Governo adia para 2023 primeiro leilão eólico “offshore”
Garantindo ter "todas as empresas do setor a olhar atentamente" para Portugal, João Galamba anunciou que o Executivo deverá lançar o primeiro leilão eólico "offshore" em 2023, e não este ano.
O Governo adiou o primeiro leilão de energia eólica offshore para 2023 e anunciou que a capacidade instalada deverá situar-se entre 6 e 8 gigawatts (GW). Inicialmente, o anterior ministro do Ambiente e da Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes, tinha dito, em entrevista ao Expresso, que o processo poderia arrancar ainda este verão. Mas o secretário de Estado da Energia veio agora atualizar essa informação.
A novidade foi partilhada esta terça-feira por João Galamba à margem da Hannover Messe, a maior feira de tecnologia industrial do mundo, em que Portugal tem o estatuto de país parceiro este ano e conta com uma comitiva de 109 empresas. A partir da Alemanha, o governante garantiu que “todas as grandes empresas de eólica offshore estão a olhar atentamente” para Portugal.
“Estamos a finalizar o despacho para dar início aos trabalhos preparatórios para lançar o leilão de eólico offshore“, disse, explicando que a importância de um lançamento de um leilão desta natureza prende-se com as “necessidades de eletricidade que vamos ter, não só associadas à descarbonização mas à industrialização induzida pela descarbonização”. Face à atual conjuntura, Galamba frisou ser importante olhar para o mar para “complementar” a instalação de geração elétrica em terra.
“É mesmo muita, muita eletricidade. Nós temos projetos em Portugal que podem representar 10 a 20% do consumo global de eletricidade. As necessidades de eletricidade que temos para este caminho pela frente são muito grandes e, portanto, o mar é uma alternativa”, defendeu, sublinhando que a oportunidade tem chamado a atenção de grandes grupos, como o consórcio EDP/Engie, a espanhola Iberdrola, a dinamarquesa Orsted e algumas empresas alemãs.
“Há muitos interessados. Temos tido reuniões, e têm-nos pedido reuniões, as maiores empresas europeias e mundiais deste setor. Temos, neste momento, todo o setor eólico a olhar para Portugal e muito interessado em vir para Portugal. E nós, obviamente, queremos tirar partido desse interesse e começar, o quanto antes, os trabalhos, porque este leilão dá muito mais trabalho do que os outros, é muito mais complexo, envolve várias áreas governativas e a industrialização de portos”, declarou o responsável.
Embora não tenha adiantado detalhes quanto à data de lançamento deste projeto, João Galamba anunciou que vai ser criado um grupo de trabalho em conjunto com a REN, a Direção-Geral de Energia e Geologia e as entidades do Ministério do Mar.
Olhando para a Escócia como um exemplo de sucesso, Galamba entende, portanto, que, com base nessas experiências, Portugal está “em condições” de avançar com este leilão, que deverá instalar uma capacidade de 6 a 8 GW, “muito provavelmente em 2023”.
Indústria solar “foi dizimada” pelo mercado chinês
Na mesma ocasião, o secretário de Estado, João Galamba, afirmou que a indústria solar “foi dizimada” e que, neste momento, “as empresas chinesas têm mais de 80% do mercado mundial”.
“É nesse sentido que a Europa perdeu a guerra no solar”, referiu Galamba, anunciado que existem planos para recuperar a indústria para a Europa no âmbito da realização de um IPCEI (Important Projects of Common European Interest, isto é, projetos de interesse comum para o bloco comunitário).
“Pode haver uma possibilidade de se conseguir articular as necessidades de procura e a grande ambição europeia no deployment de instalação de solar”, explicou, adiantando ser “da maior importância da Europa conseguir projetos dessa natureza.
“Se é ou não possível, veremos. Até agora tem sido difícil. O poder das empresas chinesas é enorme”, atirou.
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