Festivais de música devem voltar a partir de “julho ou agosto”, diz Álvaro Covões
2020 foi um ano particularmente difícil para a indústria dos festivais de música. No entanto, Álvaro Covões revela ao ECO que a "expectativa" é a de que estes eventos sejam retomados no verão.
Quando é que podemos voltar a … É a nova rubrica diária do ECO, numa altura em que se assinala um ano desde que foi confirmado o primeiro caso de Covid-19 em Portugal. Com o confinamento, muitas atividades fecharam portas e a nossa vida mudou. Com a descoberta e distribuição das vacinas, muitos países e algumas atividades já começam a planear o desconfinamento. Em Portugal, quando é podemos voltar ao nosso local do trabalho e às escolas? Quando é que poderemos voltar aos festivais de música e viajar sem restrições? E ao cinema, aos museus e a uma discoteca? Quando é que poderemos voltar a ver futebol nos estádios e ir ao ginásio? Nesta série de artigos fomos falar com responsáveis de cada um desses setores.
O setor da cultura foi um dos mais afetados pela chegada da pandemia a Portugal. Os festivais de música, por exemplo, foram colocados “em pausa”, o que deixou a indústria em sérias dificuldades. No entanto, a esperança é de que o verão de 2021 possa trazer uma progressiva retoma deste género de eventos.
No Reino Unido, o plano de desconfinamento apresentado recentemente pelo Governo prevê o regresso dos festivais para breve. A partir de 21 de junho os festivais de música devem estar de volta a terras britânicas, se a situação pandémica assim o permitir. Em declarações ao ECO, Álvaro Covões, diretor-geral da Everything Is New, acredita que em Portugal poderá acontecer algo semelhante a partir de “julho ou agosto”.
“A expectativa é a de que os festivais de verão, bem como todas as festividades que acontecem nessa estação, possam retomar a sua atividade” já em 2021, refere. Isto porque, por essa altura, estará já no horizonte a tão desejada imunidade de grupo que, como nos relembra o responsável máximo da empresa que organiza eventos como o NOS Alive, deverá ser atingida no mês de agosto, de acordo com as mais recentes informações divulgadas pelo coordenador da task force para o Plano de Vacinação.
Mas, antes disso, deverão ainda ter lugar alguns “eventos-piloto” que permitirão definir qual o melhor modelo para que tal possa acontecer em segurança, tal como “está a ser feito no Reino Unido”. O que está agora a ser planeado “com o Governo e com a Direção-Geral da Saúde” passa pela “organização de eventos-teste, provavelmente em abril”, que permitam a realização de “ensaios clínicos que se foquem numa eventual introdução do sistema de criação de bolhas“, esclarece Álvaro Covões.
Mas em que é que isso consiste? O empresário refere que a ideia passa por garantir que todos os que frequentam o referido evento, “sejam trabalhadores, artistas, técnicos ou elementos do público”, são testados previamente, podendo apenas entrar no recinto aqueles que apresentem um resultado negativo.
Desta forma, será possível avaliar se é possível realizar festivais de música “com mais pessoas” e com “menos distanciamento” – até porque uma redução da lotação deste tipo de eventos também “não faz sentido” na mente dos organizadores, pelo facto destes festivais serem realizados em condições em que o “vírus se dá menos bem”: ao “ar livre” e “no verão”.
É, assim, nestes moldes que a atividade dos festivais de música deverá decorrer até se atingir a imunidade de grupo, com o objetivo de “conseguir criar um sistema ainda mais seguro” do que os que são implementados nos “hospitais” e na “aviação”. Porém, Álvaro Covões destaca que, quando ela já existir, tudo isto “já não faz sentido nenhum”.
"O que está agora a ser planeado “com o Governo e com a Direção-Geral da Saúde” passa pela “organização de eventos-teste, provavelmente em abril.”
Até lá, o uso da máscara deverá “persistir”, pelo menos “até se ganhar a confiança suficiente para se deixar de a usar”. Ainda assim, o diretor-geral da Everything Is New garante que isso não impedirá as pessoas de poderem “desfrutar” dos festivais de verão, ou até mesmo de poderem “beber um copo” no recinto dos eventos.
2020, um ano “violento” para o setor
O ano passado foi particularmente difícil para o setor dos festivais, eventos e espetáculos. Álvaro Covões refere que as quebras foram “superiores a 80%” e, se forem esquecidas as primeiras semanas do ano, que foram de “muita atividade”, as “quebras no volume de trabalho e na faturação” deverão ser “superiores a 90%” a partir do momento em que a pandemia chegou a Portugal, o que “é quase a mesma coisa que estar parado”, refere.
Fica, assim, claro que as consequências económicas da Covid-19 foram amplamente sentidas nesta indústria. Mas o pior será “quando vier a retoma” da atividade, a qual será “lenta” e não garantirá ao setor as receitas a que estava habituado, adianta o também membro da direção da APEFE (Associação de Promotores de Espectáculos, Festivais e Eventos). Será neste contexto que estas empresas terão de voltar a “pagar a totalidade dos seus custos fixos”, numa altura em que irão “findar” todos os apoios que foram criados para tentar minimizar os prejuízos das restrições à atividade criadas pela pandemia.
Para além dos problemas que surgirão nas empresas, que as colocam em risco de “terem de fechar” por não terem condições para aguentar o seu negócio, existe um outro grande risco associado à chegada da pandemia a Portugal: “a possibilidade de várias pessoas poderem ter mudado de profissão ou emigrado por estarem há doze meses sem trabalhar“. Porém, de acordo com o empresário, essa é uma realidade que apenas poderá ser sentida “quando se retomar a atividade”.
Perante uma “paragem” com duração entre “16 a 17 meses”, algumas aprendizagens foram retiradas. “Aprendemos que precisamos de estar mais bem estruturados e mais bem organizados. E aqueles que sobreviverem [a esta crise] têm agora de fazer tudo para estarem mais protegidos no futuro, para que quando houver uma situação parecida não se chegue a este ponto”, finalizou Álvaro Covões.
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