Decisão do tribunal no caso Bragaparques poupa 160 milhões às contas públicas
As Finanças indicam que como "esta despesa não se vai concretizar (nem em 2021 nem em qualquer dos anos futuros)" não haverá assim "qualquer impacto nas contas públicas".
A decisão do Tribunal Central Administrativo Sul, favorável à Câmara de Lisboa, no processo que opõe a autarquia à Bragaparques, irá poupar aos cofres públicos 160 milhões de euros, adiantou o Ministério das Finanças, em resposta à Lusa.
“A indemnização a pagar pelo Município de Lisboa à Bragaparques ficou prevista no Orçamento do Estado para 2021 (OE2021), com um valor de 160 milhões de euros em despesa da Administração Local (0,08% do PIB subjacente ao OE2021)”, indicou o ministério de João Leão.
“A decisão favorável relativamente a este caso, significa que essa despesa não se vai concretizar (nem em 2021 nem em qualquer dos anos futuros) e portanto não terá qualquer impacto nas contas públicas”, adiantaram as Finanças.
Este processo resulta de uma controvérsia entre a autarquia e a empresa com base num negócio feito há quase duas décadas e que pretendia a requalificação da zona.
A autarquia acordou com a Bragaparques uma permuta de terrenos em que os terrenos e os equipamentos culturais do Parque Mayer, então propriedade da empresa, seriam cedidos à Câmara Municipal de Lisboa, que, em troca, cedia à empresa lotes municipais no local da antiga feira popular, em Entrecampos. A Bragaparques adquiriu ainda um terreno lateral à feira, propriedade municipal, que foi a hasta pública.
Em 2004, a permuta dos terrenos deu origem a um processo que acabaria em tribunal, originando uma crise governativa que levou à demissão, em 2007, do então presidente da Câmara, Carmona Rodrigues.
Em 2008, já sob a presidência de António Costa, a Câmara de Lisboa aprovou que a autarquia deveria defender em tribunal a nulidade da permuta dos terrenos, anulação que viria a ser decretada em 2010 pelo Tribunal Administrativo e Fiscal de Lisboa.
Em 2014, a autarquia aprovou um “acordo global” com a Bragaparques para a aquisição dos terrenos da antiga Feira Popular, em Entrecampos, e do Parque Mayer, por 101.673.436,05 euros.
No entanto, no mesmo ano, o grupo Bragaparques pediu num Tribunal Arbitral uma indemnização à Câmara de Lisboa com base nos lucros que deixou de ter devido ao falhanço do processo de permuta dos terrenos, tendo, em 2016, este tribunal fixado que a Câmara de Lisboa teria de pagar uma indemnização de 138 milhões de euros à empresa.
Na sequência desta decisão, a autarquia recorreu e é a decisão deste recurso, conhecida em 09 de março, que está agora em causa.
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