“A nata da mediação sabe que o caminho é digital” – David Pereira
O digital já era o caminho da maioria dos mediadores e corretores de seguros, mas com a covid-19 passou a ser quase o único possível, diz o presidente da APROSE, associação do setor.
David Pereira, presidente da APROSE, associação dos corretores e mediadores portugueses, revela que muitos profissionais, sociedades ou individuais, têm feito parcerias para desenvolverem plataformas de negócio digital comuns. Os custos são partilhados, mas todos mantêm a sua identidade própria. Todos ficam a ganhar, garante.
Em declarações a Ecoseguros, David Pereira avança que o confinamento durante o estado de emergência, assim como as medidas de distanciamento social que se mantêm, vieram reforçar a tendência de relacionamento digital com clientes que já estava em marcha no setor.
O presidente da Associação Nacional de Agentes e Corretores de Seguros diz ver “grande movimentação” entre os profissionais desde o início da pandemia. “Vejo os mediadores juntarem-se. Eles próprios não sabem para onde tudo isto vai, mas sabem que há uma coisa que têm de fazer: unirem-se, para ganharem força e dimensão”, afirma.
David Pereira sublinha que “a tecnologia é cara, exige pessoas qualificadas, inteligência artificial e plataformas preparadas para receber clientes e oferecer-lhes seguros”, mas que há “uma grande consciência desta necessidade”. Por isso, esta tendência de união entre mediadores tem surgido “com vários exemplos em todos o país”.
“O caminho é irreversivelmente digital, é por aí que temos de chegar ao cliente”, destaca o presidente da APROSE, que junta cerca de 2100 profissionais do setor, de grande, média e pequena dimensão.
A opção tem sido o “desenvolvimento de formação e de plataformas comuns, sem perda de identidade”. A tendência, explica, já era visível pontualmente, mas, com a covid-19, “está a profissionalizar-se”, afirma.
A união faz a força
A ideia, acrescenta é “juntar interesses num grupo, com um objetivo em vista: melhorar o desempenho digital de todos”, prossegue David Pereira, que vê um setor onde coexistem uma ‘velha’ e uma ‘nova guarda’ no que diz respeito à digitalização da atividade.
Mas, conclui o responsável, “a nata da mediação, mais jovem e atenta, sabe que o caminho a percorrer é digital, de tecnologia”.
“A maioria é mais vanguardista, até porque a atividade em si já vinha empurrando, mesmo os mais ortodoxos, para a mudança digital
“Há uma classe mais antiga, mais avessa à mudança, às tecnologias, menos apta, e há outra mais vanguardista, mais à frente, sempre a tentar ‘cavalgar a onda’ e a procurar chegar mais longe, a mais clientes, por via digital”, lembra David Pereira, que não tem dúvidas sobre quem está em maioria.
“A maioria é mais vanguardista, até porque a atividade em si já vinha empurrando, mesmo os mais ortodoxos, para a mudança digital. A própria relação com as seguradoras já vinha nesse sentido, até mesmo no caso dos mais antigos e avessos à mudança, empurrando no sentido da evolução e da tecnologia”, recorda o líder da APROSE.
“A mediação está no mundo da evolução, mas naturalmente alguém há de ficar para trás”, admite
Quanto ao futuro, David Pereira antecipa que “vamos assistir a uma mistura” entre os mundos digital e tradicional. “É mais fácil chegar mais longe com determinados produtos – vida, saúde, produtos de fácil entendimento e grande necessidade. O digital, para multiriscos ou acidentes de trabalho, é mais difícil, os alvos são diferentes e por isso a abordagem também terá sempre de o ser”, frisa.
A pandemia causada pelo novo coronavírus afetou apenas “moderadamente” o negócio dos corretores e mediadores
Por isso, diz o presidente da APROSE, “o tema é tentar conjugar estes dois polos, até que dentro de uns anos seja tudo digital”, sendo que, seja qual for a tendência ou a circunstância, “o que o cliente espera sempre do seu mediador é aconselhamento e apoio nas suas decisões”
Negócio “moderadamente afetado”
A pandemia causada pelo novo coronavírus afetou apenas “moderadamente” o negócio dos corretores e mediadores, exceção feita aos profissionais que estavam muito ligados a setores de atividade como restauração, hotelaria e turismo em geral, onde “houve perdas”.
David Pereira avança que o número de associados da APROSE aumentou consideravelmente nos últimos meses, quer pela maior necessidade de proteção que muitos profissionais passaram a sentir com a Covid-19, quer por força da ‘reciclagem’ que a Lei da Distribuição de Seguros, de 2019, veio impor no setor, por via da obrigatoriedade da frequência de cursos de conformação.
O facto de a associação ter disponibilizado estes cursos a sócios e não sócios acabou por trazer novos elementos, diz o responsável da APROSE, que deverá integrar atualmente cerca de um terço dos profissionais elegíveis.
Para se poder fazer parte da associação, lembra, os mediadores não podem estar ligados a apenas uma companhia. Os cerca de oito a 10 mil mediadores que vendem produtos de uma companhia em exclusivo não podem, assim, ser membros da Aprose.
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