Sucessão de Boris Johnson na reta final com Liz Truss na frente
Ministra dos Negócios Estrangeiros lidera de forma folgada as sondagens e tem o apoio quase unânime da imprensa de direita.
A corrida para a sucessão de Boris Johnson na liderança do Partido Conservador e como primeiro-ministro britânico entra na próxima semana na reta final, com Liz Truss destacada à frente de Rishi Sunak.
As urnas dos votos postais dos cerca de 180.000 militantes ‘tories’ (conservadores) encerram na sexta-feira (dia 02 de setembro) às 17:00, sendo o anúncio do vencedor esperado às 12:30 da segunda-feira seguinte, 05 de setembro, dia em que o parlamento regressa das férias de verão.
Apesar de ter ficado em terceiro lugar nas rondas iniciais, a ministra dos Negócios Estrangeiros chegou a finalista e as sondagens mais recentes realizadas junto das bases do partido indicam margens confortáveis de 22 a 38 pontos percentuais em relação ao antigo ministro das Finanças.
O estatuto de favorita levou a maioria dos candidatos vencidos a apoiá-la, nomeadamente Penny Mordaunt, Tom Tugendhat, Suella Braverman e Nadhim Zahawi, e em alguns casos a mudar de lado e a abandonar Rishi Sunak, como o ministro para o País de Gales, Robert Buckland.
Truss recebeu também o apoio quase unânime da imprensa de direita, nomeadamente do Daily Mail, Daily Express, Daily Telegraph e Evening Standard, enquanto o The Times prefere Sunak e o The Sun manteve-se até agora neutro.
O debate em Londres na próxima quarta-feira à noite entre Truss e Sunak será o último de uma dúzia de eventos em todo o país em que os militantes conservadores os questionaram sobre diferentes temas, com a economia e a crise do aumento do custo de vida a dominar até agora.
Ambos estão conscientes sobre a necessidade de ajudar as pessoas afetadas pela subida da inflação e dos preços da energia, tendo Boris Johnson antecipado a atribuição de “dinheiro extra” já para setembro.
Liz Truss promete “ação imediata”, cortando impostos para estimular o crescimento económico, revertendo o aumento da contribuição para a segurança social (introduzido em abril) e suspendendo o aumento dos impostos para empresas, contrariando a “ortodoxia” de muitos economistas.
Sunak defende cautela e propõe reduzir o Imposto sobre Valor Acrescentado (IVA) e apoios direcionados aos mais vulneráveis para não agravar a dívida pública.
As políticas de Truss, advertiu o antigo analista financeiro, “arriscam tornar a inflação muito pior e durar muito mais tempo, especialmente se essas políticas equivalerem a pedir 50 mil milhões de libras emprestadas e a colocar isso no cartão de crédito do país”.
Os dois candidatos têm apresentado posições duras para conter a imigração ilegal, combater a criminalidade e renegociar com a União Europeia (UE) o estatuto da Irlanda do Norte pós-Brexit (processo da saída britânica do bloco europeu).
Os dois comprometeram-se a manter o apoio à Ucrânia contra a Rússia, no âmbito da ofensiva militar iniciada por Moscovo em 24 de fevereiro.
Quando analisado o panorama a nível nacional, o cenário não é muito animador para os dois candidatos, nem para a força política conservadora.
Uma sondagem de meados de agosto da empresa YouGov sugere que a maioria dos britânicos não confia em nenhum dos candidatos para governar o país e o Partido Conservador continua cerca de 10 pontos percentuais atrás do Partido Trabalhista nas intenções de voto.
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