Luz e gás sobem hoje para 927 mil famílias. Mais cinco milhões terão aumentos até maio
Famílias do mercado regulado são as primeiras a sentir impacto. Seguem-se mais 4,7 milhões de clientes do mercado livre que nos próximos meses também verão as suas faturas aumentar.
Não é mentira. A partir desta sexta-feira, 1 de abril, os preços da luz e do gás vão aumentar de novo para todos os portugueses, tanto no mercado regulado como no mercado livre. Desta vez, as faturas de energia mais caras vão bater à porta da grande maioria dos 6,3 milhões consumidores domésticos.
Para as cerca de 927 mil famílias que ainda se mantém fiéis às tarifas reguladas (apenas 6% do consumo total), a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos anunciou que “face à escalada de preços no mercado grossista de eletricidade” fará uma atualização do preço da tarifa de energia de mais cinco euros por MWh. Isto representa um aumento de aproximadamente 3% na fatura média mensal de eletricidade, para a maioria dos clientes domésticos do mercado regulado, diz a ERSE.
Na prática, mostram as estimativas do regulador:
- Um casal sem filhos, com uma potência contratada de 3,45 kVA e consumo 1900 kWh/ano, vai pagar mais 1,05 euros por mês, com a fatura mensal a subir para os 38,35 euros.
- Já um agregado familiar maior — casal com dois filhos, com uma potência contratada de 6,9 kVA, consumo 5000 kWh/ano — vai pagar mais 2,86 euros por mês, com a fatura mensal a subir para os 95,19 euros.
“Esta atualização ocorre num momento em que os mercados de energia são particularmente afetados pelo conflito que decorre entre a Ucrânia e a Rússia, alterando os pressupostos que estavam na base dos preços em vigor no mercado regulado”, justifica o regulador, que de três em três meses faz uma revisão dos preços. Ou seja, se a situação se agravar, as faturas de luz e gás podem voltar a aumentar ainda em junho e outubro de 2022.
Os preços do gás para o mercado regulado também vão aumentar a 1 de abril e impactar cerca de 230 mil clientes. Aqui a subida será de dois euros por MWh (aumento médio mensal de 3%) e o impacto na fatura será o seguinte:
- Casal sem filhos [1.º escalão de consumo, consumo 1610 kWh/ano] vai pagar mais 0,33 euros por mês, com a fatura mensal a subir para 12,40 euros;
- Casal com dois filhos [2.º escalão de consumo, consumo 3407 kWh/ano] vai pagar mais 0,70 euros por mês, com a fatura mensal a subir para 23,41 euros.
Fatura da energia vai subir para 88% das famílias do mercado livre
No mercado livre, onde está a esmagadora maioria das famílias (5,4 milhões consumidores, um número que continua a aumentar) também as elétricas que detêm as maiores carteiras de clientes já avisaram sobre os aumentos que vão implementar nas suas ofertas comerciais em abril e maio.
A Endesa (com 8,5% da quota de mercado) arrancará também já no início de abril de com uma atualização dos preços na ordem dos 3%, garantindo que serão mantidos até ao final do ano mesmo que a ERSE volte a mexer nas tarifas em junho ou outubro. E vai voltar a mexer. A entidade reguladora sugeriu, esta quinta-feira, um aumento de 8,2% das tarifas e preços de gás natural do mercado regulado para o período de 1 de outubro de 2022 a 30 de setembro de 2023. Nuno Ribeiro da Silva, presidente da Endesa em Portugal, confessou em declarações ao ECO que a situação é bem mais complicada para as empresas, sobretudo nos contratos de curto prazo, nos quais “já não é possível obter preços comportáveis para os clientes”.
Depois disso, a 15 de abril, serão os clientes da Galp (5,4% da quota do mercado livre) a sentir os aumentos mensais já anunciados que variam entre 1,6 e os 3 euros no gás (+15%) e entre um a dois euros na eletricidade (+1,8% a +3,9%).
Na nota enviada aos clientes, a Galp destacou que “os novos preços refletem o aumento do custo de aquisição de energia em linha com a evolução do preço no mercado internacional”.
Resta a EDP que, com quase 74% dos consumidores em mercado livre, anunciou que “fará uma atualização da tarifa de eletricidade para os seus atuais clientes residenciais que vigorará a partir de maio e representa uma variação média de 3%”. Este é já o segundo aumento de preços anunciado pela elétrica com a maior carteira de clientes em Portugal, depois de em janeiro ter feito uma atualização de 2,4%.
Ainda assim, Vera Pinto Pereira, administradora executiva da EDP Comercial, garantiu em entrevista ao ECO que o aumento dos preços cobrados ao consumidor final (fruto dos valores recorde atingidos nos mercados grossistas em 2021 e 2022) não tem resultado em menos contratos.
“Desde o início do ano, entraram para a EDP Comercial, no segmento residencial, mais de 100 mil famílias, o que representa um crescimento de 6% das nossas angariações face ao período homólogo. Isto no contexto absolutamente extraordinário em que vivemos, do ponto de vista do mercado grossista, e tendo em consideração que anunciamos mais um aumento de preços, o que tipicamente não fazemos nesta altura do ano”, diz a responsável.
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