Sete em cada 10 empresas querem adotar modelo híbrido no pós-pandemia
Combinar o trabalho presencial e remoto será a opção de futuro. Para quem gere pessoas, adaptar processos e comunicar de forma eficaz são os grande desafios do teletrabalho, revela o Kaizen Institute.
Quase 70% dos responsáveis de recursos humanos prevê que a sua empresa venha a adotar um modelo de trabalho híbrido — remoto e presencial –, no pós-pandemia, com dois ou mais dias de trabalho remoto por semana. Para a maioria, a eficiência em teletrabalho não foi afetada, mas ainda são poucas as empresas que pagam as ajudas de custo aos colaboradores em teletrabalho, revela o Barómetro RH 2020/21, do Kaizen Institute, que inquiriu 150 diretores de recursos humanos de grandes e médias empresas nacionais.
Comunicar de forma eficaz ou adotar protocolos ao modelo de teletrabalho parecem ser os maiores obstáculos à implementação do teletrabalho. Entre as grandes prioridades de futuro estão a preparação dos trabalhadores e a garantia da segurança no trabalho.
70% das empresas querem modelo híbrido no pós-pandemia
Estudos apontam que os portugueses estão preparados para o trabalho remoto e as empresas parecem estar a responder em conformidade. O teletrabalho é uma possibilidade cada vez mais real, sendo que apenas 30% dos inquiridos afirma que o teletrabalho deixará de ser opção no pós-pandemia.
Cerca de sete em cada 10 (68%) responsáveis de recursos humanos afirmaram que as suas empresas adotaram, ou pretendem adotar, um modelo misto de trabalho, ou seja, o trabalho remoto como complemento ao trabalho presencial. Na mesma lógica, 86% dos inquiridos pondera manter dois ou mais dias de teletrabalho por semana.
Contudo, apesar das previsões, 85% das empresas não paga ajudas de custo aos colaboradores em teletrabalho e apenas 8% pensa vir a fazê-lo. Sete em cada 10 inquiridos consideram que a eficiência dos colaboradores em regime de teletrabalho será equivalente ou superior à registada num cenário pré-Covid, enquanto 30% acredita que a eficiência será menor.
“O ano de 2020 ficou marcado por um contexto disruptivo que forçou as organizações a ajustarem a sua forma de trabalhar e de servir ou comunicar com os clientes. Os sistemas de trabalho à distância foram acelerados conseguindo, no espaço de poucos meses, criar novos hábitos que, em condições normais, levariam cerca de uma década”, destaca em conversa com a Pessoas Tiago Mota Costa, senior partner do Kaizen Institute Western Europe.
Comunicação e questões legais são maiores obstáculos do teletrabalho
Entre os maiores desafios na implementação do modelo de teletrabalho, os diretores de recursos humanos destacam a falta de garantia de comunicação eficiente e clara (71%) e a dificuldade de adaptação dos standards e protocolos de trabalho aos novos padrões (47%).
Atualmente, as prioridades são completamente diferentes, sendo a principal preocupação a capacitação do colaborador para reagir à permanente mudança de cenários no médio e longo prazo.
O conhecimento das ferramentas digitais por parte dos colaboradores também influenciou a capacidade de adaptação das empresas: 44% dos inquiridos afirma que o grau de alinhamento das competências digitais dos colaboradores é médio, pelo que existe um plano de treino e recrutamento definido para acompanhar o barco da transformação digital.
Por outro lado, 38% dos inquiridos confirma que os trabalhadores estão dotados das competências digitais necessárias.
Prioridades mudam: mais foco no longo prazo e na segurança
A pandemia alterou as prioridades de quem gere pessoas. Antes da pandemia, as duas prioridades de topo no que respeita os recursos humanos eram a retenção de talento (53%) e a contratação de novos profissionais (45%), mas o barómetro revela que as prioridades atuais são a preparação do colaborador para diferentes cenários no médio e longo prazo (44%) e a melhoria das condições de segurança, higiene e saúde no trabalho (39%).
Para 70% dos inquiridos, a eficiência dos colaboradores em regime de teletrabalho será equivalente ou superior à registada num cenário pré-Covid. Para o primeiro semestre de 2021, as opiniões dividem-se: 31% dos inquiridos acredita que a eficiência será maior em teletrabalho, 39% considera que será exatamente igual e 30% dos inquiridos prevê que os trabalhadores sejam menos eficientes no trabalho à distância.
“Na visão do Instituto Kaizen, deve ser feita uma reengenharia dos processos que permita um serviço mais rápido, ágil e eficiente, com foco no valor entregue ao cliente e eliminando dificuldades, variabilidade, tempos e tarefas de desperdício do lado dos colaboradores”, refere Tiago Mota Costa.
Apesar do contexto, mais de metade dos diretores afirma que a motivação dos trabalhadores se manteve estável nos últimos seis meses e, para 24%, a motivação aumentou. No que diz respeito à produtividade, 68% dos gestores de recursos humanos refere que se manteve estável e, para mais de 20%, aumentou.
O barómetro revela ainda que, apesar da atual crise e do impacto negativo que se sente de forma transversal nos mercados, 69% das empresas espera aumentar a sua massa salarial no primeiro trimestre do próximo ano. Destas, 34% antecipa aumentos de até 2%, 29% estima um aumento entre 2% e 5%, e 6% prevê um aumento superior a 5%.
“Para reforçar a vertente humana, a motivação e o compromisso, devemos medir e melhorar diariamente, envolvendo cada equipa e cada indivíduo na identificação e concretização das oportunidades e contramedidas para aumentar a sua performance. Com o aumento da digitalização e do teletrabalho, a importância dos recursos humanos na transformação do tecido empresarial é fundamental. As pessoas são o verdadeiro motor das organizações, o que está intimamente ligado ao sucesso de cada negócio“, conclui o responsável.
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