Longe de Sintra, Fórum BCE tenta encontrar resposta à crise
Lagarde poderá seguir as pisadas do antecessor Mario Draghi e usar o Fórum BCE para falar aos mercados e dar garantias do apoio do banco central na recuperação das economias do euro.
A pandemia levou parte da população europeia a fechar-se em casa, passando a viver online e gerando uma crise económica sem precedentes. E é online que os mais importantes decisores financeiros vão procurar, nos próximos dois dias, a solução para o problema. O Fórum Anual do Banco Central Europeu — que durante cinco anos seguidos aconteceu em Portugal — arranca esta quarta-feira em modo exclusivamente remoto.
“Bancos centrais num mundo em mudança“. É este o tema do evento que vai reunir governadores de bancos centrais, académicos, representantes dos mercados financeiros e outros players para discutir a economia atual. E a situação nunca foi tão má. A instituição liderada por Christine Lagarde estima que a pandemia cause uma recessão de 8% na Zona Euro este ano, antes de a economia começar a recuperar, com um crescimento de 5% em 2021 e 3,2% no ano seguinte.
Estas projeções económicas não consideram, no entanto, as novas restrições para responder à segunda vaga pelo que poderão já estar desatualizadas. As projeções serão atualizadas em dezembro, altura em que o BCE irá ajustar os estímulos monetários para responder aos riscos. Após o último encontro do Conselho de Governadores, a presidente explicou que “esta recalibração vai tocar todos os instrumentos e a forma como interagem entre si para garantir que se mantêm condições de financiamento que ajudem à recuperação da economia”.
A perspetiva dos analistas é que haja um reforço da bazuca com mais 500 mil milhões de euros para a compra de dívida. Qualquer que seja o montante irá juntar-se aos 1,35 biliões de euros do programa de compras de emergência pandémica (PEPP), mas também ao programa que já decorria com a compra de 20 mil milhões de euros em dívida por mês e que foi reforçado com um envelope adicional de 120 mil milhões a ser usado até ao final do ano.
Lagarde poderá seguir as pisadas do antecessor Mario Draghi e usar o Fórum BCE para falar aos mercados (e dar garantias do apoio do BCE), apesar de o italiano sempre ter sido mais dado a escrever nas entrelinhas do que a francesa. Ainda assim, os momentos centrais do encontro serão as palavras da presidente: primeiro, no discurso inaugural, esta quarta-feira, às 13h (hora de Lisboa) e, depois, na quinta-feira às 16h45, num painel onde se juntará aos homólogos do Reino Unido, Andrew Bailey, e dos Estados Unidos, Jerome Powell.
O Fórum BCE será pela primeira vez completamente online. Entre 2014 e 2019, o banco central organizou o seu encontro anual no Penha Longa Resort, em Sintra. No ano passado — o último com Mario Draghi à frente da autoridade monetária — marcaram presença 23 governadores de bancos centrais que representam 20,7% da economia mundial (cerca de 16,8 triliões de dólares).
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