Juros da dívida renovam máximos. Taxa a 10 anos perto dos 2%

Mercados obrigacionistas da Zona Euro continuam sob pressão vendedora. Taxa da dívida portuguesa a dez anos superou os 1,9% e aproxima-se da barreira dos 2%.

Os juros da dívida pública portuguesa renovam máximos de vários anos esta terça-feira, com a taxa a dez anos a aproximar-se da fasquia dos 2%, numa sessão em que as obrigações dos outros países da Zona Euro também estão sob pressão vendedora e em que os investidores apostam num Banco Central Europeu (BCE) agressivo para controlar a inflação.

A yield associada aos títulos portugueses a dez anos – o prazo de referência dos investidores – avança para os 1,928%, o valor mais elevado desde novembro de 2018.

No prazo a cinco anos, a taxa está acima de 1,1%. A dois anos, a taxa avança para 0,358%, máximos desde maio de 2017, há cinco anos.

Taxa portuguesa a dez anos acima de 1,9%

Fonte: Reuters

Alemanha, França e os outros países do Sul da Europa como Espanha e Itália também assistem a um agravamento das yields em mercado secundário.

A taxa da dívida alemã a dez anos – o ponto de referência para toda a Zona Euro — aprecia para os 0,914%, alcançando máximos de julho de 2015. No mesmo prazo, as taxas de Espanha e Itália avançam para 1,875% e 2,572%, respetivamente. No caso da França, em vésperas da realização da segunda volta das presidenciais, os investidores estão a exigir um juro de 1,418% pelos títulos do governo a dez anos.

Os analistas explicam o agravamento das yields da dívida com as perspetivas de um BCE mais agressivo para conter a escalada dos preços na Zona Euro e a falta de um compromisso da autoridade liderada por Christine Lagarde para atenuar a pressão dos juros da dívida. Na semana passada, o banco central confirmou os planos para terminar o programa de estímulos no terceiro trimestre e que, “algum tempo depois”, vai começar a subir as suas taxas.

“O BCE manteve as suas opções em aberto, como esperado, mas a falta de uma resposta contra a subida dos juros da dívida da alemã endossa implicitamente expectativas do mercado para uma subida agressiva das taxas de juro”, refere Erjon Satko, analista do Bank of America, citado pela agência Reuters.

Duas fontes adiantaram à agência que o BCE ainda poderá aumentar as taxas em julho. O governador do Banco Central da Áustria, Robert Holzmann, defendeu uma subida das taxas em 50 pontos base até ao outono e o governador do Banco Central da Estónia, Madis Muller, sinalizou que o programa APP poderá terminar em julho.

“Não há mais dúvida se eles (o BCE) vão ou não aumentar as taxas de juros até o final do ano, acho que vão”, comentou Francois Savary, da Prime Partners.

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