Após mínimo histórico, empresas revelam ligeira subida nas intenções de contratação

  • Trabalho
  • 8 Setembro 2020

Os empregadores portugueses estão "cautelosos" face a novas contratações nos últimos três meses do ano. O setor público antecipa o maior aumento nas intenções de contratação.

Depois de terem chegado a mínimos históricos no terceiro trimestre, as intenções de contratação para o quarto trimestre do ano revelam uma ligeira aceleração de mais 2%, antecipa a “Projeção para a criação líquida de emprego” da Manpower.

O estudo ManpowerGroup Employment Outlook Survey para o quarto trimestre de 2020, divulgado esta terça-feira, assinala que a subida de 2% revela uma recuperação de onze pontos percentuais face ao trimestre anterior, sendo o setor público o que antecipa maior aumento nas intenções de contratação (+13%) e o da construção o mais pessimista (-9%).

De acordo com o documento, os empregadores portugueses estão “cautelosos” face a novas contratações e apenas 11% prevê aumentar recrutamentos entre outubro e dezembro deste ano. Em 440 empresas inquiridas, 9% dos empregadores antevê uma diminuição da força de trabalho e 71% não avança com qualquer alteração.

"Os trabalhadores de funções mais indiferenciadas, em setores como a restauração e hotelaria, o imobiliário ou o retalho estão entre os principais afetados pela perda emprego, enquanto áreas de transformação digital, de cibersegurança ou de e-commerce, estão a crescer e a necessitar de talento com as skills certas.”

Rui Teixeira

Chief operations officer da ManpowerGroup Portugal

Em termos geográficos, as zonas centro e norte do país passam para terreno positivo, ao mesmo tempo que a região sul antevê um mercado de trabalho regional mais fraco.

Este é um dos grandes desafios de empresas e governos na gestão do pós-pandemia. E a solução exige o compromisso de todos — empresas, instituições e trabalhadores. A transformação digital das empresas, tornando-as mais resilientes a um contexto VUCA [volatilidade (volatility), incerteza (uncertainty), complexidade (complexity) e ambiguidade (ambiguity)], acompanhada pela formação e requalificação de trabalhadores, cujo foco deverá passar pelo desenvolvimento e aprendizagem ao longo de toda a sua carreira, são passos fundamentais para a saída da crise económica e para a criação de bases de desenvolvimento sustentável para as empresas portuguesas”, sublinha Rui Teixeira, chief operations officer da ManpowerGroup Portugal, citado em comunicado.

Assinala que, ainda que o aumento do desemprego seja uma realidade, “agudiza-se o cenário de desencontro de competências”, uma vez que diferentes setores são impactados de forma distinta. “Os trabalhadores de funções mais indiferenciadas, em setores como a restauração e hotelaria, o imobiliário ou o retalho estão entre os principais afetados pela perda emprego, enquanto áreas de transformação digital, de cibersegurança ou de e-commerce, estão a crescer e a necessitar de talento com as skills certas”, detalha.

Otimistas e pessimistas

Em quatro dos sete setores analisados no estudo é esperado um aumento da força de trabalho. O setor das finanças e serviços é o que revela um maior crescimento nas intenções de contratação, com uma projeção líquida de mais 12%. “Apesar do aumento de 31 pontos percentuais, em comparação com o trimestre anterior, este valor está ainda oito pontos percentuais aquém do registado no período homólogo do ano passado”, esclarece a Manpower em comunicado.

O setor de outras atividades de serviços apresenta uma previsão positiva de 8%, com uma subida de 10 pontos percentuais em relação ao trimestre anterior. “Este crescimento é fortemente alimentado pelo subsetor público que, com uma projeção de mais 13%, ostenta o ritmo de contratações mais elevado de todos os setores analisados, à semelhança do que já tinha acontecido no trimestre passado”.

O comércio grossista e retalhista (+5%), o setor dos transportes, logística e comunicações e a indústria também apresentam previsões otimistas. Em contrapartidas, os empregadores da construção são, agora, os mais pessimistas, “resultado de uma redução na carteira de encomendas, tanto a nível do investimento privado, como em contratos de empreitadas de concursos públicos”, justifica o estudo. O setor revela as intenções de contratação mais baixas dos últimos quatro anos, data do início do estudo (-9%).

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