Mulheres ocupam quase um quarto dos cargos de direção a nível mundial
Europa e América do Norte têm em média, respetivamente, 34,4% e 28,6% de mulheres na administração de empresas. O país líder em mulheres diretoras é a França, com uma percentagem de 45%.
O fosso entre homens e mulheres na liderança de topo das empresas tem vindo a diminuir. Entre 2015 e 2021, a percentagem de mulheres em conselhos de administração subiu 8,9 pontos percentuais, para uma média a nível global de quase 24%. E, ao mesmo tempo, a percentagem de mulheres em cargos executivos de topo melhorou em 2021 para uma média de 19,9%, mais 2,3 pontos percentuais do que em 2019, revela um relatório publicado esta terça-feira pelo ‘think thank’ Credit Suisse Research Institute (CSRI).
Avaliando a percentagem de mulheres nos conselhos de administração desde o início da década, a média mais do que duplicou, nota o relatório intitulado “Gender 3000 in 2021: Alargando o debate sobre a diversidade”. Esta melhoria é encabeçada pela Europa e a América do Norte, que têm em média, respetivamente, 34,4% e 28,6% de mulheres com lugares em salas de administração de empresas. O país líder em mulheres diretoras na administração é a França, com uma percentagem de 45%.
A região da Ásia-Pacífico surge com uma média de 17,3%, mas há diferenças consideráveis entre os países que a compõem: a representação feminina nos conselhos de administração varia entre 34% na Austrália e na Nova Zelândia — onde os requisitos de divulgação e o foco na sustentabilidade empresarial são provavelmente mais próximos aos modelos europeu e norte-americano — e um mínimo de 9% na Coreia do Sul. Este indicador é de 12,7% na América Latina.
Significa isto que, embora se admitam melhorias em todos os países, a agulha tem vindo a mover-se de uma forma particularmente positiva na Austrália e na Nova Zelândia, juntamente com Singapura e Malásia. Na outra face da moeda, o progresso para uma maior diversidade nos quadros administrativos tem sido lento nas empresas das principais economias asiáticas (China, Índia, Japão e Coreia), tal como na América Latina.
A Europa e a América do Norte também lideram na maior percentagem de mulheres em funções de gestão de topo, mas a divisão entre estas regiões e o resto do mundo é muito menor do que ao nível da administração. A diferença quanto aos cargos executivos é de apenas um ponto percentual.
As mulheres CEO a nível mundial aumentaram em 27%, mas ainda representam apenas 5,5% do total, enquanto as mulheres no cargo de CFO subiram em 17%, representando atualmente 16% do total de CFO no mundo. Com 6,7%, a Europa tem a maior percentagem de mulheres como CEO e registou também o maior aumento desde 2019. Porém, a proporção na Ásia, excluindo o Japão, continua a subir, com 6,2%, enquanto a dos EUA está em 5,6%. Como CFO, as mulheres estão particularmente bem representadas na Ásia-Pacífico, sem incluir o Japão. As mulheres da região estão próximas de representar um quarto dos CFO, bem à frente da Europa e dos EUA.
No que toca ao fosso de género no empreendedorismo, o relatório mostra que a representação feminina relativa melhorou nos últimos cinco anos, com o rácio de startups fundadas por mulheres em relação às formadas por homens a aumentar de 0,62 para 0,73. Contudo, as empresas fundadas por mulheres são mais pequenas do que as empresas fundadas por homens, e apresentam menores receitas e menor valorização.
Aliás, entre os 100 melhores unicórnios do mundo, nenhum é fundado só por mulheres. Embora os ativos sob gestão dedicados ao “investimento nas lentes de género” tenham aumentado para 10 mil milhões de dólares no 1.º trimestre de 2021, mais pode ser feito para melhorar ainda mais a representação das mulheres no empreendedorismo.
A CEO de Sustentabilidade, Pesquisa e Soluções de Investimento do Credit Suisse, Lydie Hudson, considera que “a diversidade e a inclusão estão no centro do foco da sustentabilidade empresarial entre investidores e decisores políticos, formando especificamente as expectativas no que toca à boa governação”.
Já o chefe da Pesquisa Temática Global do Credit Suisse diz ser “animador” verificar um aumento contínuo da diversidade nos quadros dos conselhos de administração. Segundo Richard Kersley, estes dados refletem a “correlação positiva” entre a diversidade de género e o desempenho superior das empresas. Contudo, não declara existir causa e efeito na análise, apontando apenas para a correlação “observável e duradoura”. “Embora saibamos com certeza que a diversidade de género na gestão e na sala de reuniões está a aumentar globalmente, ainda há muito espaço para melhorias, particularmente em países asiáticos emergentes e notáveis“, lê-se no comunicado que acompanha o relatório.
O relatório do CSRI “Gender 3000” analisa os progressos feitos ao nível da diversidade de género num universo de 3.000 empresas em 46 países, com base em 33.000 executivos superiores.
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