Governo vai injetar mais 15 milhões para formação profissional no ‘cluster’ automóvel
O Secretário de Estado da Economia vai também procurar “encontrar mecanismos com o Banco do Fomento que ajudem à capitalização das empresas pelas circunstâncias que estamos a viver”.
O secretário de Estado da Economia anunciou esta quarta-feira, na Figueira da Foz, o lançamento de um segundo aviso para formação profissional nos clusters mais atingidos do setor automóvel, com uma dotação de 15 milhões de euros.
No início de uma visita à empresa Microplásticos, especializada na injeção de plásticos para a indústria automóvel, João Correia Neves disse aos jornalistas que esta é uma medida alternativa ao regime de lay-off simplificado, reivindicado pela Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel (AFIA).
Segundo o governante, o aviso será lançado no final da próxima semana. “Ao longo do tempo vamos também avaliando necessidades específicas, pois não vale a pena estar a colocar dinheiro em cima de problemas muito específicos e temporários, e verificando aquilo que for necessário fazer para mitigação dos problemas”, disse João Correia Neves.
O secretário de Estado da Economia referiu que “há uma retração daquilo que é a procura natural, em função das circunstâncias que se vivem, não apenas em Portugal, mas nos grandes mercados da indústria automóvel e isso causa problemas em cadeia, em Portugal e noutros pontos [do mundo]”.
Salientando que as dificuldades das empresas vão variando ao longo do tempo, João Correia Neves disse que o Governo vai também procurar “encontrar mecanismos com o Banco do Fomento que ajudem à capitalização das empresas pelas circunstâncias que estamos a viver”, além do investimento na formação.
“Já tínhamos feito uma primeira fase deste tipo de intervenções, em que as paragens das empresas são, sobretudo, aproveitadas para fazer formação profissional”, frisou o governante. O secretário de Estado da Economia considerou que a segunda fase do aviso de formação profissional, dirigido aos clusters mais atingidos, nomeadamente nas áreas em que estes problemas se colocam, “pode permitir pagar não só os custos de formação, mas os custos diretos salariais dos trabalhadores que ficarem envolvidos nas atividades de formação”.
“É uma medida alternativa ao lay-off, que teve características muito interessantes na fase em que vivemos de pandemia, quando era praticamente todo o tipo de empresas que estavam nas mesmas circunstâncias”, sustentou. Para João Correia Neves, esta medida para as empresas ocuparem os tempos mortos com atividades formativas, “que são sempre necessárias para a evolução das indústrias, pode responder na forma mais imediata aos problemas que temos”.
“Estamos agora com problemas mais específicos em alguns setores e não tanto problemas de natureza geral, mas são problemas complexos que afetam muito a capacidade das empresas e, portanto, o que vamos tentar, com base nesta medida, é mitigar nas empresas e nos setores mais afetados a situação que estamos a viver”, sublinhou.
Segundo o presidente da AFIA, José Couto, que é também o administrador da Microplásticos, o setor enfrenta custos “enormes” com os aumentos da energia elétrica e das matérias-primas e que não conseguindo passar esses custos adicionais para os clientes “significa que para continuar a fornecer os nossos clientes estamos a perder margem”.
“Isto significa perder competitividade e deixar de criar riqueza para continuarmos a investir”, disse o dirigente, frisando que a indústria portuguesa de componentes automóveis exporta 98% da sua produção para o mercado externo.
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