Pilotos da TAP dizem que resultados “assentam nos cortes aos trabalhadores”

  • Lusa
  • 24 Agosto 2022

Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) entende que os resultados da TAP relativos ao primeiro semestre “assentam, em grande parte, nos cortes efetuados aos trabalhadores" da empresa.

O Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) disse na terça-feira que os resultados da TAP relativos ao primeiro semestre “assentam, em grande parte, nos cortes efetuados aos trabalhadores e em especial aos seus pilotos”.

“(…) O esforço exigido aos trabalhadores, em especial aos pilotos, serviu para camuflar as opções desta gestão, mas não serviu para que a administração reconhecesse com gestos sinceros e boas atitudes, o financiamento que daí resultou”, adiantou o SPAC num comunicado.

De acordo com a estrutura sindical, os pilotos haviam financiado a companhia aérea “com pelo menos 50 milhões de euros em 2021 e só neste semestre mais de 25 milhões de euros”.

“Seria, de facto, uma grande vitória, não fosse ela subsidiada pelos cortes salariais dos seus funcionários em que, tão somente, os pilotos financiaram a sua empresa com mais de 50 milhões de euros, em apenas um ano. Até agora, os pilotos, injetaram mais na TAP, do que o próprio Estado pagou ao anterior acionista para recuperar o controlo da empresa”, alertou.

O SPAC observou também que “todas as empresas de aviação estão a apresentar lucros recorde, exceto a TAP”.

“Essas empresas não têm cortes salariais brutais aplicados aos seus trabalhadores para ‘ajudar’ nas contas. Este resultado é miserável. (…) Há que mudar rumo, já. (…) A administração e a tutela celebram, agora apoiados no sofrimento de quem trabalha e não vê reconhecido o seu esforço para a obtenção de tais resultados”, realçou.

“Se os pressupostos e as condições se alteraram substancialmente, deveria a administração proceder de forma a diminuir também os prejuízos dos trabalhadores e não se querer apropriar indevidamente do valor do seu trabalho”, acrescentou.

O sindicato avisou ainda que vai “continuar a vigiar e a exigir mais e melhor gestão” e “mais e melhor eficiência” da empresa. “(…) Não vamos e vimos ao sabor da corrente partidária ou conjuntural, nós somos os que ficamos, nós somos, com os demais trabalhadores, a verdadeira TAP [Air] Portugal”, sublinhou.

A presidente executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener, considerou que os resultados da companhia no primeiro semestre são melhores do que o previsto no plano de reestruturação.

“Estamos melhor do que o plano, com a recuperação do tráfego e com a yield [rendimentos] a mostrar uma boa performance“, afirmou a gestora, em conferência de imprensa, na sede da TAP, em Lisboa, a propósito dos resultados do segundo trimestre e do primeiro semestre, divulgados esta manhã.

Os prejuízos da TAP S.A. diminuíram no primeiro semestre deste ano para 202,1 milhões de euros, face ao valor negativo de 493,1 milhões de euros obtido em igual período do ano passado, enquanto no segundo trimestre a companhia aérea registou uma redução de 37,2% nos prejuízos, para um resultado negativo de 80,4 milhões de euros, face aos 128,1 milhões obtidos em igual período do ano anterior.

Questionada sobre as 18 faixas horárias no aeroporto de Lisboa que teve de entregar à easyJet, a presidente da Comissão Executiva disse que o contrato com a companhia aérea de baixo custo foi assinado no início de agosto e que a época de inverno foi desenhada com esta questão em consideração.

Resultados da TAP mostram que só o sacrifício dos trabalhadores contribui para recuperação, diz Sitava

O Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (Sitava) defendeu esta quarta-feira que os resultados da TAP, que diminuiu os prejuízos para 202,1 milhões de euros no primeiro semestre, mostram que só o sacrifício dos trabalhadores contribui para recuperação.

“De acordo com a informação prestada, a única rubrica de custos que salta à vista, porque negativa, são os custos com pessoal que diminuíram 7,2%”, começou por apontar o sindicato, em comunicado enviado à comunicação social.

Somando-se a inflação, que, apontou, já provocou um corte nos salários reais de 5%, fica “muito claramente demonstrado por esta apresentação que são apenas os trabalhadores que estão, com o seu sacrifício, a contribuir para recuperar a companhia”.

O Sitava lembrou que os trabalhadores continuam com cortes salariais, no âmbito do plano de reestruturação da companhia aérea, apesar “de cargas de trabalho cada vez mais exigentes”, o que acentua “um enorme sentimento de injustiça que roça a humilhação”.

Adicionalmente, o sindicato disse que “aparece com cada vez maior evidencia a incapacidade da gestão para organizar a operação sujeitando, diariamente os trabalhadores a sacrifícios, para que tudo pareça o mais normal possível”.

“Será que a TAP pensava fazer uma operação equivalente à de 2019 com menos 2.500 trabalhadores?”, questionou-se.

Relativamente à crise inflacionária, o Sitava disse que vai, brevemente, abordar a empresa, para discutir medidas que invertam a tendência de desvalorização dos salários.

Neste sentido, os representantes dos trabalhadores exortaram também a empresa a “evitar despesas desnecessárias”, como por exemplo a mudança de sede, que consideram uma ideia “insólita” e “muito pouco sensata”, uma vez que obrigaria a “avultadas obras de vários milhões de euros, e cuja renda rondará, também os quatro a cinco milhões de euros anuais”.

Os prejuízos da TAP S.A. diminuíram no primeiro semestre deste ano para 202,1 milhões de euros, face ao valor negativo de 493,1 milhões de euros obtido em igual período do ano passado, indicou a transportadora, na terça-feira, em comunicado.

Na nota, publicada na Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a TAP referiu que “o resultado líquido é claramente negativo, mas continua a recuperação nos últimos trimestres”.

No segundo trimestre, a companhia aérea registou uma redução de 37,2% nos prejuízos, para um resultado negativo de 80,4 milhões de euros, face aos 128,1 milhões obtidos em igual período do ano anterior.

A presidente executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener, salientou, na nota, que “o segundo trimestre registou uma procura muito saudável e receitas por passageiro mais elevadas”, o que permitiu compensar o aumento nos custos.

(Notícia atualizada às 11h46 com reação do Sitava)

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