Estirpe inglesa ganha força na Europa. É responsável por 45% dos novos casos em Portugal
O ECDC considera que a situação epidemiológica da UE “ainda é motivo de grande preocupação”. Estirpe britânica é já responsável por 45% dos novos casos detetados em Portugal.
O Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC) considera que, apesar da redução da incidência do SARS-CoV-2 na União Europeia (UE), a situação epidemiológica “ainda é motivo de grande preocupação”. A suscitar preocupações está o surgimento das novas estirpes. Só estirpe britânica é já responsável por 45% dos novos casos de infeção por Covid-19 detetados em Portugal.
Num relatório de avaliação de risco divulgado esta segunda-feira, o ECDC aponta que “vários países da UE e do Espaço Económico Europeu [EEE] observaram um declínio na incidência global da SARS-CoV-2 nas últimas semanas, muito provavelmente devido ao impacto das intervenções não-farmacêuticas [medidas restritivas] mais rigorosas” entretanto adotadas.
Porém, “a situação epidemiológica ainda é motivo de grande preocupação em toda a UE/EEE”, alerta a agência europeia, notando que “a maioria dos países ainda está a registar elevadas ou crescentes taxas de notificação nos grupos etários mais velhos e/ou elevadas taxas de mortalidade”.
“Embora o processo de vacinação tenha começado em todos os países da UE/EEE, visando grupos prioritários com base no seu risco de vir a desenvolver doenças graves […], bem como cuidados de saúde e outros trabalhadores da linha da frente, é ainda demasiado cedo para detetar um impacto na mortalidade ou hospitalizações”, observa o ECDC.
A “suscitar preocupações” aos peritos da agência europeia de saúde pública estão também as novas e mais contagiosas variantes do SARS-CoV-2 detetadas no Reino Unido, África do Sul e Brasil.
De acordo com o ECDC, “os países da UE/EEE têm observado um aumento substancial no número e proporção de casos” da mutação do Reino Unido, tendo ainda “notificado cada vez mais” casos da estirpe da África do Sul.
Quanto à estirpe britânica, esta é responsável por 75% dos novos casos detetados nas últimas semanas na Irlanda. Segue-se Espanha com uma percentagem de 0,4% a 53% (dependendo da região). Ainda no pódio surge, em terceiro lugar, Portugal com quase metade dos novos casos (45%) detetados a ser provocados por esta estirpe, que já provou ser mais contagiosa do que a original. De sublinhar que em finais de janeiro, a ministra da Saúde portuguesa tinha adiantado que a presença da variante inglesa do novo coronavírus era já estimada em 50% na região de Lisboa e Vale do Tejo.
A Holanda tem já mais de 30% das novas infeções detetadas por esta estirpe, seguida pela Dinamarca (27%), Itália (17,8%), França (13,2%), Suécia (11%), Polónia (9%) e Alemanha (5,6%).
Já a variante brasileira “está a ser notificada a níveis mais baixos, possivelmente porque está principalmente ligada ao intercâmbio de viagens com o Brasil”, observa o organismo, numa alusão à interrupção de viagens decretada por alguns países europeus.
Segundo o ECDC, a variante britânica tem de momento um risco “elevado a muito elevado para a população em geral e muito elevado para indivíduos vulneráveis”, isto porque “parece ser mais transmissível do que as estirpes em circulação anteriormente predominantes e pode causar infeções mais graves”.
Por seu lado, a mutação detetada na África do Sul “está também associada a uma maior transmissibilidade” e poderá levar a uma “potencial de redução da eficácia de algumas das vacinas” já aprovadas contra a Covid-19.
Dada esta situação, e com o aumento da circulação destas variantes mais transmissíveis, o ECDC aconselha os Estados-membros (já que a saúde é uma competência nacional) a apostar em “intervenções de saúde pública imediatas, fortes e decisivas são essenciais para controlar a transmissão e salvaguardar a capacidade de cuidados de saúde”.
“A menos que as intervenções não-farmacêuticas [medidas restritivas] se mantenham ou sejam reforçadas em termos de conformidade durante os próximos meses, é de prever um aumento significativo dos casos e mortes relacionados com a covid-19 na UE/EEE”, avisa o centro europeu.
Aqui incluem-se medidas como restrições às viagens não essenciais, confinamento e encerramento de estabelecimentos de ensino. “Embora a vacinação atenue o efeito da substituição por variantes mais transmissíveis e a sazonalidade possa potencialmente reduzir a transmissão durante os meses de verão, um alívio prematuro das medidas conduzirá a um rápido aumento das taxas de incidência, deteção de casos graves e mortalidade”, alerta ainda o ECDC.
Esta agência europeia só admite a flexibilização das restrições perante “programas de vacinação direcionados e robustos”. A pandemia de Covid-19 provocou, pelo menos, 2.400.543 mortos no mundo, resultantes de mais de 108,7 milhões de casos de infeção.
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