Rolhas da Amorim já estão mais caras e preço voltará a subir em 2022
Gigante da cortiça avança com nova subida das tarifas. Mexida de preços no início deste ano é "insuficiente face ao aumento galopante dos custos” da energia, matérias-primas, logística e transportes.
A Corticeira Amorim avançou nas últimas semanas com “uma evolução tarifária nos preços de todos os produtos para incorporar o aumento de custos” que teve em 2021. No entanto, como “infelizmente esses custos não pararam de aumentar”, António Rios Amorim admite que isso vai obrigar a gigante da cortiça a avançar com novas subidas das tarifas para os clientes nos próximos meses.
Em declarações ao ECO, o presidente executivo da empresa sediada em Mozelos, Santa Maria da Feira, reconhece que “tudo aquilo que foi o aumento de preços [que realizou] está-se a revelar insuficiente face a este aumento galopante dos custos provenientes da energia, das matérias-primas, das disrupções das cadeias logísticas”. “É um momento desafiante para todos nós”, acrescenta.
“Os custos já vinham a aumentar desde o ano passado. Mas perante a magnitude do aumento, todos nós incorporámos [nas análises] que este ano, num contexto pós-pandémico, íamos ter aqui alguma acalmia. E não foi isso que aconteceu. Pelo contrário. Todos esses custos estão a ter uma evolução ainda mais importante”, justifica o empresário. As vendas de rolhas cresceram 12,5% em 2021, para 593,3 milhões de euros, contribuindo para 70% das vendas consolidadas da empresa.
Além do preço da matéria-prima e dos transportes, António Rios Amorim aponta o dedo aos custos da energia. Num “ano normal” e completo, a despesa rondaria os 14 milhões de euros. Porém, só no segundo semestre do ano passado – “porque os contratos que tínhamos a um preço mais fixo vão acabando”, recorda –, a fatura energética da líder mundial do setor ascendeu a “cerca de 16 a 17 milhões de euros”.
Qual é o cenário para este ano? “É completamente imprevisível. [No orçamento para 2022] estimámos um preço médio de consumo para a eletricidade à volta de 190 ou 200 euros o megawatt (MW), que era muito mais alto – cinco vezes mais alto – do que o que tínhamos até junho do ano passado. E neste momento os custos estão mais altos do que isso”, responde.
Não é um tema que possa dar origem a grande negociação [com os clientes] porque os impactos são de tal forma significativos que temos mesmo de passar isso para o mercado.
Já questionado pelo ECO sobre como tem sido a discussão do preço com os clientes, António Rios Amorim adverte que “não é um tema que possa dar origem a grande negociação porque os impactos são de tal forma significativos que [tem] mesmo de passar isso para o mercado”. “E os nossos clientes vão ter de passar isso para os seus clientes. É um efeito de cadeia e, por isso, há uma inflação em curso”, conclui.
Numa fase de bloqueio total na comercialização de rolhas, pavimentos e materiais compósitos para os mercados russo, bielorrusso e ucraniano, que no ano passado valeram vendas de cerca de 12 milhões de euros, as prioridades da Corticeira Amorim passam pela segurança dos perto de 30 trabalhadores locais e pela tentativa de cobrança de dívidas relativas a encomendas que foram enviadas para o leste europeu antes de Vladimir Putin iniciar a invasão da vizinha Ucrânia.
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