PCP considera que novas medidas são “desproporcionais”. CDS acusa Governo de esquecer privados
Entre os partidos políticos só o PCP e o CDS-PP reagiram às decisões do Conselho de Ministros. Do lado dos trabalhadores, representantes dos restaurantes e dos feirantes também fizeram críticas.
O secretário-geral do PCP defendeu num comício em Alhos Vedros, no concelho da Moita, que as medidas anunciadas no sábado pelo Governo para combater a covid-19, são “desproporcionais”. Jerónimo de Sousa disse que esta epidemia “coloca problemas sanitários, económicos e sociais, que não são resolvidos pela limitação de direitos e pela criação de climas de medo”.
“As medidas de regulação que a situação sanitária exige a cada momento devem sempre ser fundamentadas, de aplicação clara e sem margem para arbitrariedades e uso do poder, sob pena de não só não serem compreendidas e aceites como, pelo contrário, serão rejeitadas pelas populações”, acrescentou, num comício de apoio à candidatura de João Ferreira à Presidência da República.
“A imposição de barreiras à hora de regresso a casa, depois de um dia de trabalho, colocando muitas dezenas de milhares de pessoas, entre elas crianças, várias horas fechadas dentro dos automóveis e autocarros, em intermináveis filas, é inaceitável”, afirmou. Para Jerónimo de Sousa, tratou-se de “uma ação gratuita e desproporcionada, sem qualquer efeito prático relativamente ao combate à epidemia, mas profundamente penalizadora da vida das populações”.
O PCP considera que a prioridade do combate à covid-19 é o reforço do Serviço Nacional de Saúde, com a contratação de profissionais em falta e o aumento do número de camas hospitalares, nomeadamente camas de cuidados intensivos.
Contrária é a posição do CDS-PP, que acusou o Governo de esquecer o setor privado. O líder do partido, Francisco Rodrigues dos Santos, reagiu ao anúncio no Twitter: “Mais uma vez, o Governo deixa a questão sem resposta: qual vai ser o contributo dos sectores social e particular da saúde no combate à pandemia? Reitero que a solução para salvar vidas passa pela contratualização com os sectores social e particular”, escreveu.
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Restaurantes e feirantes alertam para impacto negativo
Entre os partidos políticos só o PCP e o CDS-PP reagiram às decisões que saíram do Conselho de Ministros deste sábado. Do lado das empresas, a Associação Nacional de Restaurantes (PRO.VAR) e a Federação Nacional das Associações de Feirantes também fizeram críticas, considerando que as medidas anunciadas vão ter um impacto negativo em ambos os setores.
Em declarações à Lusa, o presidente da PRO.VAR, Daniel Serra, afirmou que estas “ainda não são as mais gravosas”, mas trazem “restrições adicionais”, nomeadamente o horário de encerramento, que terão “claramente” um “efeito negativo” na restauração. “A redução do horário [de encerramento] para as 22h30 preocupa-nos porque muita restauração, sobretudo a de conceito e experiências, verá muito do seu negócio reduzir”, referiu Daniel Serra, acrescentando que este tipo de medidas acaba por “desincentivar a ida dos clientes aos restaurantes”, ao reduzir as saídas das pessoas ao “estritamente necessário”.
O Governo anunciou que cento e vinte e um municípios vão ficar abrangidos, a partir de quarta-feira, pelo dever cívico de recolhimento domiciliário, novos horários nos estabelecimentos e teletrabalho obrigatório, salvo “oposição fundamentada” pelo trabalhador, devido à covid-19. “As medidas de hoje são um preparar de uma estratégia que visa a diminuição da frequência das pessoas nas ruas e por sua vez nos restaurantes”, referiu, acrescentando que após a conferência de imprensa do primeiro-ministro vários empresários contactaram a PRO.VAR sinalizando a intenção de encerrar a atividade.
Já o presidente da Federação Nacional das Associações de Feirantes acusou o Governo de “tirar o pão aos feirantes” por proibir, a partir de quarta-feira, as feiras. Em declarações à agência Lusa, Joaquim Santos acusou o Governo de “deixar ficar para trás milhares de feirantes” e prometeu “uma grande surpresa em Lisboa na próxima semana”, precisando que “vão pedir para trabalhar”.
“Só sairemos de Lisboa quando tivermos a certeza que podemos feirar”, disse. Com esta proibição, “fecham as feiras e mandam os portugueses para recintos fechados até às 22:00”, afirmou Joaquim Santos, considerando que “esta decisão é uma vergonha num país democrático”. Segundo o presidente da Federação Nacional das Associações de Feirantes, a atividade envolve um número muito acima das 200 mil pessoas.
(Notícia atualizada às 13h30)
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