Perceção de risco da dívida volta a penalizar Sul da Europa, avisa UTAO
Os técnicos do Parlamento alertam para o regresso das diferenças na perceção de risco da dívida pública nos mercados financeiros, o que penaliza mais os países do Sul da Europa.
Devido à aceleração da taxa de inflação na Zona Euro, o que pode levar a mudanças na política monetária, os mercados financeiros têm reagido no mercado secundário de dívida pública. Na ótica da Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO), as antigas diferenças na perceção de risco entre a dívida pública do Sul da Europa e a da Alemanha parecem estar de volta, penalizando mais países como Portugal.
“As antigas diferenças na perceção de risco das dívidas soberanas face à alemã parecem estar de volta e a penalizar mais os Estados-membros do Sul da Europa do que nos demais“, afirmam os técnicos do Parlamento num relatório sobre as condições dos mercados, a dívida pública e a dívida externa divulgado esta quarta-feira.
Os prémios de risco (conhecido por spread) da dívida pública, medidos através da diferença de rendibilidade da dívida de um país face ao título alemão com a mesma maturidade, aumentaram durante os primeiros 11 dias de fevereiro para a generalidade dos Estados-membros, mas a subida não foi igual em todos os países.
Como mostra o gráfico, “o agravamento dos spreads foi maior para os países mais endividados em percentagem do PIB“, assinalam os especialistas em finanças públicas. Este é o caso principalmente da Grécia, com um rácio de dívida pública superior a 200% do PIB, mas também de Itália, Portugal e Espanha.
O que justifica este regresso às “antigas diferenças” na avaliação dos investidores? “As razões são a expectativa de alteração na postura da política monetária já incorporada, pelo menos, em parte, nas decisões de carteira dos investidores internacionais, bem como as perceções dos mesmos sobre as diferenças no risco de sustentabilidade da dívida pública entre Estados-membros“, explica a UTAO.
Para a entidade liderada por Rui Nuno Baleiras, esta realidade não pode ser ignorada pelo próximo Governo, em especial o Ministério das Finanças: “Os decisores políticos nacionais têm de ter estes sinais bem presentes nas próximas escolhas de política orçamental que fizerem“, lembra.
Perante este período em mudança, a UTAO antecipa que, “se as expectativas de reorientação da política monetária do BCE se intensificarem, é de esperar nos próximos meses um maior recurso relativo a emissões de curto prazo porque tais expectativas irão levar a um alargamento do desvio entre as taxas de rentabilidade (yields) das maturidades a cinco e mais anos e as taxas de maturidades até um ano”.
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