Deco andou 3.000 km num elétrico e diz que os carregadores são poucos, lentos e distantes entre si
"Apesar de o consumidor poupar no combustível e na manutenção, o carregamento elétrico ainda levanta dúvidas junto dos consumidores e as soluções são desiguais nos diferentes países", diz a Deco.
A Deco Proteste percorreu três mil quilómetros de carro 100% elétrico em Portugal, Espanha, Itália e Bélgica, com vista a testar a rede pública de carregamento elétrico e descobriu que faltam postos para carregar veículos, que a distâncias entre eles é demasiado longa, que os carregadores são demasiado lentos e existem dificuldades de pagamento da energia consumida em alguns destes países.
“Apesar de o consumidor poupar no combustível e na manutenção, a tecnologia de carregamento elétrico ainda levanta dúvidas junto dos consumidores e as soluções são desiguais nos diferentes países. No geral, falta uma visão comum e integrada a nível europeu, com postos mais rápidos e melhorias a fazer na lei” conclui a Deco Proteste.
Segundo Alexandre Marvão, especialista em Mobilidade da Deco Proteste, “o legislador, os construtores de carros, as empresas e os operadores de postos ainda têm muito trabalho pela frente para tornarem o carro elétrico uma opção apelativa para os consumidores”.
Para começar, defesa do consumidor diz que é necessário reforçar as leis ou dar acesso a financiamento para que se possam instalar postos de carregamento privados nos edifícios mais antigos e nas novas construções, já que “a melhor forma de carregar um carro elétrico é fazê-lo durante os longos períodos em que está estacionado”. Desta forma, diz a Deco Proteste, “a rede pública fica mais disponível para fazer carregamentos no caso de viagens longas, necessidades pontuais ou quando o consumidor não tem outra forma de carregar o carro”.
Na rede pública, em meio urbano, o estudo verificou que apenas 7% dos carregadores têm potência superior a 42 kWh, pelo que a defesa do consumidor defende a conversão da rede pública para carregadores com mais de 22 kWh e a criação de pontos de carregadores rápidos. Já no caso das autoestradas, a proposta é que as principais rotas tenham carregadores rápidos e ultrarrápidos em todas as estações, com postos suficientes para os veículos que ali circulam.
Outra das limitações verificadas no teste da Deco Proteste à resposta da rede pública de carregamento elétrico foi a grande distância entre carregadores. Fora das localidades, a análise concluiu que é fundamental garantir distâncias inferiores a 50 quilómetros entre postos. O pagamento também deve ser facilitado para os turistas, os utilizadores ocasionais e quem se esquecer do telemóvel. Nestas situações, deve ser possível pagar com cartão de crédito ou débito, dinheiro ou um cartão pré-pago. “Portugal é um bom exemplo de um sistema de pagamento universal, em que o consumidor pode contratar o fornecedor à sua medida e usar o mesmo cartão em todos os postos”, diz a Deco.
Por último, falta, também regulamentar e harmonizar os critérios das tarifas e das taxas extra. “A tarifa tem de ser justa e estar indicada, com informação clara sobre o preço da energia, a par da criação de um protocolo de comunicação comum entre as estações. Só desta forma as apps podem exibir dados fiáveis, como o local, a disponibilidade, o preço e a reserva”, conclui a defesa do consumidor.
Este teste à mobilidade elétrica em Portugal, Espanha, Itália e Bélgica realizou-se entre outubro de 2020 e janeiro de 2021.
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