Medina admite “impactos financeiros” com subida dos juros
O BCE antecipou a subida de juros em julho e setembro. Fernando Medina admite "impactos financeiros" a prazo nas contas do Estado.
O BCE anunciou que haverá aumentos das taxas de juro de referência em julho e setembro para travar a inflação, mas “haverá impactos” nas contas públicas, admitiu Fernando Medina. “Do ponto de vista financeiro do Estado, naturalmente haverá impactos, que serão diferidos ao longo do tempo porque esta nova política vai ter impacto nas novas emissões que vão ser feitas, isto havendo um movimento geral relativamente às taxas e isso terá um impacto que teremos de saber gerir”, disse o ministro das Finanças, em Paris, à margem das cerimónias do 10 de junho com a comunidade portuguesa.
Na quinta-feira, o Conselho de Governadores dos bancos europeus decidiu manter este mês as taxas de juro, mas confirmou o fim da compra de ativos a partir de dia 1 de julho e considerou estarem reunidas as condições necessárias para a subida dos juros.
De forma a proteger Portugal deste aumento, o ministro defende que a redução da dívida é o caminho a seguir. “Só a redução da dívida pública é que nos permite que os encargos com juros aguentem uma subida dos próprios juros, diminuindo no fundo o valor que temos em dívida e o valor que temos a refinanciar todos os anos”, declarou.
Questionado sobre uma possibilidade de redução de investimento público no país, nomeadamente uma redução que afete a execução do Plano de Recuperação e Resiliência, o ministro declarou que estes investimento não vão mudar. “Temos hoje um grande programa de investimento público que assenta fundamentalmente quer na execução do PRR que não é posto em causa com estas políticas, também com investimento suportado por fundos comunitários, que também não é posto em causa, e relativamente a várias áreas empresariais específicas de investimento privado, suportado por financiamentos que já estão contratados“, declarou.
O ministro indicou, no entanto, que Portugal tem estado em contacto com a União Europeia “para haver uma atenção e cuidado de como se olham para as metas intermédias do PRR”. “Já que com os preços mais elevados”, afirmou, “a contratação pode levar ao aumento generalizado de preços”, no entanto, a execução do PRR deverá ser acelerada para ajudar na recuperação económica. “A aposta é acelerar o PRR e terá um contributo muito importante para 2023 e para os anos seguintes”, concluiu o ministro.
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