americana pelo grupo chinês das telecomunicações Huawei.
Em comunicado, o ministério classificou as restrições adotadas por Washington como “abuso do poder estatal” e “violação dos princípios do mercado” e advertiu que constituem uma ameaça para a segurança da “cadeia industrial e de fornecimento global”.
“Os EUA usam o poder do Estado, recorrendo à desculpa da segurança nacional, e abusam das medidas de controlo sobre as exportações para oprimir continuamente e conter empresas específicas de outros países”, acusou.
Os telemóveis da Huawei podem continuar a usar o sistema operacional Android, da Google, mas enfrentam desafios porque a empresa norte-americana está impedida de fornecer os seus serviços para modelos futuros do grupo chinês.
A Huawei também é, juntamente com a sueca Ericsson e a finlandesa Nokia, líder em redes de quinta geração (5G), destinada a conectar carros autónomos, fábricas automatizadas, equipamento médico e centrais elétricas.
Os Estados Unidos têm pressionado vários países, incluindo Portugal, a excluírem a Huawei da construção de infraestruturas para redes de 5G.
Austrália, Nova Zelândia e Japão aderiram já aos apelos de Washington e restringiram a participação da Huawei. Em contrapartida, a marca, que diz pertencer a 104.572 de um total de 194.000 funcionários, todos cidadãos chineses, nega estar sob controlo do Partido Comunista Chinês, ou cooperar com os serviços de inteligência chineses.
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