Biden admite que EUA foram “desajeitados” no negócio dos submarinos australianos
“Acho que, para usar uma expressão em inglês, o que fizemos foi desajeitado”, reconheceu Biden.
O Presidente dos EUA, Joe Biden, reconheceu esta sexta-feira que os norte-americanos foram “desajeitados” na forma como orquestraram um acordo secreto de venda de submarinos à Austrália, prejudicando os interesses franceses.
Durante um encontro em Roma com o Presidente francês, Emmanuel Macron, na véspera de uma cimeira do G20, Biden não pediu desculpa pelo acordo de Defesa entre Estados Unidos da América (EUA), Reino Unido e Austrália (conhecido como AUKUS), mas admitiu que o seu país não deveria ter permitido que a diplomacia de Paris fosse apanhada de surpresa com o contrato de venda de submarinos nucleares a Camberra.
“Acho que, para usar uma expressão em inglês, o que fizemos foi desajeitado”, disse Biden, acrescentando que o negócio dos submarinos “não foi feito com muita elegância”.
“Eu fiquei com a impressão de que a França já tinha sido informada há muito tempo”, explicou Biden, para justificar não ter transmitido a informação da venda de submarinos à Austrália, que pôs em causa um anterior contrato de venda de submarinos convencionais franceses.
Os EUA argumentaram que a medida, que irá reforçar os sistemas de defesa do aliado do Pacífico com navios movidos a energia nuclear, permitirá que a Austrália contenha a expansão chinesa na região.
Mas Paris argumentou que Washington os enganou sobre as negociações com a Austrália e acusou Biden de estar a usar táticas idênticas às do seu antecessor, Donald Trump, mostrando-se particularmente afetada por ter sido mantida no escuro nas alterações geopolíticas do Indo-Pacífico, onde a França tem territórios com dois milhões de habitantes e sete mil soldados destacados.
A disputa desafiou a imagem cuidadosamente trabalhada por Biden, que quer mostrar estar empenhado em estabilizar e fortalecer a aliança transatlântica, após a presidência de Trump, obrigando a França, pela primeira vez em cerca de 250 anos de relações diplomáticas, a retirar o seu embaixador nos EUA, como forma de protesto.
O encontro desta sexta-feira entre Biden e Macron foi organizado pela França.
O conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Jake Sullivan, disse que os dois líderes iriam “literalmente cobrir todas as questões que a aliança EUA-França enfrenta”, incluindo o contraterrorismo no Médio Oriente, China e questões comerciais e económicas.
Enquanto os EUA se concentram na Ásia, Macron está a procurar reforçar as próprias capacidades de defesa da Europa, nomeadamente através do fornecimento de mais equipamentos militares e operações militares no exterior.
A França também está determinada em colocar “força” na estratégia geopolítica da Europa em relação a uma China cada vez mais assertiva, disse o embaixador da França na Austrália, Jean-Pierre Thebault, em declarações no início deste mês.
Num outro tema tratado no encontro entre os dois líderes, Macron disse esperar que Biden assuma um novo “compromisso” de apoiar as operações antiterroristas francesas na região do Sahel na África.
Macron disse que os dois aliados desenvolverão “uma cooperação mais forte” para evitar que um mal-entendido semelhante aconteça novamente.
“O que realmente importa agora é o que faremos juntos nas próximas semanas, nos próximos meses, nos próximos anos”, explicou o Presidente francês.
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