TAP já perdeu mais de 1.600 trabalhadores na pandemia
Medidas voluntárias, incluindo rescisões por mútuo acordo, iniciaram-se no ano passado, mas aceleraram em 2021. Só este ano, já saíram 580 pessoas da companhia aérea, que poupou 30% com pessoal.
O número de trabalhadores da TAP caiu para 7.526 no final de março. Segundo dados divulgados esta segunda-feira pela companhia aérea, só no primeiro trimestre de 2021 saíram 580 efetivos, elevando o total de despedimentos e saídas voluntárias desde o início da pandemia para 1.617 pessoas. E o processo de rescisões ainda está a decorrer.
Quando o coronavírus chegou à Europa, a TAP empregava 9.143 pessoas. Desde então, o quadro de pessoal ativo reduziu-se em 17,7% devido ao programa de saídas voluntárias implementado no âmbito do plano de reestruturação. A redução já tinha sido iniciada no ano passado, mas acelerou no arranque de 2021.
“Foi implementado um programa voluntário para redução de efetivos, transversal a toda a Companhia, que incluiu medidas laborais como a cessação por mútuo acordo, reforma e pré-reforma, trabalho a tempo parcial e licença sem vencimento, aberto de 11 de fevereiro de 2021 a 24 de março de 2021”, explica o relatório trimestral enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
A TAP implementou ainda um programa de candidaturas voluntárias para transferência de trabalhadores para a Portugália para tripulantes de cabine, pilotos e técnicos de manutenção. Adicionalmente, não foram renovados 386 contratos a termo durante o o primeiro trimestre do ano (que se juntam a mais de mil casos semelhantes em 2020).
A par do programa voluntário — que têm ainda a decorrer uma última fase de adesões –, foram implementadas outras medidas de cortes de custos com pessoal. A 1 de março, entraram em vigor os Acordos de Emergência, com redução salarial para cada grupo profissional. A TAP também aderiu ao esquema de lay-off clássico, adotando um mecanismo de redução do horário de trabalho entre 5% e 90%.
Como resultado das várias medidas, “durante os primeiros três meses de 2021, os custos com pessoal diminuíram cerca de 30% YoY [face ao período homólogo], e é esperado que o impacto total das medidas voluntárias seja superior nos próximos trimestres“, anuncia a TAP.
"Como resultado, durante os primeiros três meses de 2021, os custos com pessoal diminuíram cerca de 30% YoY, e é esperado que o impacto total das medidas voluntárias seja superior nos próximos trimestres.”
As dificuldades financeiras devido às restrições impostas pelos países para controlar a pandemia de Covid-19 levaram a TAP a pedir apoio público. Recebeu, no ano passado, 1,2 mil milhões de euros, condicionados a um plano de reestruturação, que tem como um dos pilares a redução da massa salarial. No total do período tempo desse plano, entre 2020 e 2025, a companhia aponta uma poupança com pessoal de 1,4 mil milhões de euros.
Em termos operacionais, a empresa liderada de forma interina por Ramiro Sequeira está também a trabalhar na renegociação contínua de acordos comerciais e respetivos calendários de pagamento, suspensão de investimentos não essenciais. “As negociações com lessors continuaram durante o 1T21, com o objetivo de diferir pagamento de rendas e reservas de manutenção, bem como a redução de rendas futuras“, acrescenta.
Apesar dos esforços em cortar custos, as contas da empresa continuam no vermelho devido ao impacto da pandemia. Nos primeiros três meses do ano, período marcado por um novo confinamento que deixou em terra muitos dos aviões da companhia aérea, a TAP teve prejuízos de 365,1 milhões de euros.
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