Enfermeiros em greve entre 9 e 13 de novembro

  • Lusa
  • 23 Outubro 2020

O presidente do Sindepor, Carlos Ramalho, disse ter a certeza de que a população estará ao lado dos enfermeiros, que “têm feito muitos sacrifícios ao longo dos anos”.

A greve geral de enfermeiros convocada pelo Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (Sindepor) realiza-se entre 9 e 13 de novembro, em todo o país, à exceção da Região Autónoma da Madeira, anunciou esta sexta-feira o sindicato.

“O Sindepor convocou uma greve geral para a segunda semana de novembro, de 9 a 13, que vai abranger todo o país. A Madeira está excluída”, afirmou o presidente do sindicato, Carlos Ramalho, numa conferência de imprensa em Évora.

Carlos Ramalho indicou que a paralisação não se realiza na Madeira porque o Governo Regional “tem mostrado sempre uma abertura e uma capacidade negocial muito grande” e estabelecido acordos com o sindicato para “tentar ultrapassar os problemas”.

Quanto à greve, o sindicalista afirmou que “os enfermeiros estão extremamente descontentes” com a atual situação profissional e que, com a pandemia de Covid-19, agravaram-se os problemas destes profissionais. “A capacidade de resposta é muito limitada e os enfermeiros estão extremamente exaustos. Na primeira fase [da pandemia], já foi complicado para o Serviço Nacional de Saúde (SNS) e para os enfermeiros e agora ainda está a ser mais complicado“, referiu.

Segundo o presidente do Sindepor, o sindicato exige o descongelamento das progressões da carreira, a atribuição do subsídio de risco para todos os enfermeiros e, sendo “uma profissão de desgaste rápido”, a aposentação aos 57 anos.

O dirigente deste sindicato notou que os enfermeiros tinham grandes ambições em relação à nova carreira, a qual, defendeu, “acabou por ser uma falácia, porque foi uma imposição do Governo e não trouxe nada de novo”.

Carlos Ramalho realçou que “a grande generalidade” dos enfermeiros que estão a ser contratados para o SNS ficam com “contratos de quatro meses”, considerando que “os contratos com termo não dão garantias nenhumas” aos profissionais.

Questionado sobre eventuais constrangimentos nas unidades de saúde provocados pela greve em tempos de pandemia de covid-19, o presidente do Sindepor disse compreender que exista “algum mal-estar” da população, mas garantiu que a paralisação vai decorrer “de forma a prejudicar o mínimo possível” os utentes. O que pretendemos é dar um sinal ao Ministério da Saúde e ao Governo de que os enfermeiros estão descontentes e que é preciso que olhem com mais atenção para a classe”, concluiu.

Em declarações à agência Lusa, ainda antes do anúncio, o presidente do Sindepor disse ainda ter a certeza de que a população estará ao lado dos enfermeiros, que “têm feito muitos sacrifícios ao longo dos anos”

“Os utentes que já recorreram ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) sabem bem os sacrifícios que os enfermeiros portugueses sempre fizeram e continuam a fazer. Com a pandemia descontrolada, também serão os primeiros ao compreender como é que os enfermeiros se sentirão”, afirmou.

Carlos Ramalho disse que os enfermeiros estão “numa situação muito crítica”: “Estamos a falar de um processo longo, de muitos anos, em que os problemas dos enfermeiros não foram resolvidos”.

“Por muito que o Governo anuncie que contratou mais enfermeiros, esses contratos são altamente precários. A situação é cada vez mais precária e não pode continuar a assim”, afirmou o responsável, sublinhando que Portugal é um dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) com menor número de enfermeiros por 1.000 habitantes. “Numa fase destas [pandemia de covid-19] a sobrecarga é tal que os enfermeiros já não conseguem aguentar mais”, acrescentou.

(Notícia atualizada às 17h53 com mais informação)

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