PSD e BE insistem em plano de desconfinamento, mas PS quer que se evitem “precipitações”

Bloco defende que Governo deve dar a conhecer que "mecanismos têm no terreno", enquanto Rio sugere desconfinar por regiões se evolução não for a esperada. PS diz que plano está a ser preparado.

No último dia de audições com o Presidente da República, PSD e Bloco de Esquerda reiteraram que o Governo deve apresentar um plano de desconfinamento, exigência feita também pelos restantes partidos. O PS garante que o Governo já está a preparar o plano, em conjunto com as autoridades de saúde, mas alerta que se devem evitar “precipitações”.

Tudo aponta para que o confinamento atualmente em vigor no país devido à pandemia de Covid-19 se prolongue no mês de março, sendo que o Governo se tem recusado a falar sobre datas para um levantamento das restrições. Os partidos têm exigido conhecer o plano de desconfinamento, bem como as linhas vermelhas para que este entre em marcha.

Marcelo Rebelo de Sousa ouviu já todos os partidos com assento parlamentar sobre a renovação do estado de emergência. Segundo os relatos das forças após os encontros, o decreto presidencial não irá introduzir mudanças face àquele em vigor atualmente, até 1 de março.

Governo está a preparar plano de desconfinamento, mas PS quer que se evitem “precipitações”

O Governo já “está a preparar com as autoridades de saúde o plano de desconfinamento”, garantiu o secretário-geral adjunto do PS. Ainda assim, José Luís Carneiro sublinhou que é necessário “evitar que as pressões conduzam a precipitações”, referindo-se às exigências dos partidos para que o plano seja apresentado.

O plano está a ser feito “observando os indicadores, procurando verificar se consolidam e extraindo conclusões tão sólidas quanto possíveis para decidir sem precipitações”, reiterou o secretário-geral adjunto do PS, após a reunião com o Presidente da República, sobre o estado de emergência, em declarações transmitidas pela RTP3.

Perante os pedidos que os partidos têm feito para que o Executivo apresente um plano de desconfinamento, José Luís Carneiro reiterou que “temos que evitar que as pressões conduzam a precipitações”. “Muitos dos que estão a exigir planos de desonfinamento, há semanas atrás estavam a exigir rápido confinamento”, atirou o socialista.

José Luís Carneiro defendeu assim que é “importante que se prepare com toda ponderação” o plano, “de forma a que o desconfinamento decorra de forma segura e em condições de suscitar confiança”. O secretário-geral adjunto socialista sublinhou ainda que “importa garantir que apoios sociais e económicos continuem a chegar às pessoas, famílias e empresas”.

Se pandemia não evoluir como esperado, país deverá ter “desconfinamento por regiões”, defende Rio

O PSD defende que o Governo deve apresentar um plano para o desconfinamento, traçando objetivos para a reabertura do país. Rui Rio, à saída da reunião com o Presidente da República, adiantou ainda que caso a evolução dos indicadores não seja a esperada e as metas não forem atingidas, o Governo deve planear um desconfinamento por regiões.

O líder social-democrata apontou que não é necessário calendarizar se desconfinamos daqui a uma semana ou um mês, por exemplo, mas sim que “devem ser estabelecidos objetivos de novos casos, número de internados, internados em cuidados intensivos e valor do R”, com base na opinião dos técnicos.

Já se as metas não forem atingidas e “se todos os indicadores não evoluírem de forma tão positiva quanto nos últimos dias, o país deverá ter também um plano de desconfinamento por regiões, já que há regiões do país com números mais baixos”, reiterou Rui Rio. Esta sugestão contempla também a reabertura de escolas em certas regiões com números mais baixos da pandemia.

Isto para “se a situação se tiver de prolongar muito no tempo, procurar não continuar a penalizar regiões do país” pela situação nacional, explicou Rio.

O presidente do PSD defendeu ainda que o “Governo tem de ter preparado, e notoriamente não tem, uma capacidade acrescida de testagem”, já que, “no momento em que se desconfinar, temos de testar para que casos não voltem a disparar”.

Rio sublinha então que o Governo “vai ter de mostrar planeamento para o que temos pela frente”, nomeadamente “a forma de desconfinar a sociedade e, em particular, as escolas”, uma exigência que tem sido também repetida pelos restantes partidos.

BE exige ao Governo um plano de reabertura para país e escolas

O Bloco de Esquerda defendeu que o Governo “não cumpriu” com a sua obrigação nesta fase da pandemia, porque os apoios sociais e à economia “tardam em chegar” e não é ainda conhecido um plano de desconfinamento. Catarina Martins sublinhou a necessidade de ter este planeamento, bem como de planear a reabertura das escolas.

A população portuguesa “está a fazer um extraordinário esforço para conter pandemia, é necessário que o Governo cumpra, não só com apoios mas também dando algum horizonte ao país sobre possibilidades de reabertura e meios”, reiterou a coordenadora do Bloco, em declarações transmitidas pelas televisões, após a reunião com o Presidente da República sobre o próximo estado de emergência.

Catarina Martins admitiu que o Governo não pode dizer com exatidão o dia do desconfinamento, devido às incertezas sobre a evolução da situação, “mas pode dizer que mecanismos têm no terreno para quando for possível reabrir setores”. O partido quer conhecer o plano para toda economia, mas, nesta altura, as “escolas são prioridade”.

“Não existir nenhum plano [para reabertura de escolas] nesta altura parece-nos muito preocupante”, alertou a coordenadora bloquistas. Para o partido, era preciso um “programa consistente do Governo que estivesse a implementar”, sendo que “não basta número de casos descer, é preciso que escolas tenham condições”.

De recordar que, no último decreto do estado de emergência, Marcelo inscreveu na parte referente ao ensino que “deverá ser definido um plano faseado de reabertura com base em critérios objetivos e respeitando os desígnios de saúde pública”. No entanto, o Governo não avançou com a apresentação de um plano, com o primeiro-ministro a reiterar, no dia após o documento ser conhecido, que era “prematuro” falar da reabertura.

(Notícia atualizada às 18h48)

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