Exclusivo TAP precisa de três mil milhões até 2024. Lucros só em 2025
A reestruturação da TAP obriga a despedimentos e cortes salariais. Depois dos 1.200 milhões de ajudas públicas, a TAP precisa de mais 1,8 mil milhões até 2024. Governo reunido em Conselho de Ministros
Os números constam do plano de reestruturação que o Governo vai entregar em Bruxelas até à próxima quinta-feira e vão a conselho de ministros extraordinário esta terça-feira à noite: A TAP vai precisar de novos financiamentos nos próximos quatro anos, até um valor da ordem dos 1,8 mil milhões de euros, que poderão resultar de injeções de fundos públicos ou de garantias de Estado a novos empréstimos, que se somarão aos 1.200 milhões de ajudas em 2020. O objetivo da TAP é atingir o equilíbrio operacional em 2023 e gerar fundos a partir de 2025 para amortizar dívida sem necessidade de novos financiamentos.
As contas da TAP que estão a ser fechadas para suportar o plano de reestruturação estimam um EBIT (resultados antes de juros e impostos) da ordem dos 900 milhões de euros negativos, isto apesar dos 1.200 milhões de ajudas de Estado. E o plano ainda prevê mais 600 milhões de EBIT negativo em 2021 e da ordem dos 50 milhões em 2022. Só em 2023 é que a TAP registará valores positivos neste indicador chave. Só que em 2023 e em 2024 a TAP tem de reembolsar as emissões de obrigações a investidores particulares e a institucionais, respetivamente 200 milhões e 375 milhões de euros, números que não entram no EBIT, mas que têm de ser pagos. Daí que os resultados líquidos positivos só mesmo no último ano do plano, em 2025.
O Orçamento do Estado para 2021, recorde-se, já prevê uma garantia de Estado para empréstimos da TAP de 500 milhões de euros, mas o ministro João Leão revelou, à data da apresentação do orçamento, que o valor era provisório e dependia ainda do que viesse a ser o plano de reestruturação. Agora as contas estão feitas e o Governo já sabe que a companhia aérea detida em 72,5% pelo Estado precisará de 1.8 mil milhões de euros entre 2021 e 2024.
O Governo está em contra-relógio para aprovar o plano a enviar a Bruxelas. Há uma reunião de conselho de ministros esta terça-feira para uma primeira análise ao plano, com tempo para eventuais ajustamentos na reunião ordinária de quinta-feira. Depois, será entregue o plano em Bruxelas e os ministros das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, e das Finanças, João Leão, deverão realizar uma conferência de imprensa para apresentarem o plano entregue à Comissão Europeia ao país.
Este plano, diz uma fonte governamental ao ECO, tem pressupostos conservadores ao nível da procura. Mesmo assim, o nível de receitas da TAP só regressará a valores próximos das registadas em 2019 (3,3 mil milhões de euros) em 2025, apurou o ECO. Esta segunda-feira, em comunicado enviado aos trabalhadores, o conselho de administração da companhia detalhava alguns números sobre a evolução do mercado. A TAP espera recuperar, no próximo ano, apenas 46% na procura (medida pelo aumento do número de passageiros) para os seus principais mercados, apontando para níveis próximos anteriores à pandemia apenas em 2025.
É neste contexto — e com a pressão dos sindicatos — que o Governo decidiu comprometer a oposição com a execução deste plano. Como revelou o comentador Marques Mendes na SIC e confirmou o ECO, o Governo quer levar ao Parlamento a votação do plano de reestruturação da TAP negociado em Bruxelas, que obriga ao despedimento de cerca de dois mil trabalhadores e a cortes salariais médios de 25%. “O PS não tem maioria absoluta, não pode implementar uma coisa que custa tantos milhares de milhões de euros sem respaldo do Parlamento“, e se a oposição chumbar o plano, a TAP vai para liquidação.
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