Atuação indireta nas empresas tem “efeito multiplicador” mas BPF admite perdas
O programa Consolidar conta com 250 milhões de euros destinados à consolidação de Pequenas e Médias Empresas (PME) afetadas pela pandemia da covid-19 e à sua expansão para novas áreas de negócio.
O Banco Português de Fomento (BPF) considerou na quinta-feira que a atuação indireta nas empresas, como no programa Consolidar, tem um “efeito multiplicador” proporcionado pela comparticipação dos intermediários financeiros, admitindo, porém, que podem gerar perdas devido ao risco associado.
“As vantagens associadas a uma atuação indireta prendem-se, entre outras, com o efeito multiplicador que a comparticipação dos intermediários financeiros proporciona e com o facto de os intermediários financeiros estarem dispersos no terreno, sendo capazes de originar oportunidades de forma mais capilar que o BPF”, respondeu à Lusa fonte oficial do Banco de Fomento.
A Lusa questionou a instituição sediada no Porto na sequência de a Associação Portuguesa de Capital de Risco (APCRI) a ter elogiado, em 27 de julho, por seguir as “boas práticas” internacionais no programa Consolidar, do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
O programa conta com 250 milhões de euros destinados à consolidação de Pequenas e Médias Empresas (PME) afetadas pela pandemia da covid-19 e à sua expansão para novas áreas de negócio, e implica a mobilização mínima de 30% de capital por parte de cada intermediário financeiro privado, como sociedades de capital de risco.
No entanto, “nada impede o BPF de apoiar diretamente os beneficiários finais com os seus vários produtos (garantias, crédito e instrumentos de capital ou quase capital), seja com o seu próprio balanço, seja através de fundos que tem sob gestão”, disse fonte oficial à Lusa.
A mesma fonte da instituição liderada por Beatriz Freitas disse que o banco tem “atuado, tradicionalmente, como entidade grossista, canalizando os seus produtos através de intermediários financeiros”.
Questionada acerca de uma eventual perda de controlo na atribuição dos fundos das candidaturas no âmbito destes apoios do PRR, e qual o controlo sobre o resultado final dos mesmos, a mesma fonte reconheceu que “os instrumentos de capital ou quase capital são os que encerram maior risco de todos os instrumentos financeiros com que o BPF atua“.
“É natural que, em alguns casos, seja através de investimento direto, seja indireto, se registem perdas”, respondeu a mesma fonte à Lusa.
Por esse motivo, “não só o BPF assegura o alinhamento de interesses com os intermediários financeiros”, como “procura, através de um processo de seleção criterioso, estabelecer parcerias com os intermediários financeiros que se mostrem mais capazes de cumprir os objetivos delineados”.
“Esse é o caso do programa Consolidar, no qual, adicionalmente, se definiram setores de atividade preferenciais”, no qual o BPF “reservará para si o papel de confirmação do enquadramento de cada oportunidade de investimento, proposta pelos intermediários financeiros, nos objetivos do programa”.
Questionado pela agência Lusa sobre datas de divulgação dos resultados, o BPF disse que “o processo encontra-se numa fase final e será conhecido em breve”, tendo recebido 33 candidaturas “de todo o país”.
A APCRI assegurou ao Banco de Fomento que a indústria nacional de capital de risco tem prontos para investir os milhões de capital privado que são necessários para executar integralmente o programa Consolidar.
De acordo com a APCRI, os seus associados “mobilizaram, através de 33 candidaturas, capital que é superior aos 30% necessários para a contrapartida privada”.
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