Calçado português “resistiu melhor” que os concorrentes ao impacto da pandemia
“Sinais de recuperação” seguem-se a um ano de 2020 “extremamente difícil para as empresas portuguesas de calçado”, assinala a associação setorial.
A indústria portuguesa de calçado “resistiu melhor” ao impacto da pandemia do que os concorrentes e evidencia já “sinais de recuperação” no primeiro semestre deste ano, com um crescimento homólogo de 12,3% das exportações, assinala a associação setorial.
Segundo o Gabinete de Estudos da Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes, Artigos de Pele e Seus Sucedâneos (APICCAPS), “o setor está, ainda, dependente de vários indicadores” – desde a evolução da pandemia, à situação no Afeganistão, aumento dos custos das matérias-primas e dificuldades logísticas – mas “dificilmente atingirá já este ano os níveis de 2019”.
Até junho, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), Portugal exportou 33 milhões de pares de calçado, no valor de 752 milhões de euros, o que representa um crescimento homólogo de 12,3%.
De acordo com a associação, estes “sinais de recuperação” seguem-se a um ano de 2020 “extremamente difícil para as empresas portuguesas de calçado”, que terminou com uma quebra de 16,3% das vendas para o exterior, com 61 milhões de pares de calçado vendidos no valor de 1.494 milhões de euros. “Ainda assim, num ano de todas as dificuldades, Portugal ganhou quota de mercado”, salienta a APICCAPS.
Isto porque, em 2020, os principais concorrentes da indústria portuguesa de calçado sofreram um impacto ainda maior: a Itália (8.000 milhões de euros exportados) registou uma quebra de 23% e Espanha de 16,1% (para 2.400 milhões de euros).
Ao nível da produção, Portugal registou uma quebra de 13,2% no ano passado, para 66 milhões de pares, cerca de metade da quebra registada por Itália (-26,8%, para 131 milhões de pares) e por Espanha (-26,5%, para 72 milhões de pares). Globalmente, as exportações europeias de calçado diminuíram 18,6% em 2020.
A associação aponta “a Europa, por agora”, como “um grande motor de crescimento do setor”. “Destaque para o crescimento na Alemanha – que supera, mesmo, a França e ascende ao primeiro lugar entre os grandes mercados do setor – com um crescimento de 39,4%, para 186 milhões de euros”, refere.
No espaço comunitário, salienta ainda os “bons desempenhos” nos Países Baixos (mais 12,3%, para 111 milhões de euros) e Espanha (crescimento de 2,9%, para 52 milhões de euros), sendo que também no Reino Unido há “bons indicadores” a reportar (mais 14,1%, para 41 milhões de euros).
Já fora do espaço europeu, os EUA (mais 10%, para 33 milhões de euros), China (mais 32,8%, para 9,6 milhões de euros) e Canadá (mais 41,2%, para 9,5 milhões de euros), também “dão bons sinais”.
No plano externo, a APICCAPS destaca que “Portugal continua a apresentar, entre os principais produtores mundiais, o segundo maior preço médio de exportação, não obstante o esforço significativo de diversificar a oferta, através de produtos em matérias-primas alternativas à pele”. “No segmento específico do couro, Portugal perfila-se como o 9.º exportador mundial, com uma quota de 3,1%, mas é no segmento ‘waterproof’ [à prova de água] que Portugal mais se distingue: é atualmente o 4.º a nível mundial, com uma quota de 3,7%”, precisa.
Segundo a associação, também o setor de artigos de pele e marroquinaria “apresenta bons indicadores” este ano, apresentando no primeiro semestre um crescimento de 21,4% nas exportações, para 84 milhões de euros. Neste setor, os mercados de Espanha (mais 6,1%, para 21 milhões de euros), França (mais 14,9%, para 16 milhões de euros), Turquia (mais 31,8%, para 11 milhões) e EUA (mais 370%, para sete milhões de euros) destacam-se pela evolução registada.
“Ainda que com um desempenho geral mais modesto”, o subsetor de componentes para calçado parece também estar a “animar” em 2021: de janeiro a junho, exportou 23 milhões de euros, o que representa um crescimento de 2,2% relativamente a 2020, avança a APICCAPS.
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