Jovens farmacêuticos querem revisão dos preços das tecnologias de saúde e reforço dos reguladores
A associação dos jovens farmacêuticos defende que os "métodos e fórmulas que usávamos há 40 anos podem já não dar resposta ao presente e futuro".
Tendo em conta o papel cada vez mais relevante na vida dos portugueses, os jovens farmacêuticos decidiram avançar com algumas propostas para a área da saúde. Rever o sistema de preços e a comparticipação das tecnologias de saúde e reforçar os meios das entidades reguladoras são duas das 40 medidas que a Associação Portuguesa de Jovens Farmacêuticos (APJF) decidiu incluir no Livro Branco, que contempla a sua visão para a década.
Os “métodos e fórmulas que usávamos há 40 anos podem já não dar resposta ao presente e futuro”, explica Manuel Talhinhas, presidente da APJF, ao ECO. As propostas que avançam são assim “um apelo de farmacêuticos que começaram a trabalhar há pouco tempo”, para transformar a saúde em Portugal e eliminar algumas das barreiras, acrescenta.
No fundo, existem três grandes áreas em destaque neste livro: “A informação e importância da sua utilização e de como acedemos, a formação dos profissionais e a regulação”, sintetiza.
"Há uma necessidade clara de reforçarmos o papel que os profissionais de saúde têm no combate à desinformação”
Uma das propostas debruça-se então sobre uma “revisão do sistema de preços e regime de comparticipação de tecnologias de saúde em Portugal”. Para a associação, é “fundamental dotar a sociedade de ferramentas que aumentem o conhecimento sobre o financiamento público e regimes de comparticipação de tecnologias de saúde, enquanto fator determinante para a valorização dos medicamentos, dispositivos médicos e outros produtos de saúde por parte do cidadão”.
A associação recorda que o sistema de preços de medicamentos “tem sofrido poucas modificações”, pelo que a revisão proposta vai no sentido de ser “implementada uma política de preços e uma revisão das margens de comercialização que reflitam as alterações do ciclo de vida do medicamento”.
Os jovens farmacêuticos sugerem também “reforçar os meios das entidades reguladoras e implementar mecanismos de transparência e de accountability nas atividades em saúde”. “É necessário continuar a capacitar as instituições para dar resposta a desafios”, salienta o presidente da APJF, nomeadamente com “tecnologias que não tínhamos anteriormente”, são precisas “entidades focadas” e que consigam orientar os profissionais.
Outra sugestão prende-se com implementar o modelo de Value Based Healthcare (VBHC) em todo o sistema de saúde, isto é, um “modelo de prestação de cuidados de saúde focado na melhoria dos outcomes mais relevantes para os cidadãos ao longo de todo o ciclo de tratamento, assim como na otimização de recursos e custos para a sociedade”, segundo explicam.
"Muitos dos cuidados hoje em dia não são prestados nos hospitais e o sistema ainda é muito ‘hospitalocêntrico’”
Há também uma “necessidade clara de reforçarmos o papel que os profissionais de saúde têm no combate à desinformação”, algo que “ficou bem plasmado na altura de pandemia, em que a informação era difusa para as pessoas”, sublinha Manuel Talhinhas.
Já perante a necessidade de tomar decisões sobre a saúde das pessoas, que muitas vezes pedem conselhos aos farmacêuticos, a APJF propõe também que seja garantida a partilha de dados sobre a história clínica do utente através de um trabalho colaborativo entre diferentes profissionais de saúde.
As propostas desta associação, que representa uma “profissão muito jovem, na qual cerca de 40% dos farmacêuticos ativos tem idade inferior a 35 anos”, surgem assim da vontade de refletir em transformações. “Muitos dos cuidados hoje em dia não são prestados nos hospitais e o sistema ainda é muito ‘hospitalocêntrico'”, defende o líder da APJF.
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