A felicidade dá dinheiro. Estas são as empresas mais felizes
"A felicidade é lucrativa”, afirmou o CEO da PHC, a empresa que ocupou o 1.º lugar do pódio "Happiness Works". Investir no bem-estar das pessoas é fundamental para obter resultados positivos.
Há mais de dez anos, quando arrancou a Happiness Works, que todos os anos distingue as empresas mais felizes, falar em felicidade nas empresas era quase esotérico. Hoje, a felicidade corporativa está na ordem do dia, com muitas companhias a criarem até cargos de diretores de felicidade ou happiness chief officer. E não é por acaso. A felicidade das organizações já mostrou não ser apenas um tema romântico: colaboradores felizes geram retorno para as empresas.
Os números são claros. Os trabalhadores felizes faltam menos 36%, têm menos 45% de vontade de mudar de empresa e sentem-se 9% mais produtivos, segundo o estudo “Happiness Works 2021”, apresentado no evento “Empresas Felizes 2021”, por Georg Dutschke, um dos fundadores desta iniciativa, juntamente com Guilhermina Vaz Monteiro.
A média de felicidade nas empresas, numa escala de um (menos feliz) a cinco (mais feliz), situa-se nos 3,8 na edição deste ano (exatamente a mesma pontuação face a 2020). Mas há que dar um salto estratégico para subir de patamar, defende o investigador. Para Georg Dutschke, a felicidade das empresas resulta, não tanto de benefícios atribuídos aos colaboradores – como cheques para ginásio ou oferta de cabazes de fruta, por exemplo -, mas de uma forte cultura organizacional. “Ainda bem que as empresas têm este tipo de benefícios, mas trata-se apenas de momentos. Se quero realmente investir no bem-estar das pessoas, tenho de criar cultura. É esta a visão estratégica que ainda falta. É o passo que falta dar para passar este patamar dos 3,8”, disse, durante o evento que deu a conhecer também as empresas mais felizes de 2021.
Propósito gera felicidade
Comunicação e informação, com 4,2, é o setor onde as pessoas se sentem mais felizes, seguindo-se o da construção e imobiliário (4,1) e o da consultoria e ensino (3,9). Do outro lado da escala da felicidade está o Estado: com 3,3 é o setor menos feliz, à semelhança do que acontece desde 2012, ano em que se iniciou o estudo. Pelo meio, estão os de saúde e apoio social, transportes e logística e turismo, bem como o de restauração e lazer (os três com uma classificação de 3,6).
Que combinação de fatores tornam os trabalhadores felizes numa organização? Independentemente do setor no qual trabalham, os momentos que os fazem mais felizes no contexto profissional, dizem os colaboradores, são as relações entre os colegas, o reconhecimento, a entreajuda, os eventos, os resultados, os clientes felizes, o ambiente
interno, a aprendizagem e, finalmente, a evolução profissional. Crucial na felicidade dos colaboradores é a existência de um propósito. Empresas em que o propósito está definido e é reconhecido têm uma pontuação de 4,3, valor superior aos 3,1 das organizações em que as pessoas não reconhecem a existência de um propósito, de acordo com o estudo.
"Devemos escolher entre produtividade e felicidade? Entre vida pessoal e vida profissional? Ou entre família ou carreira? Lucro ou propósito? Devemos decidir isto? Não. Devemos, sim, decidir todos juntos.”
“O propósito não é sobre nós, é sobre o impacto que temos”, defende João Pedro Tavares, presidente da Associação Cristã de Empresários e Gestores (ACEGE), na sua intervenção no painel de debate sobre o propósito. “Devemos escolher entre produtividade e felicidade? Entre vida pessoal e vida profissional? Ou entre família ou carreira? Lucro ou propósito? Devemos decidir isto? Não. Devemos, sim, decidir todos juntos”, disse. “Devemos pôr estes valores todos juntos. Decidir entre recursos económicos e recursos humanos é um grande erro. O mundo não está dividido entre o que é e o que não é lucrativo”, acrescentou o presidente da ACEGE, reconhecendo, no entanto, que juntar variáveis económicas e não económicas pode ser um grande desafio.
Para Mário Ceitil, presidente da Associação Portuguesa de Gestão das Pessoas (APG), o sentimento de felicidade converte-se em dinheiro e, em última instância, as organizações querem criar riqueza. “E o principal elemento que pode gerar maior riqueza nas organizações é a aposta nas pessoas. É a aposta mais sábia e, ao mesmo tempo, mais lucrativa que uma organização pode ter.”
PHC é a empresa mais feliz de 2021
Ricardo Parreira, CEO da PHC Software, a empresa mais feliz de 2021, segundo o “Happiness Works 2021”, confirma esta visão. “A felicidade é lucrativa”, disse o gestor no seu discurso de aceitação do primeiro lugar do ranking. Mas a felicidade dos colaboradores “não acontece por acaso”, é algo que “requer investimento”, destacou o CEO da tecnológica.
O segundo e terceiro lugares do pódio foram ocupados pela IT People e pela Milestone. Foram ainda distinguidas no Top 20 das empresas mais felizes, por ordem alfabética, as seguintes: Altronix, Amco, AMT Consulting, Grupo Bernardo Costa, Cobelba, Conectys, Grupo Your, Mendes Gonçalves, Near Partner, Quilaban, Samsys, Smart Consulting, Solfut, WYgroup, YKK Portugal, Ytech e Zolve.
O “Happiness Works 2021” obteve um recorde de 6.380 respostas de colaboradores e analisou cerca de 300 empresas, identificando duas dezenas que constituem exemplos de felicidade organizacional.
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