BRANDS' ECO Carros elétricos para empresas: compensam?

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  • 25 Fevereiro 2022

Os especialistas já avisaram: é preciso agir. Caso contrário, a crise ambiental entrará num ponto sem retorno. Mas será a fiscalidade verde tão amiga das empresas como os carros elétricos do ambiente?

Duvido que ainda existam empresários portugueses que não reconheçam a importância de diminuirmos a nossa pegada ecológica. Era preciso estar completamente alheado da realidade para nunca ter ouvido os especialistas alertarem para os efeitos do aquecimento global e as consequências que nos esperam se não mudarmos os nossos hábitos.

O problema é que mudanças tão estruturais como as necessárias não acontecem do dia para a noite, correndo o risco de a sustentabilidade se tornar insustentável.

Não basta ter muita vontade de mudar e depois não reconhecer que a revolução ambiental será, obrigatoriamente, um processo caro e demorado. Mas também precisamos de reconhecer que a altura de assobiar para o lado já passou. Mudar é necessário. Imperativo. E todos devemos assumir responsabilidades nessa mudança.

Uma boa parte dessa responsabilidade recai nas empresas e na forma como elas se vão empenhar para liderarem a revolução ambiental. Mas também recai sobre o Estado, na forma como vai apoiar e permitir que as empresas portuguesas tenham condições para transformar Portugal num exemplo a seguir no combate às alterações climáticas.

Contudo, suspeito que muitos empresários e empresárias ainda não se tenham apercebido de algumas medidas, bastante vantajosas, que o Estado português já tomou para ajudar as empresas a diminuírem a sua pegada ecológica.

Uma delas é, por exemplo, as vantagens que podem obter em alterar as suas frotas de veículos de combustão (gasóleo ou gasolina) para veículos elétricos.

Porque, se apesar de reconhecermos que é importante mudar, continuamos a perguntar-nos “a que preço?”, então ignoremos o peso ecológico da nossa decisão e vamos focar-nos no dinheiro, mais concretamente nos benefícios fiscais destas alternativas ecológicas, e ver se compensa, ou não, mudar a frota de automóveis da sua empresa para veículos elétricos.

A resposta está nas contas.

Tomemos como exemplo um carro com um custo de aquisição de 50.000 euros. Ao adquirir um carro a gasolina ou a gasóleo terá obrigatoriamente de acrescentar o IVA, o que significa que o preço do carro passaria imediatamente para os 61.500 euros. Num carro elétrico, o IVA é dedutível, o que significa que a empresa se livraria desse imposto e continuaria a pagar apenas os 50 mil euros.

"Graças aos benefícios fiscais que o Estado português dá às empresas, compensa mais às empresas adquirirem um carro elétrico do que um carro a gasóleo ou a gasolina do mesmo valor.”

Mas os custos fiscais não ficariam por aqui. Ao valor do carro tem ainda de acrescentar a tributação autónoma, uma taxa independente do IRC que, para ligeiros de passageiros a gasóleo ou a gasolina pode ir de um valor mínimo de 10% a uma taxa máxima de 35% sobre o valor dos encargos da empresa com o carro. Dado o custo do veículo neste exemplo (50 mil euros), a tributação autónoma corresponderia à taxa máxima, ou seja, teria ainda de pagar 35% sobre o valor da depreciação e de outras despesas associadas ao veículo, como portagens, custos de manutenção, seguros, combustível, etc.

Quanto aos veículos elétricos, estão de novo isentos desta taxa, sendo que a sua empresa não terá de pagar tributação autónoma sobre qualquer encargo que tenha com o carro.

Se quiser, neste artigo sobre fiscalidade automóvel pode ler mais em detalhe as vantagens e desvantagens fiscais para cada tipo de veículo, mas fica claro que, graças aos benefícios fiscais que o Estado português dá às empresas, compensa mais às empresas adquirirem um carro elétrico do que um carro a gasóleo ou a gasolina do mesmo valor.

É verdade que a revolução ambiental não poderá ser feita de um dia para o outro, e que essa mudança terá custos extremamente elevados. Mas há já várias opções e medidas que as empresas podem começar a tomar nesse sentido, que são tão vantajosas para o meio ambiente como benéficas para as suas carteiras.

E este é um passo que todas as empresas com frotas automóveis poderiam dar para vincar a posição empresarial do nosso país em relação às alterações climáticas e ao aquecimento global.

Este é um passo que as empresas portuguesas poderiam dar para mostrar que nós estamos dispostos a fazer parte da solução, e nunca do problema.

A Mário Moura Contabilidade é uma empresa com mais de 20 anos de experiência, especializada no apoio empresarial nas áreas da contabilidade, fiscalidade, recursos humanos e outsourcing.

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