Encurtar férias judiciais neste momento não solucionaria problemas, diz Francisca Van Dunem
Ministra da Justiça diz que encurtar as férias judiciais não resolveria os problemas, porque as dificuldades que os tribunais vão enfrentar vão surgirão em outubro.
A ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, clarificou esta terça-feira que encurtar as férias judiciais, neste momento, não resolveria os problemas, porque as dificuldades que os tribunais vão enfrentar não são imediatas e surgirão em outubro.
“A redução de 15 dias em julho não iria ajudar a resolver o problema que se antevê que ajudaria a resolver. Na perspetiva que tenho, as dificuldades que os tribunais vão enfrentar não são imediatas. O que temos estado a constatar é uma redução de entradas de processos e uma redução de pendências. Significa que os tribunais têm capacidade para lidar com aquilo que têm”, afirmou a governante, em Leiria.
Segundo Francisca Van Dunem, que falava à margem da inauguração do juízo de Família e Menores em Leiria, o problema existente é ao nível do agendamento de diligências.
“Agendar coisas para julho e para agosto, quando, provavelmente, a maior parte das pessoas também estão de férias, não iria funcionar”, justificou.
A ministra da Justiça entende que os problemas surgirão “mais à frente”, “quando parar a suspensão de instauração de processos executivos, de iniciativas de processos de insolvências”.
“Quando este congelamento cessar, aí sim, provavelmente vamos ter que ter um novo olhar sobre a gestão dos tribunais e sobre a sua capacidade para responder às necessidades efetivas de resolução dos litígios que se colocam”, sublinhou.
A grande incidência dos processos, antevê Francisca Van Dunem, será “na área da justiça económica, nomeadamente ao nível das insolvências, que se supõe que serão muitas, eventualmente ao nível das execuções e ao nível das questões do trabalho”.
“Com a perda do tecido produtivo há muita perda ao nível do emprego. Essas áreas, presume-se que serão as mais afetadas, mas o grande impacto será provavelmente a partir de outubro. O que estamos a fazer é monitorizar e em função disso tomar as iniciativas que forem tidas por necessárias”, disse ainda.
A ministra admitiu, contudo, que “se houver necessidade de se mexer nas férias judiciais, obviamente far-se-á isso em articulação com os conselhos superiores e com o parlamento”.
“No fundo, é encontrar uma resposta que assegure aos cidadãos justiça em prazo razoável”, frisou.
Francisca Van Dunem aproveitou para clarificar que em março o parlamento aprovou uma lei, que previu que se viesse a aplicar aos tribunais o regime de férias judiciais, “o que significa a suspensão dos prazos”.
“Pelo mesmo diploma, no final do período de pandemia o parlamento, por lei própria, iria definir os termos da reorganização das férias judiciais. Fui ouvida no parlamento e perguntada sobre a forma como seria eventualmente possível dar corpo a essa intenção disse que a hipótese que via seria a possibilidade eventualmente de se cortarem 15 dias”, explicou.
Não obstante, a governante lembrou que “as pessoas teriam os sistemas de férias organizados e seria extremamente difícil conseguir ultrapassar-se as férias pessoais”.
Este ano as chamadas férias judiciais iniciam-se na quinta-feira e terminam no final de agosto, devendo a atividade normal dos tribunais ser retomada no início de setembro.
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