Gasolina portuguesa é a 15.ª mais cara em todo o mundo

Portugal está em 15.º lugar nos países com a gasolina mais cara do mundo. Topo do ranking é ocupado maioritariamente pela Europa, embora Hong Kong esteja na liderança mundial.

A gasolina em Portugal ocupa o 15.º lugar nas mais caras do mundo, de acordo com os dados atualizados, esta segunda-feira, pela Global Petrol Prices.

Enquanto a invasão da Ucrânia veio agravar uma tendência de aumento nos preços dos combustíveis, e outras matérias-primas, esta subida não ocorre de maneira semelhante no resto do mundo. Portugal ocupa o 15.º lugar dos países com a gasolina mais cara, com uma média de 2,027 €/L (ou 2,227 $/L).

Portugal integra também o conjunto de 12 países europeus que dominam o ranking da gasolina mais cara no mundo. Isto acontece, pois, os impostos europeus refletem-se em grande parte no preço final da gasolina. No entanto, no top 3 dos países com a gasolina mais cara encontra-se o Mónaco, com 2,263 €/L, Países Baixos, com 2,291 €/L, e a liderar a tabela está Hong Kong, com 2,620 €/L.

Por oposição, no fundo da tabela estão países como a Venezuela, Líbia e o Irão, onde os preços por litro rondam os 0,023 €/L, 0,029 €/L, e 0,047 €/L, respetivamente. O preço médio mundial da gasolina encontra-se atualmente nos 1,34 $/L, ou 1,21 €/L, contudo existem diferenças acentuadas mediante o nível de industrialização do país em questão, bem como se este é um produtor ou exportador.

Os países desenvolvidos, de forma geral, tendem a ter a gasolina mais cara, ao passo que os países menos desenvolvidos, produtores, ou exportadores, verificam a tendência oposta. Os Estados Unidos da América (EUA), por exemplo, têm a gasolina a um preço de 1,114 €/L. No entanto, este país representa uma exceção à regra dado ser em simultâneo tanto economicamente desenvolvido, como um produtor de petróleo.

Dentro da lista que compreende 170 países, a Moldávia é o país europeu com a gasolina mais barata, ocupando o 58.º lugar do ranking com um preço de 1,349 €/L.

Por sua vez, o leste asiático representa a segunda região mais cara do mundo no que respeita a gasolina. Países como a Índia, China, Japão, Coreia do Sul e Tailândia são grandes consumidores de petróleo, mas não o produzem. Dentro deste grupo de países, a Coreia do Sul é o país com a gasolina mais cara, a 1,531 €/L, e a Índia a mais baixa, 1,232 €/L.

As zonas mais baratas do mundo para comprar gasolina incluem o Norte de África, Médio Oriente, Ásia Central e Rússia. Na Rússia, a gasolina tem um custo de 0,492 €/L, não só por este ser um país produtor, como pela falta acentuada de compradores de petróleo russo, a nível mundial, devido às sanções em vigor.

Esta quinta-feira os EUA já anunciaram libertar até um milhão de barris de petróleo por dia da sua reserva estratégica, atirando os valores do Brent para os 109 dólares, uma desvalorização de 4%. A medida surge como resposta à volatilidade e tendência de alta nos preços do petróleo, mas com a OPEP+ a manter a sua produção, há quem defenda uma solução de longo prazo.

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Combustíveis vão descer para a semana. Gasóleo fica dez cêntimos mais barato

O gasóleo deverá estar dez cêntimos mais barato e a gasolina três cêntimos, adiantou ao ECO fonte do setor, usando os valores até ao fecho do mercado na quinta-feira.

Os sinais positivos que saíram das negociações entre a Rússia e a Ucrânia ajudaram a arrefecer os receios dos mercados de uma escalada do conflito e de uma escassez no fornecimento de petróleo. Apesar da grande volatilidade nas cotações do ouro negro ao longo da semana, ao sabor dos avanços e recuos na frente de batalha, mas também diplomática, os preços do Brent do Mar do Norte, que serve de referência para o mercado europeu, desceram e por isso, segunda-feira, os portugueses quando forem abastecer vão sentir um alívio nos preços. O gasóleo deverá estar dez cêntimos mais barato e a gasolina três cêntimos, adiantou ao ECO fonte do setor, usando os valores até ao fecho do mercado na quinta-feira.

Estes valores ainda poderão sofrer ajustamentos porque é preciso ter em conta as cotações do brent ao longo de sexta-feira, assim como a cotação do euro face ao dólar na última semana. Por outro lado, os preços serão ainda influenciados pela componente fiscal. Para ajudar a mitigar o impacto da subida dos preços dos combustíveis, o Executivo criou uma fórmula que previa uma descida do ISP idêntica à subida da receita de IVA (uma receita que evoluiu a favor dos cofres do Estado com a escalada dos preços dos combustíveis), visando a neutralidade fiscal.

Mas a fórmula só foi aplicada exatamente como foi desenhada na primeira semana, porque na seguinte os combustíveis desceram e o Governo optou por não mexer no ISP, quando a equação ditava uma subida deste imposto. Já esta semana, apenas desceu o ISP do gasóleo (descida de 1,3 cêntimos), não tendo havido qualquer mexida no ISP da gasolina, apesar de esta também ter subido, para compensar o facto de o Governo não ter mexido no imposto na semana anterior. Não é por isso claro qual será a opção do Executivo na próxima semana. Caso a fórmula matemática fosse aplicada na versão original então o ISP subiria 1,5 cêntimos no caso do gasóleo e 0,5 cêntimos na gasolina.

A incerteza sobre o valor que os portugueses vão pagar na hora de abastecer o carro na próxima semana é ditada ainda por mais um fator. Apesar de o Executivo anunciar todas as sextas-feiras qual o valor que vai vigorar, com base no “mecanismo semanal de revisão dos valores das taxas unitárias de ISP, que reflete na determinação das referidas taxas a variação da receita de IVA, que ocorre em virtude das alterações nos preços dos combustíveis”, e de a média da cotação do brent ser conhecida após o fecho dos mercados na sexta-feira, muitas vezes na bomba os preços sofrem oscilações.

Nas duas últimas semanas foi assim. É às terças-feiras que a Direção Geral de Energia e Geologia publica os valores médios praticados em todo o país. Quando os combustíveis desceram a semana passada, a queda não foi integralmente refletida nos preços, alimentando suspeitas de que as petrolíferas estavam a aumentar as suas margens — algo que a Galp rejeitou liminarmente — e esta semana o gasóleo subiu menos do que o esperado pelo Governo, mas a gasolina aumentou mais. De acordo com as contas do Governo, o diesel deveria custar esta semana 2,011 euros por litro e a gasolina 1,987 euros, assumindo os preços médios em Portugal Continental. No entanto, esta segunda-feira, o gasóleo simples custava, em média, 1,995 euros por litro, mais 14 cêntimos do que preço médio da semana passada, segundo os preços médios diários apurados pela Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG).

Para ajudar a mitigar o impacto da subido dos preços, os portugueses continuam a poder contar com o Autovoucher, prolongado para abril, que lhes dá um benefício de 20 euros quando vão ao posto de abastecimento. Esta medida foi lançada em novembro, atribuindo cinco euros por mês até fevereiro, sendo depois reforçada em março para 20 euros.

A descida dos preços dos combustíveis acompanha a descida do brent influenciado não só pelos desenvolvimentos na guerra na Ucrânia, mas também pelo lockdown decretado pelas autoridades chineses em Xangai para travar a evolução do coronavírus. O novo confinamento suscita preocupações sobre a diminuição da procura de petróleo na China. A aliviar os preços esteve ainda a notícia de que os Estados Unidos vão libertar um milhão de barris por dia da sua reserva estratégica e a decisão da OPEP e os dez aliados, incluindo a Rússia, de aumentar a oferta de petróleo em 432.000 barris por dia a partir de maio. Esta semana, em média, o barril de brent desceu 5% face à semana passada, uma descida que se torna mais acentuada (6,52%) quando a cotação é feita em euros, já que o efeito cambial joga a favor dos consumidores europeus.

Brent desvaloriza 5% face à semana passada

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Luz e gás sobem hoje para 927 mil famílias. Mais cinco milhões terão aumentos até maio

Famílias do mercado regulado são as primeiras a sentir impacto. Seguem-se mais 4,7 milhões de clientes do mercado livre que nos próximos meses também verão as suas faturas aumentar.

Não é mentira. A partir desta sexta-feira, 1 de abril, os preços da luz e do gás vão aumentar de novo para todos os portugueses, tanto no mercado regulado como no mercado livre. Desta vez, as faturas de energia mais caras vão bater à porta da grande maioria dos 6,3 milhões consumidores domésticos.

Para as cerca de 927 mil famílias que ainda se mantém fiéis às tarifas reguladas (apenas 6% do consumo total), a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos anunciou que “face à escalada de preços no mercado grossista de eletricidade” fará uma atualização do preço da tarifa de energia de mais cinco euros por MWh. Isto representa um aumento de aproximadamente 3% na fatura média mensal de eletricidade, para a maioria dos clientes domésticos do mercado regulado, diz a ERSE.

Na prática, mostram as estimativas do regulador:

  • Um casal sem filhos, com uma potência contratada de 3,45 kVA e consumo 1900 kWh/ano, vai pagar mais 1,05 euros por mês, com a fatura mensal a subir para os 38,35 euros.
  • Já um agregado familiar maior — casal com dois filhos, com uma potência contratada de 6,9 kVA, consumo 5000 kWh/ano — vai pagar mais 2,86 euros por mês, com a fatura mensal a subir para os 95,19 euros.

“Esta atualização ocorre num momento em que os mercados de energia são particularmente afetados pelo conflito que decorre entre a Ucrânia e a Rússia, alterando os pressupostos que estavam na base dos preços em vigor no mercado regulado”, justifica o regulador, que de três em três meses faz uma revisão dos preços. Ou seja, se a situação se agravar, as faturas de luz e gás podem voltar a aumentar ainda em junho e outubro de 2022.

Os preços do gás para o mercado regulado também vão aumentar a 1 de abril e impactar cerca de 230 mil clientes. Aqui a subida será de dois euros por MWh (aumento médio mensal de 3%) e o impacto na fatura será o seguinte:

  • Casal sem filhos [1.º escalão de consumo, consumo 1610 kWh/ano] vai pagar mais 0,33 euros por mês, com a fatura mensal a subir para 12,40 euros;
  • Casal com dois filhos [2.º escalão de consumo, consumo 3407 kWh/ano] vai pagar mais 0,70 euros por mês, com a fatura mensal a subir para 23,41 euros.

Fatura da energia vai subir para 88% das famílias do mercado livre

No mercado livre, onde está a esmagadora maioria das famílias (5,4 milhões consumidores, um número que continua a aumentar) também as elétricas que detêm as maiores carteiras de clientes já avisaram sobre os aumentos que vão implementar nas suas ofertas comerciais em abril e maio.

A Endesa (com 8,5% da quota de mercado) arrancará também já no início de abril de com uma atualização dos preços na ordem dos 3%, garantindo que serão mantidos até ao final do ano mesmo que a ERSE volte a mexer nas tarifas em junho ou outubro. E vai voltar a mexer. A entidade reguladora sugeriu, esta quinta-feira, um aumento de 8,2% das tarifas e preços de gás natural do mercado regulado para o período de 1 de outubro de 2022 a 30 de setembro de 2023. Nuno Ribeiro da Silva, presidente da Endesa em Portugal, confessou em declarações ao ECO que a situação é bem mais complicada para as empresas, sobretudo nos contratos de curto prazo, nos quais “já não é possível obter preços comportáveis para os clientes”.

Depois disso, a 15 de abril, serão os clientes da Galp (5,4% da quota do mercado livre) a sentir os aumentos mensais já anunciados que variam entre 1,6 e os 3 euros no gás (+15%) e entre um a dois euros na eletricidade (+1,8% a +3,9%).

Na nota enviada aos clientes, a Galp destacou que “os novos preços refletem o aumento do custo de aquisição de energia em linha com a evolução do preço no mercado internacional”.

Resta a EDP que, com quase 74% dos consumidores em mercado livre, anunciou que “fará uma atualização da tarifa de eletricidade para os seus atuais clientes residenciais que vigorará a partir de maio e representa uma variação média de 3%”. Este é já o segundo aumento de preços anunciado pela elétrica com a maior carteira de clientes em Portugal, depois de em janeiro ter feito uma atualização de 2,4%.

Ainda assim, Vera Pinto Pereira, administradora executiva da EDP Comercial, garantiu em entrevista ao ECO que o aumento dos preços cobrados ao consumidor final (fruto dos valores recorde atingidos nos mercados grossistas em 2021 e 2022) não tem resultado em menos contratos.

“Desde o início do ano, entraram para a EDP Comercial, no segmento residencial, mais de 100 mil famílias, o que representa um crescimento de 6% das nossas angariações face ao período homólogo. Isto no contexto absolutamente extraordinário em que vivemos, do ponto de vista do mercado grossista, e tendo em consideração que anunciamos mais um aumento de preços, o que tipicamente não fazemos nesta altura do ano”, diz a responsável.

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Entrega do IRS arranca hoje com reembolsos mais pequenos

A entrega da declaração do IRS pode ser feita a partir de hoje, até 30 de junho. As novas taxas, o reembolso mais rápido e as deduções dos ginásios são as principais novidades da campanha deste ano.

A campanha de IRS arranca hoje, prolongando-se até 30 de junho. Este ano, as novidades na entrega da declaração contributiva não são muitas, mas há algumas diferenças que vai sentir, nomeadamente depois de se ter passado a poder deduzir o IVA pago nos ginásios a 15%. Uma das maiores mudanças será sentida nos reembolsos, que deverão ser menores após o ajuste nas tabelas de retenção em 2021, bem como nos prazos.

A partir de hoje, tem três meses para completar e entregar a declaração de IRS, referente aos rendimentos de 2021. Para o fazer, pode aceder ao Portal das Finanças e validar a sua declaração (caso esteja pré-preenchida) ou introduzir manualmente os dados. A apresentação do Modelo 3 à Autoridade Tributária é obrigatória para todos os contribuintes, independentemente da natureza dos rendimentos obtidos.

Este procedimento ocorre exclusivamente através do Portal das Finanças, sendo que já não pode ser feito em formato físico, isto é, em papel. Ainda assim, existem locais onde os contribuintes com dificuldades podem ir, sendo que os serviços de Finanças já abriram 200 mil vagas para atendimento por marcação em abril, para ajudar os cidadãos na entrega da declaração do IRS.

Apesar de se terem introduzido poucas alterações, uma das mudanças que os contribuintes deverão sentir é que, “procedendo-se a ajustes nas tabelas de retenção na fonte, ou seja, o que as empresas pagam em nome dos contribuintes, tal reflete-se no final no valor dos reembolsos”, como aponta ao ECO Miguel Amado, coordenador do departamento fiscal da Vieira de Almeida.

Assim, “alguns contribuintes poderão este ano eventualmente receber menos de reembolso porque também durante o ano descontaram menos“, sinaliza.

Como explica também o fiscalista Luís Leon ao ECO, o impacto destas mudanças nas tabelas “é sempre na diferença entre o imposto final e o que já foi retido”, sendo um “ajuste de contas”.

“Aquilo que é expectável é que com o ajustamento que houve nas tabelas de retenção, ou seja, houve menor adiantamento do imposto ao Estado, o reembolso será menor porque deixámos de pagar tanto“, admite Luís Leon. Ainda assim, o ajustamento não foi assim tão expressivo, pelo que “a maior parte dos portugueses vai continuar a receber reembolsos”.

Dinheiro chega mais depressa

Mesmo podendo ser mais diminuído, o reembolso deverá chegar mais rápido este ano. O Governo quer retomar os prazos de reembolso do IRS que estavam a ser praticados antes da pandemia de Covid-19, e o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais estima que o processamento dos reembolsos se inicie na primeira quinzena de abril. António Mendonça Mendes, em declarações à Lusa, aponta que os prazos “andam à volta dos cerca de 17 dias em média”: para o processamento do IRS automático, os reembolsos deverão chegar entre 11 e 12 dias, enquanto para o IRS manual terão de esperar entre 19 e 20 dias.

No ano passado, entre 31 de março e 2 de julho de 2021, foram entregues 5.677.025 declarações de IRS das quais, até aquela data, 2.415.889 tinham dados lugar a reembolso, num valor global e 2.596 milhões de euros, segundo a informação divulgada pelas Finanças. Até à mesma data tinham sido enviadas 955.711 notas e cobrança no valor total de 1.492 milhões de euros.

Ginásios passam a contar

Além disso, existe também uma pequena mudança que poderá ter impacto no reembolso, relacionada com as deduções. Prende-se com as despesas com ginásios, sendo que passou a ser possível a dedução de 15% sobre o montante do IVA cobrado em ginásio, uma medida com efeitos a 2021, pelo que este é o primeiro ano em que será considerada a dedução.

Depois de verificar as faturas no e-fatura, até fevereiro, os contribuintes tiveram também a oportunidade de consultar as deduções na página pessoal, sendo que tinham até 31 de março para reclamar em caso de erro. Caso já não tenham ido a tempo, deverá também ser possível corrigir manualmente, apesar de não existir uma lei que o dite, já que tal estava previsto no Orçamento do Estado que foi chumbado, como alerta Luís Leon.

IRS automático já abrange mais pessoas

Para algumas pessoas, a tarefa está facilitada, com o IRS automático. Depois do alargamento do ano passado, o universo de contribuintes que tem a declaração pré-preenchida aumentou, nomeadamente ao abranger agora trabalhadores independentes. O acesso à apresentação automática do Modelo 3 (referente aos rendimentos de 2021) está assim à disposição dos contribuintes que preencham cumulativamente as seguintes condições:

  • Sejam residentes em Portugal durante todo o ano;
  • Não detenham estatuto de Residente Não Habitual;
  • Obtenham rendimentos apenas em Portugal;
  • Obtenham rendimentos apenas das categorias A (trabalho dependente), H (pensões), B (trabalho independente, mas apenas em alguns casos) ou rendimentos tributados a taxas liberatórias que não sejam englobados;
  • Não tenham direito a deduções por ascendentes ou por pessoas com deficiência;
  • Não tenham pago pensões de alimentos;
  • Não usufruam de benefícios fiscais, com exceção dos relativos aos donativos no âmbito do regime fiscal do mecenato;
  • Não tenham acréscimos ao rendimento por incumprimento de condições relativas a benefícios fiscais;

No que diz respeito aos rendimentos da categoria B, o Governo definiu que nem todos os “recibos verdes” terão acesso a esta forma descomplicada de entregar o IRS. Apenas os que prestam serviços no regime simplificado, e se enquadram na tabela de atividades aprovada pela portaria a que se refere o artigo 151.º do Código do IRS, têm acesso a esta funcionalidade. É preciso, além disso, prestar em exclusivo apenas uma dessas atividades.

É de salientar que o Fisco assume que a entrega é feita em separado, mesmo para os casados e pessoas em união de facto. Luís Leon alerta que para a “esmagadora maioria não é a forma mais eficiente de entregar declaração”, sendo que a tributação conjunta costuma ser mais favorável. Assim, deve verificar qual é a opção mais vantajosa e, se preferir, escolher a entrega em conjunto.

Existe ainda uma medida para os mais novos, apelidada de IRS Jovem, que iria sofrer mudanças com o Orçamento do Estado para 2022 mas por agora mantém-se com as mesmas regras. Este regime prevê uma isenção de 30% no primeiro ano com o limite de 7,5 o valor do Indexante dos Apoios Sociais (IAS), de 20% no segundo ano com o limite de 5 IAS e de 10% no terceiro ano (até 2,5 IAS).

Abrange jovens entre os 18 e os 26 anos, que tenham completado ciclos de estudos iguais ou superiores ao nível 4 do Quadro Nacional de Qualificações e tenham um rendimento coletável igual ou inferior ao limite superior do 4.º escalão de IRS.

Há multas para quem não cumprir

Se os contribuintes que estão abrangidos pelo IRS Automático falharem a entrega da declaração, verão a proposta provisória converter-se em definitiva, mesmo que não a tenham revisto, sem qualquer penalização. Já os contribuintes que não estejam cobertos por essa forma simplificada de entregar a Modelo 3 arriscam uma coima, que pode chegar aos 3.750 euros.

O Regime Geral das Infrações Tributária dita que “a falta de declarações para efeitos fiscais” é punível com uma coima entre 150 euros e 3.750 euros. É, contudo, possível que essa penalização venha a ser reduzida, no caso, por exemplo, de o Fisco não ter ainda levantado auto de notícia e iniciado o procedimento de inspeção tributária.

Os contribuintes com imposto a pagar têm de transferir esse dinheiro para a Autoridade Tributária até 31 de agosto. Já quem não cumpriu a data de entrega da declaração de IRS (e não tem IRS automático), tem de efetuar este pagamento até 31 de dezembro.

Pode dar 0,5% do seu IRS

Na declaração, poderá escolher consignar uma parte do seu IRS, sendo que este ano, há mais de 4.500 entidades às quais pode “doar” 0,5% do IRS. O Fisco permitiu escolher antecipadamente a instituição, ao longo do mês de março, mas se não o fez também poderá fazer essa indicação na entrega da declaração anual. A consignação de 0,5% do IRS não implica a perda de qualquer parte do reembolso, uma vez que a verba “doada” é retirada do imposto devido ao Estado.

Já no caso da consignação do IVA, é “doado” o benefício fiscal associado às faturas pedidas nos setores da reparação e manutenção de automóveis e motociclos, restauração, alojamento, cabeleireiros, institutos de beleza, veterinários e passes, pelo que esse valor seria abatido à coleta, e consigná-lo significa que o contribuinte abdica de uma parte do reembolso que seria pago pelo Fisco.

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