ONU quer ajudar reentrada dos EUA no Acordo de Paris
As Nações Unidas acreditam que estão "na melhor posição para ajudar" a acelerar a reentrada dos Estados Unidos no Acordo de Paris, afirmou a secretária-executiva das ONU para as Mudanças Climáticas.
As Nações Unidas acreditam que estão “na melhor posição para ajudar” a acelerar a reentrada dos Estados Unidos no Acordo de Paris, afirmou a secretária executiva das Nações Unidas para as Mudanças Climáticas.
Numa entrevista à agência de notícias Efe, a diplomata mexicana Patricia Espinosa garantiu que, se o próximo Presidente norte-americano, Joe Biden, quiser, os Estados Unidos podem estar mais uma vez no maior tratado internacional de combate ao aquecimento global até ao final de fevereiro.
Joe Biden já declarou a sua vontade em retornar ao Acordo de Paris, que é um tratado elaborado em 2015 no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (CQNUMC), que rege as medidas de redução de emissão dos gases do efeito estufa.
Para isso, os Estados Unidos deveriam solicitar oficialmente a sua reentrada assim que Biden assumir o cargo, no dia 20 de janeiro, e o pedido seria efetivado em 30 dias.
No entanto, isso implica “cumprir as suas obrigações” nos termos do Acordo de Paris sobre a redução de emissões de dióxido de carbono e a atualização dos seus compromissos ambientais, lembrou a secretária executiva da ONU. “Vamos trabalhar com o novo Governo [dos Estados Unidos] para dar os sinais de liderança de que precisamos”, enfatizou Espinosa.
Esse impulso é necessário depois da desaceleração que a pandemia do novo coronavírus significou para o combate ao aquecimento global, cujo efeito mais percetível foi o adiamento para o próximo ano da cimeira do clima (COP26), que deveria ser realizada este ano em Glasgow, na Escócia.
Apesar das dificuldades e do anúncio de “alguns países” de que vão “atrasar um pouco” os seus programas de combate ao aquecimento global devido à pandemia, Espinosa considerou que a comunidade internacional “tem andado bastante bem” e até destacou “sinais positivos”.
Espinosa apontou, por exemplo, para o novo acordo verde da União Europeia (UE) para alcançar a neutralidade climática em 2050 e o anúncio na mesma direção pela China, embora até 2060. Uma “demonstração fundamental de liderança num momento em que precisamos”, referiu Patrícia Espinosa.
Outro elemento positivo, referiu a secretária executiva, é “a maior ênfase na importância de incorporar em todos os programas de recuperação desta crise o elemento da sustentabilidade como um dos eixos centrais”.
“Acredito que esta pandemia está a colocar-nos num divisor de águas histórico, onde os líderes de hoje têm a oportunidade de aproveitar essa situação inédita para reformular, repensar e relançar processos para que o mundo do século XXI seja um mundo que caminha para um melhor futuro”, declarou Espinosa.
Para Patricia Espinosa, esta “inesperada mobilização de recursos” que os programas de reconstrução implicam pode ser “uma força muito positiva” no combate ao aquecimento global, embora seja fundamental que a recuperação não se concentre exclusivamente nos países ricos e deixe outros de lado, porque o clima é um desafio global onde “não há fronteiras”. “A recuperação deve incluir esse elemento de cooperação e solidariedade internacional”, acrescentou.
Pesando as dificuldades e oportunidades que a crise do novo coronavírus trouxe para o combate à crise climática, Espinosa mostrou-se otimista quanto às reais opções de conter o aquecimento global antes de atingir o patamar de dois graus, a partir do qual os cientistas consideram que os danos seriam muito graves.
No entanto, Patricia Espinosa avisou: “O sucesso não acontecerá espontaneamente. É preciso muito trabalho. Não há tempo a perder, temos que nos colocar a trabalhar (…) ontem”.
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