“PS não pode ser barriga de aluguer de partidos com menos votos”, diz Manuel Alegre
O histórico socialista defende que "António Costa tem de olhar à esquerda e à direita", porque esta geringonça morreu e é preciso saber fazer o luto.
Manuel Alegre antecipa umas eleições legislativas muito disputadas e não acredita que algum partido consiga uma maioria. Em entrevista ao Jornal de Notícias (acesso livre) e TSF (acesso livre) antecipa que a atual geringonça morreu e que António Costa deve olhar à esquerda e à direita, mas também ouvir atores fora da vida política.
“Creio que as eleições vão ser muito disputadas, de uma maneira ou de outra”, diz Manual Alegre, acrescentando que “maiorias de um só partido” será “muito difícil”. “Com a entrada em cena de novas formações políticas, também se alterou. Não antevejo que seja fácil a formação de maiorias claras, maiorias naturais, que surjam do próprio resultado eleitoral. Está tudo em aberto. Há uma grande indefinição no país e no mundo”, analisa o poeta que foi deputado durante 34 anos.
Na sua opinião a “esta geringonça acabou e é preciso saber fazer o luto“. “Nasceu em circunstâncias muito especiais. Houve mérito, naquela altura, de acabar com o arco de governação, dar uma nova centralidade ao Parlamento, mas esta geringonça acabou. Não quer dizer que não sejam possíveis novos entendimentos políticos, mas com outros critérios”, defende Manuel Alegre. O histórico socialista acrescenta ainda que “o PS não pode ser uma barriga de aluguer de partidos com menos votos e que depois procuram impor os seus programas à custa do partido mais votado. Isto não é claro, não é certo”. “Não gostei da maneira como este Orçamento foi abaixo”, diz.
A António Costa aconselha que não esqueça a esquerda “porque é o líder do maior partido da esquerda”. “Mas também não pode esquecer o centro. O Partido Socialista foi sempre, como o Mário Soares dizia, o partido charneira. E no dia em que o deixar de ser, deixará de ter a força que tem tido até agora na democracia portuguesa. Portanto, ele tem de olhar à esquerda e tem de olhar à direita. E tem de ouvir para fora de si próprio, os partidos estão muito voltados para dentro, muito autocentrados, é preciso ir buscar as forças dinâmicas da sociedade, à universidade, ao empreendedorismo”. Um conselho que resulta também da análise dos resultados das autárquicas que, no seu entender revelam “sinais de algum cansaço, sinais de que há alguma vontade de mudança”. ” Até onde é que isso vai ou não, não sei. O que é absurdo é acusar-se o Partido Socialista de ter provocado uma crise para atingir a maioria absoluta”, conclui.
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