Scor e Covéa assinam tréguas. Mútua deixará de ser acionista da resseguradora
Ao fim de 3 anos desavindas e com processos judiciais a separá-las, as instituições assinaram um protocolo que redefine a relação e vai vigorar nos próximos sete anos.
As administrações da Covéa e da Scor, respetivamente, reunidas a 9 e 8 de junho, aprovaram os pontos-chave de um protocolo de acordo transacional concluído entre a Covéa SGAM, Covéa Coopérations e a Scor SE.
O acordo põe fim a um conflito iniciado em 2018 com a tentativa de aquisição da Scor pela Covéa. A OPA hostil foi rejeitada pela resseguradora e, desde então, não houve paz. Agora, concretizando desejo de pacificação, as partes acreditam numa relação de confiança, fundada no profissionalismo e no respeito recíproco pela independência das partes.
A trégua – formalizada em protocolo (acordo transacional) para vigorar durante os próximos 7 anos, independentemente de quem esteja à frente de cada um dos grupos – vincula as partes de forma irrevogável. Normalizando as relações entre os dois grupos, o protocolo foi assinado sob a égide de Jean-Paul Faugère, vice-presidente da Supervisão francesa (ACPR) e fixa um conjunto de compromissos, entre os quais a saída ordenada da Covéa do capital da Scor, participada em cerca de 8,5% pela mútua de seguros.
A Scor fica com opção de compra da parcela em causa e, dispondo de um prazo de 5 anos, é livre de transferir o lote de ações para uma terceira parte por si designada. Durante os sete anos de duração do acordo, a Covéa não pode comprar mais ações da Scor e renuncia a avançar (ou apoiar) qualquer nova oferta de aquisição (formal ou informal, direta ou indireta, pública ou privada) visando controlo da Scor (salvo sob recomendação do board da Scor) e assume, enquanto se mantiver como acionista, posicionamento alinhado com a estratégia da resseguradora.
O protocolo determina que as partes retirem, de imediato, todas ações judiciais intentadas contra a outra (filiais, dirigentes, administradores e colaboradores) desde a proposta de compra apresentada em 2018 e que a Covéa pague 20 milhões de euros a título de indemnização à resseguradora.
Além de obrigadas a não se denegrirem (por atos ou intenção de qualquer natureza, visando honra, reputação, bom nome e imagem das empresas, filiais, dirigentes e mandatários), as companhias também reativam a colaboração no negócio de resseguro. Neste particular, a Scor transferirá para a Covéa 30% da sua carteira de negócio Vida na Irlanda (incluindo prémios, comissões e sinistros até que expirem os tratados de resseguro subjacentes). O preço de aquisição deste portefólio, com base na melhor estimativa de responsabilidades em final de dezembro de 2020 (Best Estimate Liabilities), eleva-se a cerca de 1 000 milhões de dólares, detalha o comunicado da Scor.
Segundo alguns analistas, a transação resulta benéfica para ambas, servindo à Covéa para diversificar no ramo Vida e à Scor que poderá usar o encaixe para reforçar em não Vida.
Com este desfecho, visto por outros como vitória da resseguradora após a OPA não solicitada há 3 anos, Covéa e Scor estão firmemente convencidas que um futuro assim traçado permitirá “abrir um novo período de confiança no interesse de ambas as partes, dos seus intervenientes” e, de um modo mais geral, da indústria seguradora francesa e da praça financeira parisiense.
Numa nota conjunta, Thierry Derez, presidente e CEO do grupo Covéa (entidade que agrega MAAF, MMA e GMF), e Denis Kessler, presidente e CEO da Scor SE, congratulam-se com o espírito de responsabilidade partilhada no acordo apadrinhado pela ACPR.
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