Parque solar da EDP vai flutuar no Alqueva com cortiça portuguesa e plástico reciclado

A partir do verão a EDP começa a cobrir quatro hectares da albufeira do Alqueva com mais de 11 mil painéis solares. Já os 25 mil flutuadores que suportam a estrutura têm cortiça e plástico reciclado.

E se à energia solar flutuante que a EDP quer começar a instalar na albufeira do Alqueva já este verão se aliasse uma tecnologia inovadora, mais sustentável, que permita precisamente aos milhares de painéis fotovoltaicos manterem-se à tona de água? O resultado está à vista: EDP, Corticeira Amorim e a espanhola Isigenere juntaram-se numa parceria para criar flutuadores que misturam cortiça com polímeros reciclados para o novo parque solar que vai nascer no Alqueva. O objetivo é alcançar uma pegada de carbono neutra.

“A EDP lançou o desafio: criar um flutuador mais sustentável para os mais de 11 mil painéis e 25 mil flutuadores que compõem a estrutura do futuro parque solar flutuante na albufeira do Alqueva. Após um intenso trabalho de colaboração com a Corticeira Amorim e o fabricante espanhol Isigenere, ao longo de mais de 12 meses, foi possível desenvolver um material inovador, tendo por base um novo compósito de cortiça, e que será testado pela primeira vez num projeto de produção de energia renovável”, explica a elétrica em comunicado

O novo material combina então cortiça – uma matéria-prima 100% natural, reciclável e biocompatível – com polímeros reciclados e foi desenvolvida na i.Cork factory, a fábrica-piloto e hub de inovação da Amorim Cork Composites, unidade de aglomerados compósitos da Corticeira Amorim. O processo de criação contou ainda com o contributo da Isigenere, que trabalha no desenvolvimento de sistemas solares flutuantes e criou o sistema Isifloating.

Além da incorporação da cortiça, o novo flutuador fotovoltaico fabricado com este novo compósito irá também substituir parte do plástico virgem utilizado nos flutuadores convencionais por plástico reciclado. De acordo com a EDP, isto permitirá alcançar uma redução de, pelo menos, 30% da pegada de CO2.

Com um investimento superior a quatro milhões de euros e um sistema de armazenamento com baterias, o novo parque solar flutuante da EDP vai ocupar quatro hectares na albufeira do Alqueva. Está previsto que os trabalhos no terreno arranquem no verão e que, no final deste ano, já possa estar a produzir energia. Com uma capacidade de produção anual de 7,5 GWh, a expectativa é que venha a abastecer o equivalente a 25% dos consumidores da região (Portel e Moura).

“Aliar inovação à sustentabilidade é uma estratégia que a EDP considera decisiva no desenvolvimento dos seus projetos e no contributo para uma transição energética que é urgente acelerar”, considera Ana Paula Marques, administradora executiva da EDP e presidente da EDP Produção.

Por seu lado, o presidente e CEO da Corticeira Amorim, António Rios de Amorim, sublinha que “desde há muito tempo que a cortiça é utilizada no mercado energético, mas o seu potencial está, agora, a ganhar uma nova força. Da energia solar e eólica, à mobilidade elétrica, a ambição passa por, a médio prazo, fazer deste setor um dos principais pilares de crescimento da Corticeira Amorim na área dos materiais compósitos”.

Enaltecendo a vantagem de a cortiça “ter uma capacidade de contribuição negativa em termos de CO2,” reforçou ainda que “a aplicação deste material no setor da energia evidencia-se pelas suas características técnicas naturais. A resistência a temperaturas extremas, a compatibilidade química, a resiliência, as propriedades anti-vibráticas e a baixa condutibilidade térmica são atributos que valorizam o potencial desta matéria-prima em inúmeras aplicações deste setor”.

Já Andrés Franco, presidente executivo da Isigenere, considera que “a aplicação de cortiça no sistema Isofloating é mais um passo no compromisso com a sustentabilidade. A nossa experiência no solar flutuante já nos levou a desenvolver um sistema com menor emissão de CO2 na parte logística, que é fator-chave neste tipo de projetos. Agora avançamos com o uso de materiais naturais e inovadores que reduzem ainda mais o impacto de CO2, mantendo a elevada qualidade e durabilidade que distingue a nossa tecnologia”, explica.

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