TAP ajusta voos de “modo dinâmico” e com “grandes preocupações de rentabilidade”
Dados da Eurocontrol mostram que já houve uma redução no tráfego aéreo. Na primeira semana de novembro, a TAP realizou 107 voos, o que representa uma quebra de 7,4% face à semana anterior.
A segunda vaga de Covid-19 levou a Europa a adotar novas restrições às populações, incluindo à circulação e viagens. Após uma curta recuperação durante o verão, os setores relacionados com o turismo (como a aviação) continuam assim sob forte pressão. A TAP diz ao ECO que está a ajustar a oferta com base na evolução da procura e da perspetiva de rentabilidade, mas não adianta se está a cancelar voos.
“Nesta crise que o setor da aviação atravessa, os planos de rede são necessariamente construídos de modo dinâmico e com grandes preocupações de rentabilidade. Deste modo, a lista de rotas e voos em operação será ajustada sempre que as circunstâncias o exijam”, diz fonte oficial da TAP, em resposta às questões do ECO sobre as novas restrições.
Com o número de casos de Covid-19 a aumentar novamente por toda a Europa, vários países estão a implementar restrições de viagens desde o início de novembro. Países como Portugal continuam a permitir a entrada sem problemas no país, mas há cada vez mais países a pedir um teste negativo à Covid-19 realizado 72 horas antes da entrada. É o caso de Itália, Grécia ou Inglaterra. A Noruega pede quarentena e a Finlândia teste negativo e quarentena.
O planeamento da rede de destinos e de voos da TAP e a retoma da sua operação é efetuado de acordo com as contingências da evolução da pandemia, oportunidades de procura detetadas e rentabilidade das rotas, tendo em vista a sustentabilidade da empresa no âmbito do processo de reestruturação em curso.
“Toda a operação da TAP no atual contexto é planeada tendo em conta a segurança e a sustentabilidade”, continua a empresa. “O planeamento da rede de destinos e de voos da TAP e a retoma da sua operação é efetuado de acordo com as contingências da evolução da pandemia, oportunidades de procura detetadas e rentabilidade das rotas, tendo em vista a sustentabilidade da empresa no âmbito do processo de reestruturação em curso”.
A companhia aérea não adianta se o ajustamento se está a refletir em cancelamentos de voos, mas os dados da Eurocontrol mostram que já houve uma redução no tráfego aéreo. Na semana entre 2 e 8 de novembro, a TAP realizou 107 voos, o que representa uma quebra de 7,4% face à semana anterior.
Entre as 20 maiores companhias aéreas na Europa (em termos de média diária de voos), apenas a portuguesa teve a oitava maior queda percentual — a maior, superior a 53%, foi da easyJet — e apenas a Iberia aumentou o tráfego nessa semana. “A semana 45 [da pandemia] viu profundas e crescentes quedas no tráfego à medida que as restrições da segunda vaga atingem profundamente as viagens“, escreveu o diretor da Eurocontrol no Twitter.
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Apesar de o fim do ano ser uma altura de maior procura por voos devido ao Natal e passagem de ano, o prolongamento da pandemia e as novas restrições poderão agravar ainda mais as contas das companhias aéreas. Os últimos dados conhecidos indicam que a TAP registou prejuízos de 582 milhões de euros entre janeiro e junho de 2020.
O primeiro semestre do ano foi um período amplamente marcado pelo impacto da pandemia, com a companhia aérea portuguesa a transportar menos 4,9 milhões de passageiros (ou seja, 62%) face ao mesmo semestre de 2019. Além da pandemia, os prejuízos foram também agravados pelo impacto da contabilização de custos de excesso de cobertura (overhedge) de jet fuel e por diferenças de câmbio.
Face a este cenário, o Governo português acordou (com o aval da Comissão Europeia) apoio público de 1.200 milhões de euros para garantir a liquidez da empresa este ano, tendo ainda guardado mais 500 milhões de euros a atribuir na forma de garantias públicas em 2021 caso seja necessário. Este resgate está condicionado a um plano de reestruturação que está ainda a ser desenhado e que irá implicar a redução da dimensão da TAP tanto em trabalhadores como em frota.
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