Coronavírus tira confiança dos portugueses no mercado de trabalho
A pandemia abalou a confiança dos portugueses no mercado de trabalho, apesar de ser superior à dos espanhóis ou italianos. Quem procura um emprego quer desenvolver competências, revela estudo.
A confiança dos profissionais em Portugal no mercado de trabalho caiu no segundo trimestre de 2020, período que ficou marcado pelo início da pandemia da Covid-19. Apesar deste sentimento, a maioria dos portugueses acredita que conseguirá encontrar um emprego em menos de três meses, sendo que o desenvolvimento de competências continua a ser o principal motivo para procurar um novo desafio profissional.
Estas são algumas das conclusões do Índice de Confiança Global, da Michael Page, que reuniu 452 respostas em Portugal, que analisou a perceção de pessoas que procuram emprego sobre oportunidades profissionais em vários países.
A confiança dos trabalhadores em Portugal no mercado laboral é inferior à media europeia, 44% contra 47%, mas supera países como Espanha ou Itália, cujo índice de confiança se situava nos 39% e 40%, entre janeiro e março.
Relativamente ao mesmo período do ano passado, a confiança no futuro do mercado de trabalho e na evolução económica também é menor, com um decréscimo de 42,6% e 41,6%, respetivamente. Apesar destes dados, a maioria (55,8%) acredita que poderá conseguir emprego em menos de três meses, valor que se situa acima da média europeia, fixada nos 49,8%.
A crise laboral imposta pela pandemia fez baixar as expectativas em relação ao presente e futuro do mercado de trabalho, não apenas em Portugal, mas de uma forma transversal em toda a Europa. Contudo, os profissionais portugueses continuam a valorizar a aquisição de competências e o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, situação acelerada pelo confinamento e pela tendência emergente do trabalho remoto.
Em linha com estes valores, quando inquiridos sobre há quanto tempo procuram trabalho, 39,2% dos portugueses indicaram menos de um mês e 36,1% entre um a três meses a um mês. Para quem procura emprego, o setor da indústria, finanças e negócios são os mais requisitados, observando-se ainda dinamismo nas áreas da tecnologia e saúde, revela a Michael Page.
Portugueses querem oportunidade de crescer
O desenvolvimento de novas competências continua a ser a principal motivação para 48,1% dos portugueses quererem mudar de trabalho, um valor acima da média europeia fixada nos 44,2%.
A falta de perspetivas de crescimento profissional, a necessidade de procurar um salário mais alto ou um melhor equilíbrio entre a vida pessoal e profissional também são razões que justificam a mudança de emprego. Mesmo tendo em conta as baixas expectativas, os portugueses acreditam que será possível alcançar estas mudanças num horizonte de 12 meses, à exceção da progressão de carreira, cujo valor para Portugal é ligeiramente inferior à média dos restantes países, refere a Michael Page.
“A crise laboral imposta pela pandemia fez baixar as expectativas em relação ao presente e futuro do mercado de trabalho, não apenas em Portugal, mas de uma forma transversal em toda a Europa. Contudo, os profissionais portugueses continuam a valorizar a aquisição de competências e o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, situação acelerada pelo confinamento e pela tendência emergente do trabalho remoto”, refere Álvaro Fernández, diretor-geral da Michael Page Portugal, citado em comunicado.
A Michael Page destaca ainda que a maioria dos portugueses que responderam ao questionário se encontram numa situação de desemprego (47,6%), uma percentagem mais elevada que países como Itália (38,2%), Suécia (44%), Turquia (46,4%) ou Bélgica (46,5%). Entre abril e junho, é Luxemburgo que lidera o índice de confiança, seguido pela Alemanha.
O número de desempregados inscritos no Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) desceu, pela primeira vez, desde o início da pandemia de coronavírus, de acordo com os dados divulgados, esta segunda-feira. Apesar do recuo mensal de 0,6%, o número de inscritos nos centros de emprego subiu 36,4% em relação ao mesmo mês do ano passado, um número que ascende aos 406 mil.
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