Sylvia Earle: “Saibam as consequências antes de agir”
A reconhecida bióloga marinha relembra que “para todos os benefícios há um custo” e “devemos cada vez mais pensar nos impactos, começando por respeitar o princípio de “não causar nenhum mal”.
“Saibam as consequências antes de agir”, apelou Sylvia Earle, bióloga marinha da National Geographic, que se dedica ao estudo dos oceanos desde os anos 50. O apelo, dirigido a uma plateia preenchida por vários líderes empresariais, surgiu num evento paralelo à Conferência dos Oceanos, e a propósito das tecnologias que estão a ser usadas para explorar o oceano, nomeadamente para extrair petróleo ou metais e minerais.
Aos 86 anos de idade, grande parte deles dedicados ao estudo dos oceanos, Earle já testemunhou várias mudanças. Uma delas, aponta, foi a proliferação de infraestruturas de exploração de petróleo no Golfo do México que, em torno de 1950, só contava com uma destas infraestruturas. Hoje, são dezenas de milhares. Mais recentemente, os metais e minerais presentes no fundo do oceano têm captado interesse para mineração, com o objetivo de apoiarem a “revolução verde”, para serem usados por exemplo no fabrico de baterias. Mas “a que custo?”, perguntou. “Há uns anos podiam dizer que ‘não há nada lá em baixo’ que não tínhamos muita informação sobre isso. Mas agora sabemos mais. As profundezas do oceano rivalizam com a das florestas tropicais”, assinala.
Neste cenário, sublinha a bióloga, “para todos os benefícios há um custo” e “devemos cada vez mais pensar nos impactos, começando por respeitar o princípio de “não causar nenhum mal”, defende. E, ao mesmo tempo que relembrou vários dos problemas que os oceanos enfrentam, como a poluição causada pelos plásticos ou a destruição das florestas marinhas que são essenciais para sequestrar carbono, deixa o aviso: “nós tornámo-nos vulneráveis. Podemos vê-lo no custo da energia”.
EDP aposta no eólico offshore mas também no solar
O evento no qual Sylvia Earle falava foi organizado pela EDP e pelo Business Council for Sustainable Development, esta sexta-feira, no Convento do Beato, el contou também com a intervenção de Miguel Stilwell de Andrade, CEO da EDP. Este endereçou também a questão da atual turbulência nos preços da energia, sublinhando que as energias renováveis são a fonte mais barata atualmente, defendendo que “temos de tirar vantagem dos oceanos. Não vamos andar para trás; é dar dois passos em frente e fazer isto mais rápido”.
Neste sentido, apontou o investimento em projetos eólicos offshore e em particular na tecnologia pioneira de eólico offshore flutuante, o qual está a crescer na Escócia e a empresa gostaria de expandir também noutros países. Além destes, a EDP refere que possui agora 5 megawatts de capacidade de solar offshore em Singapura. “Esperamos escalar”, anteviu.
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