Investir na formação dos trabalhadores garante, pelo menos, ganhos de 5% na produtividade
Apesar de metade das empresas valorizar a formação, esta vantagem não se traduz ainda numa aposta generalizada por parte das empresas nacionais. O motivo? Falta de tempo e custos inerentes.
Apesar de metade das organizações valorizar a formação, esta vantagem não se traduz ainda numa aposta generalizada por parte das empresas portuguesas. O motivo? Falta de tempo, custos inerentes, falta de oferta formativa adequada, dificuldade em avaliar as necessidades de formação, receio de perder o trabalhador e o facto de os contratos de curto prazo não promoverem a formação. O risco pode valer a pena e resultar em, pelo menos, 5% de ganhos de produtividade, revela a Fundação José Neves (FJN), que acaba de lançar o “Guia para empresas: como apostar na formação dos trabalhadores?”.
“As empresas têm um papel fundamental na criação de mecanismos para apoiar a formação e promover formação em contexto de trabalho. Mas a verdade é que, menos de 20% das empresas promove a formação dos seus trabalhadores”, começa por dizer Carlos Oliveira, presidente executivo da Fundação José Neves.
“Este guia de leitura rápida e objetiva revela os obstáculos existentes, demonstra os ganhos da formação ao nível da produtividade, performance e rentabilidade da empresa, e ajuda empresários, gestores e as empresas a identificarem as necessidades que podem fazer a diferença para melhorar as suas organizações e para incutirem estratégias, planeamento e uma cultura aberta à aprendizagem”, detalha, em comunicado.
Falta de tempo (46% em Portugal contra 29% na média da União Europeia) e custos inerentes (40,5% em Portugal contra 31,7% na UE) são as principais razões apontadas pelas empresas para não haver uma maior aposta na formação, apesar dos potencias ganhos de produtividade.
Mas não só. O documento da Fundação José Neves mostra que outros benefícios passam pelo “aumento do número de trabalhadores e do valor acrescentado bruto nas respetivas empresas”. O aumento da formação dos trabalhadores promove ainda ganhos de competitividade, melhores salários e, inclusive, a retenção dos trabalhadores, ao reforçar o seu sentimento de satisfação e orgulho na empresa.
Já do lado dos trabalhadores, ao adquirirem novas competências indispensáveis para a sua progressão profissional, as vantagens são evidentes. “Outros dados mostram que metade das empresas portuguesas valorizam a formação – um valor superior à média da UE (35%) –, mas que menos de 20% a promove efetivamente”, revela a FJN.
No que toca à dimensão da empresa, é possível concluir que quanto maior a dimensão da empresa, maior é a aposta na formação. Nas empresas com 500 trabalhadores ou mais, nove em cada dez organizações apostam na formação contínua. Simultaneamente, apenas 11% das empresas até dez trabalhadores o fazem.
A falta de apoio por parte da entidade empregadora (28%) é um dos principais obstáculos revelados por praticamente metade dos adultos portugueses que gostaria de apostar (ou de apostar mais) na sua educação e formação, antecedido pela falta de tempo (59%), custos financeiros (39%) e motivos familiares (32%).
Recomendações
Este é o cenário apresentado no estudo da Fundação José Neves, que faz um retrato da situação portuguesa e deixa algumas recomendações e práticas inspiradoras para que as empresas e os gestores contornem estes obstáculos.
Estas são as oito as recomendações que o guia identifica como forma de ajudar as empresas:
- Promover uma cultura aberta à aprendizagem na empresa;
- Ver a formação como um investimento na empresa;
- Não recear investir nos trabalhadores apesar dos riscos inerentes;
- Planear e organizar a empresa a pensar no valor da formação;
- Avaliar com regularidade: as boas opções nascem de bons diagnósticos;
- Não bloquear perante os obstáculos: há sempre soluções e apoios;
- Estudar bem as opções à disposição;
- Não acreditar em soluções únicas e universais.
O “Guia para empresas: como apostar na formação dos trabalhadores?” pode ser consultado na íntegra através deste link.
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