Retalhistas reforçam contratações para “salvar o Natal”

Só a Worten e o El Corte Inglés têm mais de mil vagas para preencher. Fnac recruta até mais 15% e Ikea identifica reforços desde o verão. Retalhistas confiam na recuperação das vendas natalícias.

Depois de um Natal de 2020 que ficou marcado pelas restrições da pandemia, com limites à ocupação das lojas e os consumidores desconfiados sobre o impacto da crise que aí vinha, este ano os retalhistas acreditam na recuperação das vendas e já estão a reforçar as equipas para este período de festas, que arranca em novembro com a Black Friday e se prolonga até ao Natal. em duas cadeias, há mais de mil vagas por preencher.

Na Worten são “cerca 500 novos contratados, maioritariamente para as funções de vendedor e operador de logística”, adianta António Fuzeta da Ponte, diretor de marca e comunicação da cadeia de retalho especializado. A empresa do grupo Sonae diz que “o objetivo é corresponder a um maior fluxo de clientes, expectável nesta altura do ano, que também inclui a época de Black Friday, continuando a prestar um serviço e atendimento de qualidade”.

“A vacinação irá trazer, certamente, uma maior tranquilidade aos consumidores, que, ao contrário do Natal passado, deverão sentir-se mais à vontade para fazer as suas compras nas lojas físicas e isso será positivo para o negócio da Worten, que tem cerca de 200 lojas físicas por todo o país”, aponta o gestor, notando ainda o “crescimento exponencial” da loja online nos últimos dois anos e confiando manter o tráfego digital nesta reta final do ano.

O objetivo é corresponder a um maior fluxo de clientes, expectável nesta altura do ano, que também inclui a época de Black Friday, continuando a prestar um serviço e atendimento de qualidade.

António Fuzeta da Ponte

Diretor de marca e comunicação da Worten

O El Corte Inglés também já anunciou a contratação de mais de 600 pessoas para diferentes cargos. Os novos funcionários vão desempenhar funções de vendas e atendimento ao cliente e serão integrados nas áreas de moda, acessórios, decoração e casa, eletrónica, brinquedos, lazer, desporto e alimentação, além de serviços especiais para essas datas, como o embrulho de presentes.

Na Fnac, que no último Natal precisou de reforçar também a operação de e-commerce e logística devido ao aumento das compras via Internet, o reforço neste ano “ronda os 10% a 15%”, sobretudo para dar apoio em loja. O número exato vai “depender essencialmente do regresso à normalidade em termos de tráfego e do crescimento do online”, prometendo “agilidade” para manter o nível de serviço aos clientes.

Já em termos de negócio, fonte oficial da Fnac diz que espera crescer nas vendas em relação a 2019, embora tudo dependa do contexto em que o país chegará ao Natal, em particular, a situação da Covid-19. “Será fundamental [ter] a confiança da população e um sentimento de recuperação económica, mas também não existirem restrições legais para o acesso aos shoppings e às lojas”, ressalva.

Planear e recrutar para vender mais

Com um total de cinco lojas – Alfragide, Braga, Loures, Loulé e Matosinhos – e três pontos de estúdios de planificação (Cascais, Seixal e Sintra) – está prevista a abertura de outros três em Setúbal, Coimbra e Leiria –, a Ikea Portugal diz que tem processos de recrutamento “contínuos” e, neste momento, está focada “em processos mais internos por todo o país”, com incidência na zona de Lisboa: centro de apoio ao cliente e lojas de Alfragide e Loures.

Ainda assim, o recrutamento de Natal este ano será “menos significativo” do que o processo que decorreu durante o verão, pois já foram “identificados alguns colaboradores no período anterior que irão garantir a resposta às necessidades [da empresa] e dos clientes nesta fase”, indica Cláudia Domingues, diretora de comunicação da Ikea Portugal.

Cláudia Domingues, responsável de comunicação da IKEA Portugal.IKEA Portugal

As vendas da Ikea em Portugal subiram 5%, para 462 milhões de euros, no ano fiscal terminado em agosto, impulsionadas pela performance online. A pouco mais de dois meses do Natal, a porta-voz indica ao ECO/Pessoas que a multinacional de origem sueca mantém-se “aberta às mudanças e a aprender a conviver com previsões muito incertas”, mas acredita que tem “condições para continuar a crescer e a desenvolver a estratégia” desenhada para Portugal.

No processo que decorreu durante o verão já foram identificados alguns colaboradores que irão garantir a resposta às nossas necessidades e dos nossos clientes nesta fase do Natal.

Cláudia Domingues

Diretora de comunicação da Ikea Portugal

Quem também está a “adequar – e sempre que necessário a reforçar – a composição e dimensionamento das equipas que suportam as operações de loja e logística” é a Sonae MC, que descreve um planeamento em atualização contínua para “[garantir] que, nomeadamente nesta época festiva, nada faltará aos clientes”.

Confiante de que as melhores perspetivas ao nível do controlo da pandemia vão ajudar à retoma da atividade e à “crescente normalização do consumo das famílias”, a dona do Continente assegura que está a “preparar afincadamente a próxima época festiva, com criatividade e capacidade de ajuste às restrições da pandemia, (…) comprometida em proporcionar o melhor Natal possível às famílias portuguesas”.

Outubro, novembro e dezembro são meses críticos e em que se recuperam muitas das vendas que não se fizeram durante o ano. Estamos a encarar este período com bastante otimismo.

Gonçalo Lobo Xavier

Diretor-geral da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição

Do vestuário ao mobiliário, passando pelos brinquedos ou pela área desportiva, o retalho especializado, que foi o que mais sofreu com os confinamentos, está a registar uma recuperação, atesta o diretor-geral da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED). Em alguns destes segmentos, a faturação do terceiro trimestre já ficou acima do nível anterior à pandemia e Gonçalo Lobo Xavier conta fechar o ano da melhor forma, apesar do “cocktail explosivo” que pode esvaziar algumas prateleiras em Portugal.

Gonçalo Lobo Xavier, diretor-geral da APED.Paula Nunes/ECO 18 junho, 2018

“Tradicionalmente, outubro, novembro e dezembro são críticos para distribuição e para o retalho, sobretudo o especializado. São meses em que se recuperam muitas das vendas que não se fizeram durante o ano. Se juntarmos o facto de estarmos a sentir níveis de confiança muito interessantes da parte do consumidor e também níveis de poupança relevantes e que se vão manifestar naturalmente no aumento do consumo, estamos a encarar este período com bastante otimismo”, remata o diretor-geral da APED.

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