PAN assume vontade de governar “se eleitores entenderem que tem maturidade suficiente”
A nova líder parlamentar assume que o partido tem vontade de governar e que não irá fugir a essa responsabilidade caso a oportunidade surja. E afasta a ideia de que o PAN está demasiado colado ao PS.
Já arrancaram as negociações para o Orçamento do Estado 2022 (OE 2022), num ano que será marcado pelas eleições autárquicas, que podem mudar o xadrez político. Ao longo deste verão quente o ECO vai ouvir Governo, partidos, parceiros sociais e empresários sobre um Orçamento que ainda não tem aprovação garantida e que está a ser desenhado no meio de uma pandemia. Leia aqui todos os textos e as entrevistas, Rumo ao OE.
Que não haja dúvidas: o PAN quer governar. Quem o assume é a nova líder parlamentar do partido, Bebiana Cunha, em entrevista ao ECO: “Estamos cá para fazer parte de solução governativa”. Para encarregar-se dessas responsabilidades apenas falta que os eleitores entendam que o PAN tem “maturidade suficiente” para fazer parte de um Governo.
“Entendemos que aquilo que poderá ser um maior desafio ao nível do diálogo, da exigência, da representação passa também por ter funções executivas”, explica a deputada do PAN, notando que o objetivo de qualquer partido político é “poder executar as suas políticas porque caso contrário estamos sempre dependentes da vontade e calendário de outrem”.
Esta é a ambição do PAN com a nova liderança de Inês Sousa Real, após a saída de André Silva, até aqui a figura mais conhecida do partido, e num momento em que as sondagens indicam um reforço das intenções de voto, face às legislativas de 2019, e em que faltam dois anos para as próximas eleições legislativas. Caso reforce o seu grupo parlamentar, o partido poderá ser fulcral para viabilizar maiorias governativas, seja à esquerda seja à direita.
Em 2020 o PAN tornou-se uma das peças essenciais para o Governo PS viabilizar o Orçamento após a rotura com o Bloco de Esquerda, mas a líder parlamentar não considera que o partido se tenha tornado do “sistema”. “Dado que a visão do PAN tem sempre um ponto de vista ecocêntrico, global, de políticas integradas, evidentemente que nos permite manter o distanciamento e a crítica necessária ao sistema, ao mesmo tempo que temos um pé dentro do sistema“, diz, referindo que faz parte do sistema democrático instituído pela “via do diálogo”. “Seria muito mais fácil cruzarmos os braços e não discutirmos um Orçamento do Estado”, remata.
Seria muito mais fácil cruzarmos os braços e não discutirmos um Orçamento do Estado.
Porém, corre o risco de colocar-se demasiado ao PS por, além do Orçamento, ter coligações eleitorais como a de Cascais? Bebiana Cunha rejeita essa ideia: “O PAN vai apresentar 42 candidaturas autárquicas. Se por via da existência de dois acordos de coligação [com o PS] isso significa que estamos colados a outro partido parece-me bastante exagerado e não representa aquela que é a nossa posição”, responde, garantindo que o partido não perdeu a sua identidade.
“Significa apenas que estamos disponíveis para fazer alguns compromissos, algumas cedências, sem que estas sejam do ponto de vista dos nossos valores e princípios“, explica a líder parlamentar do PAN, notando que, “pelo contrário, às vezes [os compromissos] potenciam o alcançar de determinadas matérias que são fundamentais e que às vezes só se consegue por via desse diálogo e acordo”.
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